19 Setembro 2025
Na disputa pelo Mosteiro de Goldenstein, na Áustria, o reitor Markus Grasl acusou as três freiras que retornaram para lá de violarem seu dever de obediência. "As irmãs estão agindo de forma contrária aos votos que voluntariamente fizeram e reiteradamente reafirmaram", explicou o clérigo responsável pelas freiras em um comunicado divulgado pelo mosteiro. Possíveis consequências serão discutidas com as religiosas em momento oportuno – "mas certamente não por meio da mídia", disse Grasl.
A informação é publicada por Katholisch, 18-09-2025.
O reitor também criticou a gestão do claustro, a área de convivência privada e fechada de um mosteiro reservada exclusivamente aos membros da ordem. Pessoas de fora só podem entrar nessa área sob certas condições e com a permissão do superior da ordem. Isso se aplica, por exemplo, a médicos ou candidatos à ordem. Ele descreveu o fato de apoiadores e a mídia terem acompanhado as irmãs durante sua reentrada e na área da clausura como "completamente inaceitável". Acrescentou que, como superior das irmãs, ele próprio "respeitava totalmente" a área de convivência privada das irmãs.
Freiras viralizam no Instagram
A ocupação do mosteiro por três freiras, todas com mais de 80 anos, vem atraindo a atenção internacional desde o início de setembro. Elas deixaram seu asilo e, com a ajuda de um chaveiro, conseguiram acesso ao antigo mosteiro de Goldenstein, perto de Salzburgo. As freiras agostinianas moravam lá há décadas, mas a comunidade foi dissolvida no início de 2024. O mosteiro já havia sido transferido para a Arquidiocese de Salzburgo e a Abadia de Reichersberg em 2022; as irmãs receberam o direito de residência – mas apenas "enquanto sua saúde e espiritualidade permitirem". Após internações hospitalares, elas se mudaram para uma casa da Caritas. Elas comunicaram sua saída do mosteiro no início desta semana.
As mulheres agora contam com o apoio de ex-alunas, entre outros. Sua conta no Instagram, "nonnen_goldenstein", documenta o cotidiano no convento e alcançou mais de 30 mil seguidores em poucos dias. Enquanto os apoiadores celebram a mudança corajosa das freiras, a liderança da igreja considera a mudança para um lar inevitável.
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