17 Setembro 2025
"Governantes ignorantes são, em última análise, mais custosos para o bem público do que uma classe dirigente formada por uma longa e qualificada aprendizagem, devido aos danos que podem infligir à sociedade com uma política incompetente".
O artigo é de Gianfranco Ravasi, ex-prefeito do Pontifício Conselho para a Cultura, publicado por Il Sole 24 Ore, 14-09-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
Eis o artigo.
Se vocês acham que a educação é cara, experimentem a ignorância.
Palavras sacrossantas e pouco escutadas, especialmente por políticos, essas de Derek Bok, antigo reitor da famosa Universidade de Harvard. Num nível mais banal, poder-se-ia acrescentar um corolário prático: quantas vezes exigimos que os museus sejam gratuitos, especialmente para os jovens, que, no entanto, não se queixam de pagar dezenas e dezenas de euros por entrada numa discoteca ou num estádio?
Investir numa educação de qualidade é, em qualquer caso, uma escolha produtiva e eficaz. Pelo contrário, deparamo-nos mutãs vezes com aquele resultado que o grande Montaigne resumia de forma lapidária: teremos cientistas sem conhecimento, magistrados sem jurisdição, bufões sem comédia.
Governantes ignorantes são, em última análise, mais custosos para o bem público do que uma classe dirigente formada por uma longa e qualificada aprendizagem, devido aos danos que podem infligir à sociedade com uma política incompetente.
Continuando a nossa reflexão em outras direções, tomemos como lema uma das Máximas de Goethe: "Nada é mais terrível do que a ignorância ativa". Ela enfurece-se com satisfação, não conhece pudor, não aceita conselhos e ostenta sempre autoconfiança. A gama de exemplos a esse respeito é vasta, e, desanimados, contra eles resta-nos apenas repetir a advertência do Virgílio dantesco: "Ó cega humanidade,
Quanta ignorância a mente vos ofende!" (Inferno VII, 70-71). Continuando pelos diversos aspectos do tema, recordamos uma distinção adicional frequentemente esquecida: inteligência e sabedoria nem sempre são sinônimas. Existem, de fato, mentes refinadas, mas cruéis (os cientistas que trabalhavam para Hitler são um exemplo) e, para citar outro estadunidense, o escritor Saul Bellow, "existem tolos com alto QI". A sabedoria, por outro lado, é compreensão com humanidade, conhecimento com amor, experiência com humildade.