Novo impulso missionário, Leão XIV e a Igreja do futuro. Artigo de Marinella Perroni

Foto: Vatican Media

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08 Outubro 2025

"Se o Papa Leão direcionar a Igreja para um novo impulso missionário, então as ordens missionárias e as associações de voluntariado serão chamadas a repensar profundamente sua maneira de se aproximar dos bilhões de seres humanos que ainda têm fome. Não só de pão e de Deus, mas também de justiça e de liberdade", escreve Marinella Perroni, biblista e professora emérita do Pontifício Ateneu Sant'Anselmo de Roma, em artigo publicado por Donne Chiesa Mondo, 07-10-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.

Eis o artigo.

Algumas referências feitas durante seu breve discurso imediatamente após sua eleição, mas sobretudo sua própria experiência pastoral, atestam que Leão XIV colocará a perspectiva missionária no centro de seu pontificado. Dir-se-á que não poderia ser diferente, visto que a missão é a primeira consequência da fé na ressurreição e, portanto, representa o ato fundador da Igreja: ou a Igreja é missionária ou não é. A experiência pessoal de Paulo atesta isso, os relatos das aparições pascais contidos nos quatro Evangelhos o confirmam, e o livro dos Atos dos Apóstolos o narra. Acima de tudo, as últimas palavras de Cristo Ressuscitado, com as quais Mateus sela o seu Evangelho, o sancionam com grande eficácia: "Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações..." (28,19).

O que hoje para nós parece completamente normal, ou seja, um conclave do qual participaram 133 cardeais vindos de 71 países diferentes, ou uma Praça São Pedro para onde convergem peregrinos de todo o mundo durante o Ano Jubilar, na realidade, tem por trás um trabalho missionário de décadas, às vezes de séculos, e do qual participaram homens e mulheres, pertencentes a ordens religiosas ou associações laicas, que dedicaram a sua vida a levar o Evangelho até aos confins da Terra. De formas diferentes, claro, dependendo do lugar, mas, sobretudo, do momento histórico; não isentos de culpa quando foram coniventes com as violências da colonização; porém também capazes de testemunhos heroicos, por vezes até o martírio.

A história da missão cristã nos entrega continentes inteiros onde culturas diversas dão ao Evangelho nova vitalidade e renovado impulso, mas, ao mesmo tempo, exige-nos que enfrentemos questões cruciais e desafios sem precedentes. Também é verdade, porém, que neste momento, o impulso missionário que caracterizou os séculos das descobertas de novas terras e das grandes migrações entrou em crise, a fragilidade das Igrejas históricas se reflete no drástico declínio do número de missionários, e a força motriz do Vaticano II se arrefeceu. Olhando para o estado atual da missão nos diferentes continentes, retornam à mente as palavras de Jesus: "A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos!" (Lucas 10,2).

Se o Papa Leão direcionar a Igreja para um novo impulso missionário, então as ordens missionárias e as associações de voluntariado serão chamadas a repensar profundamente sua maneira de se aproximar dos bilhões de seres humanos que ainda têm fome. Não só de pão e de Deus, mas também de justiça e de liberdade.

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