Por: André | 15 Dezembro 2015
A esperança na misericórdia de Deus abre os horizontes e nos torna livres, ao passo que a rigidez clerical fecha os corações e faz muito mal. Esse foi o ensinamento do Papa Francisco na missa desta segunda-feira, 14 de dezembro, na Capela da Casa Santa Marta.
A reportagem é publicada por Religión Digital, 14-12-2105. A tradução é de André Langer.
Fazendo referência à primeira leitura do dia, o Pontífice assinalou que Balaão “tinha os seus defeitos, inclusive pecados. Porque todos temos pecados. Todos somos pecadores”. Mas não se assustem – pediu –, Deus é maior que os nossos pecados. Indicou também que “em seu caminho, Balaão encontra o anjo do Senhor e muda o coração”. Não muda de partido, mas “muda do erro à verdade e diz o que vê”. O Povo de Deus mora em tendas no deserto e ele “além do deserto vê a fecundidade, a beleza, a vitória”. Abriu o coração, “converte-se” e “vê longe, vê a verdade”, porque “com boa vontade sempre se vê a verdade”. É uma verdade – disse o Papa – que dá esperança.
Deste modo, Francisco explicou que “a esperança é essa virtude cristã que nós temos como um grande dom do Senhor e que nos faz ver longe, além dos problemas, das dores, das dificuldades, além dos nossos pecados”. Nos faz ver a beleza de Deus, indicou.
E assim, contou que quando ele se encontra com uma pessoa que tem esta virtude da esperança e é um momento difícil de sua vida – seja uma doença, seja uma preocupação por um filho ou uma filha ou algum membro da família ou qualquer coisa –, mas tem esta virtude, no meio da dor tem o olhar penetrante, tem a liberdade de ver além, sempre além. “E esta é a profecia que a Igreja tem para hoje: temos necessidade de homens e mulheres de esperança mesmo em meio aos problemas. A esperança abre horizontes, a esperança é livre, não é escrava, sempre encontra lugar para dar um jeito”.
Por outro lado, o Pontífice destacou que no Evangelho, existem os chefes dos sacerdotes que perguntam a Jesus com que autoridade ele age. “Eles não têm horizontes, são homens fechados nos seus cálculos, escravos da própria rigidez”. E os cálculos humanos “fecham o coração, encerram a liberdade”, ao passo que “a esperança nos deixa mais leves”.
A propósito, o Santo Padre falou da beleza da liberdade, da esperança de um homem e de uma mulher de Igreja. Ao mesmo tempo, destacou como é “feia a rigidez de um homem e de uma mulher de Igreja, a rigidez clerical, que não tem esperança”.
O Papa explicou que neste Ano da Misericórdia, existem esses dois caminhos: quem tem esperança na misericórdia de Deus e sabe que Deus é Pai; que Deus perdoa sempre, e tudo; que além do deserto há o abraço do Pai, o perdão. E, também, existem aqueles que se refugiam na própria escravidão, na própria rigidez e não sabem nada da misericórdia de Deus. “Estes eram os doutores, tinham estudado, mas sua ciência não os salvou”, disse o Santo Padre.
Para finalizar sua homilia, contou um fato que ocorreu em 1992 em Buenos Aires, durante uma missa pelos doentes. Estava confessando há muitas horas e estava a ponto de se levantar quando chegou uma mulher muito idosa, com cerca de 80 anos, “com os olhos repletos de esperança”.
E o Papa disse: “‘Avó, a senhora quer se confessar?’ Porque eu estava indo embora. ‘Sim’. ‘Mas a senhora não tem pecados’. E ela me disse: ‘Padre, todos nós temos pecados’. ‘Mas, talvez o Senhor não os perdoa?’ ‘Deus perdoa tudo!’, me disse. Deus perdoa tudo. ‘E como a senhora sabe disso?’, perguntei. ‘Porque se Deus não perdoasse tudo, o mundo não existiria’. Diante dessas duas pessoas – o livre, a esperança, aquele que oferece a misericórdia de Deus, e o fechado, legalista, o egoísta, o escravo da própria rigidez – recordemos dessa lição que esta idosa de 80 anos – ela era portuguesa – me deu: Deus perdoa tudo, só espera que você se aproxime Dele”.
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“A rigidez clerical fecha os corações e faz muito mal”, disse o Papa Francisco - Instituto Humanitas Unisinos - IHU