08 Setembro 2025
Número de mortos chega a 900, três anos depois da monção extrema que deixou um terço do país debaixo d’água.
A reportagem é de Claudio Angelo, publicada por Observatório do Clima, 05-09-2025.
Chuvas torrenciais que atingem diversas localidades do Paquistão vêm provocando enchentes e centenas de mortes. Quase 2 milhões de pessoas tiveram que ser retiradas de suas casas.
Na província de Punjab, na região leste do país, a inundação é considerada a pior da história, com quase 4 milhões de atingidos.
Segundo balanço divulgado pelo Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha, na sigla em inglês), 3.952 vilarejos da província estão completamente inundados.
“As chuvas de monção particularmente fortes do Paquistão, que começaram em 26 de junho, continuam a causar estragos em grandes partes do país, com a província de Punjab sofrendo o impacto dos rios transbordando e das inundações subsequentes”, diz o documento.
Levantamento fechado nesta sexta-feira (5) pela Autoridade Nacional de Gestão de Desastres do Paquistão (NDMA) contabiliza 892 pessoas mortas e 1.116 feridas em razão das inundações. Foram registrados danos a 9.406 casas e a perda de 6 mil cabeças de gado.
Foram emitidos alertas de inundação severa para as cidades de Kasur, Okara, Pakpattan, Burewala, Arifwala e Bahawalnagar em razão do contínuo aumento do nível do Rio Sutlej. A previsão é que as chuvas fortes continuem ao menos até o domingo (7).
“Nos dias 4 e 5 de setembro, o rio Indus deve receber águas de inundação em Guddu e Sukkur, no sul da Província de Sindh, levando a um risco aumentado de uma super inundação mais ampla”, apontou o escritório da ONU.
A crise humanitária se estabeleceu em vários distritos de Punjab. Faltam água limpa, rações de sobrevivência, kit de higiene, mosquiteiros e serviços de saúde. Até o momento, foram abertos 687 acampamentos para atender desabrigados e deslocados na região.
Há grande preocupação com o aumento do número de casos de doenças transmitidas pela água contaminada, como a cólera e a hepatite tipo A.
“Muitos vilarejos permanecem totalmente inundados, com alguns relatos de profundidades de água de até 10 metros, tornando as áreas inacessíveis e impedindo que os parceiros humanitários conduzam avaliações de necessidades até que as águas da inundação recuem.”
A situação é considerada a mais grave desde 2022, quando 1.700 pessoas morreram, 33 milhões foram atingidas e 8 milhões ficaram desalojadas em razão de uma monção 111% mais forte que a média histórica, cujas chuvas se estenderam de junho a outubro. Um terço do país ficou debaixo d’água.
Em nota, o secretário-geral da ONU, António Guterres, se declarou “profundamente entristecido” com o desastre “causado por uma forte monção agravada pelas mudanças climáticas”.
“As Nações Unidas e seus parceiros estão trabalhando em estreita colaboração com as autoridades paquistanesas para avaliar rapidamente o impacto humanitário das inundações, identificar necessidades e suprir lacunas na resposta ao desastre”, afirmou.
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