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19 Julho 2025

A dissonância entre o arcabouço religioso cristão e o pensamento filosófico de matriz greco-romana no mundo ocidental.

O artigo é de Samuel Kilsztajn, publicado por A Terra é e Redonda, 15-07-2025.

Samuel Kilsztajn é professor titular em economia política da PUC-SP. Autor, entre outros livros, de 1968, sonhos e pesadelos. 

Eis o artigo.

Se eu tivesse que escolher uma só obra em toda a literatura universal, certamente escolheria Oedipus Rex (Oedipus Tyrannus, Οιδίπους τύραννος, em grego) de Sófocles, que sempre leio e releio alvoroçado, como se já não conhecesse toda a trama de trás para frente; e, dentro da obra, cada palavra em seu devido lugar, certamente escolheria a intrincada fala de Tirasius, o cego que tudo vê, “Digo que tu és o assassino do homem cujo assassino procuras!” – conhece-te a ti mesmo.

Morrer pela mão do próprio filho não era novidade, o filho destronar o pai já estava retratado desde Uranus, Cronus e Zeus. Mas quem matou Laius não foi o filho. Quem matou Laius e desgraçou Oedipus foi a vaidade presente em ambos, que se encontraram em uma encruzilhada e se recusaram a dar passagem um ao outro.

Tanto o rei Laius como o “filho” do rei Polybus, vítimas da vaidade, atravancaram-se por se recusarem a dar passagem a um súdito qualquer. Matar um súdito por se recusar a dar passagem ao rei ou ao filho do rei não custava nada. Mas a vaidade pode nos trair. Pai e filho, cegos pelo orgulho, nutriram-se mutuamente de raiva e agressividade, o que os destruiu, o primeiro no ato e o segundo pela própria memória e pelo testemunho do humilde pastor que, enternecido por sentimentos humanitários, recusou-se a encaminhá-lo para a morte prematura.

A dissonante cultura ocidental

A cultura grega tem como fonte a narrativa oral da Ilíada e da Odisseia, cuja redação é atribuída ao lendário Homero. A religião na Grécia Antiga, politeísta e antropomórfica, carecia de sacralização. Religião, estado, filosofia (conhecimento, lógica, ciência) e literatura conviviam lado a lado em relativa harmonia. A religião, o Estado e a filosofia grega faziam referências e prestavam homenagem a Homero.

Na tragédia acima citada, religião (oráculos, crenças, misticismo), estado (reinado), filosofia (lógica) e literatura (o “romance policial”) convivem e interagem sem que nenhuma das esferas pretenda ser a dona da verdade. Isto não quer dizer que não houvesse altercações, como a que levou a Assembleia de Atenas a condenar Sócrates à morte por acreditar em divindades não reconhecidas pelo estado e por influenciar os jovens a questionar as autoridades e a desafiar as normas sociais.

Alexandre Magno dominou a Grécia e disseminou a cultura grega até as longínquas Pérsia e Índia. Os romanos, na sequência, expandiram a cultura grega para o ocidente mediterrâneo europeu e norte africano. Durante o período da Pax Romana, de relativa estabilidade e prosperidade, a destruição de Jerusalém e do Segundo Templo, no ano 70 DC, provocou o colapso da estrutura religiosa e política baseada no Sumo Sacerdócio e a extinção dos saduceus, o grupo religioso da elite dominante à época, assim como dos essênios, o grupo místico.

O judaísmo rabínico (fariseu, sua forma atual) e o judaísmo-cristão (origem do cristianismo primitivo) prosperaram sobre os despojos do Segundo Templo. Nos primórdios, as duas seitas, herdeiras do Sumo Sacerdócio, conviveram em crescente e acirrada disputa. Quando finalmente se desprendeu do judaísmo, o cristianismo passou a ser perseguido e reprimido pelo Império Romano, que tolerava religiões tradicionais, mas não permitia o advento de novas religiões.

Quo vadis? Romam vado iterum crucifigi (Atos Apócrifos de Pedro: Para onde vais? Vou a Roma para ser novamente crucificado). No final do século IV, o cristianismo passou a ser a religião oficial e a única autorizada no Império Romano. Ao ser oficializado, o cristianismo deixou de ser revolucionário para se tornar imperial. Além disso, ao se tornar religião oficial, o monoteísmo alastrou-se por todos os longínquos recantos do vasto Imperium Romanum.

No processo de consolidação da Igreja, os numerosos textos produzidos durante o cristianismo primitivo foram separados em canônicos e apócrifos. Os primeiros, considerados de inspiração divina, foram reunidos na forma de Novo Testamento, em desdobramento da Bíblia hebraica (Velho Testamento); os últimos foram descartados. שלום עליכם ,שְׁלוֹם עַלֶךְ e Εἰρήνη σoι (a paz esteva convosco em aramaico, hebraico e grego) foi traduzido para Pax vobis.

Durante a expansão do cristianismo, para atrair as comunidades politeístas, a pragmática Igreja incorporou, adaptou e cristianizou várias crenças, práticas, rituais, festas e símbolos pagãos – vox populi, vox Dei. E foi assim que o cristianismo se sacralizou e, de revolucionário, se transformou em imperial dono da verdade.

O Império Romano desmoronou no ocidente no século V, sobrevivendo no oriente enquanto Império Bizantino, com sede em Constantinopla. No século XI ocorreu o cisma que formalizou a ruptura entre a Igreja Católica (ocidental) e a Igreja Ortodoxa (oriental). Em nome de Cristo, “se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a outra” (Mateus 5:39), as inquisições católicas, com uso de tortura e condenação à fogueira, tiveram início no século XII, “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem” (Lucas 23:34).

O Império Romano do Oriente, Bizantino, ficou responsável pela preservação da cultura grega por todo um milênio, do século V até a queda de Constantinopla, conquistada pelo Império Otomano no século XV. Com a queda de Constantinopla, voltaram para o ocidente os textos clássicos originais, gregos e romanos, suas traduções, o conhecimento, as ideias e a cultura que serviram para alavancar o Renascimento Europeu.

“De toda árvore do jardim do Éden podes comer. Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás, pois no dia que dela comeres morrerás!” (Gênesis 2:16-17)

O Renascimento reintroduziu no ocidente a valorização do conhecimento (do bem e do mal) e o racionalismo greco-romano, que colocaram em xeque o pensamento, os dogmas e a autoridade da Igreja Católica. Para não perder o seu monopólio sobre o pensamento e a cultura, a Igreja ampliou significativamente o conceito e o alcance da Inquisição e constituiu tribunais na Espanha, Portugal, Roma, tanto na Europa como nas colônias além-mar, perseguindo hereges, cientistas e filósofos – Giordano Bruno (1548-1600), Galileu (1564-1642) e Spinoza (1632-1667), entre outros.

O Tractatus theologico-politicus de Spinoza teve como objetivo a dessacralização do Velho Testamento e foi incluído no índice dos livros proibidos pela Igreja Católica, que considera a Bíblia de inspiração divina e sagrada.

O Renascimento, além do mais, deu origem à Reforma Protestante, notadamente o luteranismo, o calvinismo e o anglicanismo. Dado o crescente individualismo e isolamento social a que o sistema capitalista nos induz, e frente ao ascético ritual católico e austero rito protestante, o cristianismo evangélico pentecostal e neopentecostal, em franca expansão, considera a música e o canto formas importantes de manifestação espiritual e garante a seus adeptos a sociabilidade e o sentimento de solidariedade entre seus pares.

Em contraposição ao arcabouço religioso monoteísta arraigado na hierarquia da Igreja e na massa de devotos que tiveram suas primitivas crenças, práticas, rituais, festas e símbolos pagãos incorporados pelo cristianismo, o arcabouço filosófico de matriz greco-romana, presente nas ciências e na cultura acadêmica e intelectual, produz livres-pensadores que se declaram ateus, laicos e, no máximo, agnósticos.

A esquerda ocidental, em reação ao poder do cristianismo, de modo igualmente autoritário, também se considera a dona da verdade e acusa a religião de ser o ópio do povo.

As instituições religiosas, por sua vez, que normalmente se articulam e se beneficiam em alianças com as classes dominantes e privilegiadas da sociedade, fazem forte oposição aos movimentos sociais de esquerda, como por ocasião da Revolução Francesa em 1789, da Revolução Russa em 1917, da Guerra Civil Espanhola em 1936 e da Marcha da Família com Deus pela Liberdade contra o governo de João Goulart em 1964.

Em 1985, foi realizada a primeira eleição para prefeito de São Paulo após a ditadura militar. Durante o último debate, Boris Casoy perguntou ao candidato Fernando Henrique Cardoso se acreditava em Deus, ao que ele, surpreendido, disse, “o senhor prometeu não fazer essa pergunta”. O sociólogo, que até então era o favorito nas pesquisas, perdeu as eleições para o polêmico jurista Jânio Quadros.

Neste contexto, o que estamos chamando de dissonância presente no pensamento ocidental é a coexistência do arcabouço religioso monoteísta arraigado na hierarquia da Igreja e na massa de devotos, por um lado, e o arcabouço filosófico de matriz greco-romana presente nas ciências, na cultura acadêmica-intelectual e nas esquerdas, por outro.

Há de se considerar ainda que os cristãos, divididos entre católicos, ortodoxos, protestantes e evangélicos, também se confrontam com as religiões que ameaçam o seu poder e autoridade. Religião dominante no ocidente, o cristianismo, que agrega mais de dois bilhões de seguidores, se considera o verdadeiro herdeiro do Velho Testamento. Da mesma forma, os quase dois bilhões de monoteístas muçulmanos se consideram os verdadeiros herdeiros do Velho e do Novo Testamentos.

No Brasil, o cristianismo, principalmente o evangélico, em franca expansão e arraigada concorrência por fiéis, demoniza as religiões de matrizes africanas – candomblé, quimbanda e a sincrética umbanda, entre outras. Talvez seja importante assinalar que o movimento católico da Teologia da Libertação, em defesa dos pobres e oprimidos, acusado de “comunista” pela direita, é herdeiro da tradição revolucionária do cristianismo primitivo.

A insistência das esquerdas em se contrapor às instituições religiosas cristãs acaba por marginalizar amplos segmentos populares, com suas crenças, práticas, rituais, festas e símbolos pagãos muitas vezes carregados de misticismo religioso. Ao desprezar as manifestações religiosas, as esquerdas têm perdido espaço político para a direita, que usa e abusa da credibilidade religiosa popular.

A direita, ademais, tem usado o negacionismo como uma mera forma de se afirmar e contestar a esquerda e a cultura acadêmica-intelectual, transformando a arena política em um embate entre donos da verdade.

Ao que tudo indica, a dissonância entre a cultura greco-romana e o monoteísmo cristão tem se acirrado em meio à crise do ocidente em vias de perder a sua hegemonia mundial. Quo vadis?

Leia mais

  • O que herdamos da filosofia grega. Entrevista com Enrico Berti
  • Cultura católica, movimentos eclesiais, Ocidente secularizado: por um novo tempo. Artigo de Massimo Borghesi
  • O cristianismo e a cultura ocidental
  • “O fim das cristandades do Ocidente é o início de um compromisso novo”
  • À beira do cristianismo. Michael Onfray contempla a morte do Ocidente
  • A humanidade de Jesus frente ao sagrado, ao cristianismo, ao Ocidente. Entrevista com Umberto Galimberti
  • “A teologia definiu as formas de pensar no Ocidente”. Entrevista com Sylvain Piron
  • O Ocidente e o cristianismo. Artigo de Flavio Lazzarin
  • A Igreja está em declínio no Ocidente – e o nacionalismo não é a salvação

 


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