25 Novembro 2025
Estudo da Unisinos revela que outono e inverno concentram mais internações psiquiátricas, com luz solar e temperatura como principais fatores preditivos.
A informação é publicada por Sul21, 24-11-2025.
Um estudo inédito realizado pela Unisinos identificou um padrão sazonal nas internações por esquizofrenia em Porto Alegre e aponta relação direta com variáveis climáticas. A pesquisa revela que outono e inverno concentram mais internações psiquiátricas, com luz solar e temperatura como principais fatores preditivos.
O estudo analisou 9.200 internações ao longo de 11 anos, no período de 2013 a 2023. Os dados coletados apontam que variáveis climáticas municipais, especialmente exposição à luz solar, temperatura máxima e evaporação, podem estar associadas à exacerbação de sintomas psiquiátricos graves.
Com base no período estudado, a pesquisa identificou uma taxa média anual de 57,5 internações por 100 mil habitantes e uma taxa média mensal de 4,8 internações por 100 mil habitantes.
Segundo o estudo, o padrão sazonal observado evidencia um maior número de internações durante o inverno e o outono, além de uma queda significativa no verão. Esse comportamento se manteve de forma consistente ao longo dos 11 anos analisados.
O estudo aponta que, pela primeira vez em Porto Alegre, demonstrou-se padrão sazonal robusto e estatisticamente significativo nas internações por esquizofrenia, com maior risco nos meses mais frios e com menor exposição solar. Com isso, a exposição à luz solar emergiu como a variável climática mais importante no modelo preditivo, sugerindo possível efeito protetor contra exacerbações psiquiátricas graves.
A pesquisa enfatiza que os dados reforçam uma relação relevante entre mudanças climáticas e a saúde mental. Conforme o estudo, os achados ganham ainda mais importância diante do avanço das mudanças climáticas, do aumento de eventos extremos e da alteração nos padrões sazonais tradicionais.
De acordo com a análise, os fatores climáticos representam um risco adicional no contexto local, ao mesmo tempo em que refletem desafios mais amplos para a saúde pública. A pesquisa afirma que os resultados ampliam a compreensão da relação entre ambiente e saúde mental, mas também evidenciam a urgência de ações preventivas e adaptativas diante de um cenário climático cada vez mais instável.
O estudo utilizou como fonte de dados para o número de internações o Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS). Já as informações climáticas foram obtidas por meio de dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
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