Por: Jonas | 20 Novembro 2012
O ecumenismo como antídoto à diáspora dos cristãos e como modelo de convivência sem conflitos na região mais incandescente do panorama internacional. Estão em jogo os equilíbrios religiosos e geopolíticos no país-chave de uma região em que, novamente, começam a soprar os ventos de guerra. Por isso, as palavras do papa Bento XVI esboçam cenários de colaboração indispensáveis para a sobrevivência dos cristãos na área. O Egito também possui um papel chave no conflito entre israelenses e palestinos, e a diplomacia vaticana sabe muito bem que a pacificação do Oriente Médio não pode prescindir do novo ativismo egípcio. A paz na Terra Santa também depende do país que há dois mil anos acolheu uma família em fuga. Neste sentido, a oração do Papa acompanha o novo patriarca copta ortodoxo, Teodoro II (foto), frente aos “grandes desafios” que o aguardam.
A reportagem é de Giacomo Galeazzi, publicada no sítio Vatican Insider, 18-11-2012. A tradução é do Cepat.
O Pontífice descreveu sua “estratégia” de paz numa mensagem enviada para Teodoro II, que hoje mesmo (18/11) começou seu ministério com a cerimônia oficial na Catedral de São Marcos, no Cairo. “Teodoro é conhecido por ser um brilhante organizador - observa a AsiaNews. Já demonstrou suas capacidades ao estruturar um programa de educação religiosa para os jovens, a partir da infância, e por sua vontade de difundir este método, inclusive entre a diáspora copta na Europa, Estados Unidos, Canadá e Austrália, para enriquecer a Igreja com diferentes culturas e para preparar o desenvolvimento e o progresso da comunidade para o futuro”.
O cardeal Kurt Koch, ministro vaticano para a unidade dos cristãos, foi o portador da mensagem do Papa e participou durante o rito oficial no Cairo. O texto foi divulgado pela Sala de Imprensa do Vaticano. Bento XVI acompanha o novo Papa copta ortodoxo, com sua oração, e expressou seu desejo de que nasçam novos frutos no âmbito pastoral e ecumênico. “Que o Onipotente – escreveu o Sucessor de Pedro – conceda a Vossa Santidade abundantes dons espirituais para reforçar-lhe em seu novo ministério, como guia do clero e dos leigos pelos caminhos da santidade, para o bem de seu povo e pela paz e harmonia de toda a sociedade”.
Depois de recordar o predecessor de Teodoro II, Shenouda III, “cuja preocupação em melhorar as relações com as demais Igrejas cristãs reforça nossa esperança de que um dia todos os que seguem Cristo se encontrem unidos no amor e na reconciliação”, Bento XVI afirmou que eleva suas orações para que as relações entre a Igreja católica e a Igreja Ortodoxa Copta continuem se desenvolvendo e para que haja uma maior proximidade.
“Não apenas – enfatizou o Papa – num fraterno espírito de colaboração, mas mediante o aprofundamento do diálogo teológico, que nos permitirá crescer na comunhão e oferecer nosso testemunho diante do mundo sobre a verdade salvadora do Evangelho”. Joseph Ratzinger expressou seu “apreço e afeto fraterno” por Teodoro II e implorou a benção do céu, “consciente dos enormes desafios que acompanham o ministério espiritual e pastoral que Sua Santidade está por empreender”.
O novo guia espiritual da antiquíssima comunidade religiosa, aponta a AsiaNews, “pretende ressaltar a profunda unidade entre os membros da Igreja copta no Egito e no exterior, e considera importante reforçar a confiança dos jovens que fizeram a revolução de 15 de janeiro de 2011, na qual cristãos e muçulmanos colaboraram”.
Ele também pretende “potencializar a colaboração entre cristãos e muçulmanos, ambos importantes para a sociedade egípcia, para uma maior e melhor integração social”. No Egito os cristãos representam mais de 15% da população, mas os salafitas insistem na reivindicação de um Egito muçulmano (segundo seus cálculos, 95% seriam muçulmanos). Na realidade, entre os 90 milhões de habitantes, cerca de 17 milhões são cristãos. A Igreja egípcia está muito presente na nação e os cristãos egípcios vêm oferecendo muito para o destino do país: compartilharam do compromisso com o movimento nacionalista do século XIX, e muitos deles assumiram papéis importantes, como Nubar Pacha (no século XIX) ou o primeiro-ministro Boutros Ghali, no século XX.
Neste momento, a situação ficou mais difícil em razão do aumento de poder da Irmandade Muçulmana e dos extremistas salafitas. Sendo assim, para o ministério de Teodoro “grandes desafios” são esperados. Bento XVI assegura-lhe, em sua oração, “para que porte frutos no campo pastoral e ecumênico”, como recomenda o Pontífice teólogo e pastor, demonstrando que o magistério e a geopolítica devem caminhar unidos para o benefício do bem comum da cristandade: “Ut unum sint”.
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Roma e Cairo. Uma aliança pela paz - Instituto Humanitas Unisinos - IHU