15 Janeiro 2025
Com a volta do negacionista Donald Trump à Casa Branca, investidores e executivos estão revendo políticas e compromissos ambientais e climáticos adotados nos últimos anos.
A reportagem é publicada por ClimaInfo, 15-01-2025.
Para surpresa de absolutamente ninguém, gestores de investimentos e grandes empresas estão se esforçando para ver quem puxa mais o saco do futuro presidente dos EUA, o republicano (e negacionista da crise climática) Donald Trump. Para isso, vale tudo, até mesmo jogar na lata do lixo políticas socioambientais que, até pouco tempo atrás, eram defendidas como “essenciais” para o sucesso econômico dessas corporações.
Mais recentemente, a febre da covardia corporativa afligiu a maior gestora de ativos do planeta, a BlackRock. Outrora defensora de critérios de sustentabilidade e ESG para seus investimentos, a empresa confirmou na semana passada que está deixando a Net Zero Asset Managers Initiative (NZAM), uma coalizão internacional que reúne investidores em prol da descarbonização da economia até 2050.
A BlackRock justificou sua decisão afirmando que a participação na NZAM estaria “causando confusão sobre as práticas [da empresa]”, submetendo-a a “inquéritos legais de diferentes autoridades públicas”. O texto não cita, mas um dos fatores por trás dessa decisão é a perseguição por parte de estados governados pelo Partido Republicano nos EUA, que impuseram restrições a investidores que discriminassem empresas de combustíveis fósseis.
Essa pressão se intensificou depois da vitória de Trump na eleição presidencial de novembro nos EUA. Nos últimos meses, várias instituições financeiras e empresas abandonaram iniciativas climáticas internacionais. Um exemplo é a Net-Zero Banking Alliance (NZBA), que perdeu gigantes do setor bancário norte-americano, como Bank of America, Citi, Goldman Sachs e JPMorgan.
Segundo a BlackRock, a saída da NZAM muda a forma como a empresa avalia os riscos materiais relacionados ao clima em seus investimentos. No entanto, a Reuters citou um porta-voz da iniciativa que externou preocupação com a decisão. “O risco climático é um risco financeiro. A NZAM existe para ajudar os investidores a mitigar esses riscos e a perceber os benefícios da transição econômica para o net-zero”, afirmou.
A decisão também frustrou o secretário-geral da ONU, António Guterres. “É decepcionante, especialmente considerando o papel crítico que o setor privado, especialmente os gestores de ativos, têm no combate à ameaça existencial das mudanças climáticas”, disse uma porta-voz do líder português à Reuters.
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Saída da BlackRock de coalizão climática reforça recuo de Wall Street sobre investimentos sustentáveis - Instituto Humanitas Unisinos - IHU