17 Julho 2025
O HSBC é a primeira instituição financeira do Reino Unido a seguir o exemplo de seus concorrentes norte-americanos e deixar a iniciativa.
A reportagem é publicada por ClimaInfo, 16-07-2025.
A debandada de instituições financeiras de iniciativas internacionais de ação climática ganhou um novo capítulo com a saída do HSBC da “Net-Zero Banking Alliance” (NZBA). Em comunicado divulgado na 6ª feira (11/7), o banco britânico citou a saída de outras instituições, em especial dos Estados Unidos, em sua justificativa para a medida.
“A NZBA desempenhou um papel no desenvolvimento de estruturas orientadoras para ajudar os bancos a estabelecerem sua abordagem inicial de definição de metas [net-zero]. Com essa base estabelecida, e enquanto trabalhamos para atualizar e implementar nosso plano de transição no final de 2025, nós, assim como muitos de nossos pares globais, decidimos nos retirar da Aliança”, disse a nota.
A saída do HSBC representa “mais um sinal preocupante sobre o comprometimento do banco em enfrentar a crise climática”, lamentou Jeanne Martin, codiretora de engajamento corporativo da ShareAction, à Bloomberg. A entidade chegou a se reunir no começo do ano com os executivos do HSBC para pedir a reafirmação do seu apoio à redução de emissões de carbono no setor financeiro.
O lamento faz sentido. Depois de representar mais de 40% dos ativos bancários globais, a NZBA vem sofrendo uma “hemorragia” de integrantes desde a reeleição do negacionista Donald Trump à presidência dos EUA, no final de 2024. De lá pra cá, os principais bancos norte-americanos deixaram a iniciativa, sendo seguidos por instituições do Canadá e do Japão.
Essa movimentação tem fundo político explícito. Com a volta de Trump, a ofensiva negacionista liderada pelo Partido Republicano nos EUA contra as finanças ESG resultou em um esvaziamento de iniciativas climáticas internacionais no mercado financeiro, além de reduzir a captação e o retorno dos fundos de investimento “verdes”.
Guardian e Reuters repercutiram a notícia. Já a Bloomberg destacou a reação de alguns dos clientes do HSBC que se irritaram com a decisão do banco.
Enquanto o setor financeiro dá as costas ao clima, a vice-governadora do Banco da Inglaterra, Sarah Breeden, assinalou que a crise climática já está afetando alguns preços de ativos. Os riscos climáticos estão impactando os preços de títulos soberanos e corporativos e a omissão atual do mercado pode depreciar ainda mais esses ativos no futuro. Outro problema é o reflexo dos eventos climáticos extremos na inflação, uma questão ainda pouco estudada por economistas. “Num mundo onde esses choques se tornam maiores, mais frequentes e persistentes, os riscos destes efeitos secundários se tornam ainda maiores”, disse Breeden, citada pela Bloomberg.