"Dilma dá exemplo à Europa ao abrir portas a refugiados", diz Acnur

Mais Lidos

  • Alessandra Korap (1985), mais conhecida como Alessandra Munduruku, a mais influente ativista indígena do Brasil, reclama da falta de disposição do presidente brasileiro Lula da Silva em ouvir.

    “O avanço do capitalismo está nos matando”. Entrevista com Alessandra Munduruku, liderança indígena por trás dos protestos na COP30

    LER MAIS
  • Dilexi Te: a crise da autorreferencialidade da Igreja e a opção pelos pobres. Artigo de Jung Mo Sung

    LER MAIS
  • Às leitoras e aos leitores

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

30 Setembro 2015

Ao defender que pessoas circulem livremente pelo globo, a presidente Dilma Rousseff deu um exemplo a países europeus que têm fechado a fronteiras a refugiados do Oriente Médio e norte da África, diz à BBC Brasil o representante do Acnur (agência da ONU para refugiados) no Brasil, Andrés Ramirez.

A reportagem é de João Fellet, publicada por BBC Brasil, 28-09-2015.

Em seu discurso na abertura da Assembleia Geral da ONU, nesta segunda-feira (28), Dilma disse que "em um mundo onde circulam, livremente, mercadorias, capitais, informações e ideias, é absurdo impedir o livre trânsito de pessoas".

"Recebemos sírios, haitianos, homens e mulheres de todo o mundo, assim como abrigamos, há mais de um século, milhões de europeus, árabes e asiáticos. Estamos abertos, de braços abertos para receber refugiados", afirmou a presidente.

Para Ramirez, Dilma fez clara alusão a nações europeias que têm restringido a circulação de refugiados.

"Ela dá um recado a países europeus e, ao mesmo tempo, lidera pelo exemplo ao dizer que o Brasil vai manter suas portas abertas", ele afirma.

No entanto, diz Ramirez, apesar da forte mensagem política de Dilma sobre os refugiados, não é possível saber se a fala será acompanhada por mais recursos para receber e integrar essa população.

Nos últimos anos, milhares de imigrantes e refugiados que ingressaram no Brasil pela Amazônia passaram por abrigos sujos e lotados.

Em São Paulo, onde essa população se concentra, o principal abrigo para estrangeiros é mantido pela Igreja Católica.

Mas o representante do Acnur diz que as declarações da presidente tranquilizam refugiados que foram ou querem chegar ao Brasil, ao sinalizar que o país manterá sua política de abertura.

O discurso também fará com que mais refugiados saibam que o Brasil aceita recebê-los, diz Ramirez.

Segundo dados do Conare (Comitê Nacional para os Refugiados), órgão ligado ao Ministério da Justiça, o fluxo de refugiados ao Brasil tem aumentado desde 2011.

Hoje o país abriga 7.289 refugiados de 81 nacionalidades distintas. Os principais grupos provêm da Síria, Colômbia, Angola e República Democrática do Congo.

Segundo o Conare, entre 2011 e agosto deste ano, 2.077 sírios receberam o status de refugiado no Brasil.

O número é superior ao dos Estados Unidos (1.243) e de países no sul da Europa que estão na rota de refugiados e migrantes que buscam as nações mais desenvolvidas do continente.

Recursos para integração

Ramirez, do Acnur, também comentou a proposta do professor da FGV-SP Oliver Stuenkel, que em entrevista à BBC Brasil sugeriu que o país acolha 50 mil refugiados sírios.

Segundo Stuenkel, o governo poderia propor a países que não querem receber refugiados um esquema para financiar o acolhimento deles no Brasil.

O representante do Acnur diz que há precedentes para uma negociação desse tipo, já que o Brasil já recebeu refugiados colombianos que viviam no Equador.

"Foi um gesto de solidariedade com o Equador, um país com 3 milhões de habitantes e 60 mil refugiados reconhecidos."

"Com certeza isso no futuro poderia ser ampliado para outras nacionalidades extracontinentais", diz Ramirez.