Política de austeridade levará a mais desemprego e desigualdade, diz Joseph Stiglitz, Prêmio Nobel de Economia

Mais Lidos

  • “O Papa Francisco está isolado. Nas redes sociais a ala tradicionalista da Igreja está muito mais viva”. Entrevista com Enzo Bianchi

    LER MAIS
  • “A Economia, ela está morta, porque ela deveria estar a serviço das pessoas”, afirma cardeal Steiner na inauguração da 1ª Casa de Francisco e Clara na Amazônia

    LER MAIS
  • São Charles de Foucauld. O irmão universal, místico do silêncio no deserto

    LER MAIS

Newsletter IHU

Fique atualizado das Notícias do Dia, inscreva-se na newsletter do IHU


Revista ihu on-line

Zooliteratura. A virada animal e vegetal contra o antropocentrismo

Edição: 552

Leia mais

Modernismos. A fratura entre a modernidade artística e social no Brasil

Edição: 551

Leia mais

Metaverso. A experiência humana sob outros horizontes

Edição: 550

Leia mais

13 Novembro 2015

O combate às desigualdades no Brasil está ameaçado pela política de austeridade e de juros altos que ampliará o desemprego e sufocará a economia. A avaliação é do Prêmio Nobel de Economia de 2001, Joseph Stiglitz, entrevistado desta semana do Espaço Público, da TV Brasil.

A reportagem foi publicada por EcoDebate, 12-11-2015.

Professor da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, Stiglitz citou o Brasil como referência na diminuição das desigualdades. Ele defendeu a continuidade dos investimentos em educação, dos programas de distribuição de renda, como o Bolsa Família, e da criação de empregos, mas disse que os ganhos obtidos nos últimos anos estão em risco devido aos cortes de gastos públicos praticados atualmente.

“O que me preocupa hoje é que vocês estejam impondo políticas de austeridade, com cortes que sem dúvida aumentarão a taxa de desemprego e aumentarão as desigualdades”, disse.

Os juros altos no Brasil, disse o Nobel de Economia, deveriam ser analisados mais a fundo. “As entidades privadas do setor financeiro [brasileiro] cobram as maiores taxas de juros do mundo. As taxas de juros sufocam a economia e acabam com o orçamento. E tiram dinheiro que poderia ser usado para o crescimento, para combater desigualdades, para resolver diversos problemas”, recomendou.

Para Stiglitz, os juros no Brasil são tão distorcidos que ele não considera que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) empreste dinheiro a taxas subsidiadas. “A única parte do mercado financeiro [brasileiro] que está funcionando, de certa forma, são os bancos de desenvolvimento, como o BNDES. Eles emprestam a juros razoáveis. Alguns dizem que são subsidiadas. Não são subsidiadas! São taxas de juros normais, praticadas em qualquer economia normal”, explicou. Stiglitz considera o BNDES um exemplo a ser seguido em outros países.

Um dos inspiradores do movimento Occupy Wall Street, que, quatro anos atrás, levou multidões às ruas de cidades norte-americanas, o economista explorou os efeitos da concentração de renda sobre a economia no livro O Preço da Desigualdade, publicado em 2012. Crítico do liberalismo econômico e das políticas de austeridade, Stiglitz defende a reforma do sistema financeiro internacional e a elevação dos impostos para os mais ricos para criar uma economia mais solidária, que proporcione oportunidade aos mais pobres.

“Quando a desigualdade é grande, sobretudo em termos de oportunidades, isso significa que as camadas mais baixas estão ficando abaixo do potencial. Não têm uma educação adequada. Na realidade, ocorre um mau uso, um subaproveitamento do recurso mais importante: o humano”, declarou. “As pessoas precisam entender que não existe prosperidade ‘do zero’. Somos todos parte da sociedade. É por isso que ser solidário é tão importante”, disse Stiglitz que foi economista chefe do Banco Mundial.

Apresentado pelos jornalistas Paulo Moreira Leite e Florestan Fernandes Júnior, o Espaço Público foi ao ar nesta terça-feira (10), às 23h, na TV Brasil.

{youtube}w8OYlOCb0IM{/youtube}

Comunicar erro

close

FECHAR

Comunicar erro.

Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

Política de austeridade levará a mais desemprego e desigualdade, diz Joseph Stiglitz, Prêmio Nobel de Economia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU