10 Julho 2025
O mandato papal aos prelados comissários da obra é claro: "Naquele território, nada do que esteve disponível até agora pode se perder". Da poluição eletromagnética ao sistema agrofotovoltaico, um sistema que combina a produção de eletricidade renovável com as exigências das terras agrícolas subjacentes.
A reportagem é de Giacomo Galeazzi, publicada por La Stampa, 07-07-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
424 hectares beneficiados pela extraterritorialidade: daqui as antenas da Rádio Vaticano transportaram, há três quartos de século, o Magistério pontifícios aos cantos mais remotos do globo. Lá onde se encontra o centro transmissor da voz dos papas está em curso a revolução "verde" da Santa Sé.
"As velhas caldeiras foram removidas, o único fogão que resta é o da Capela Sistina", sorriem na Administração do Patrimônio da Sé Apostólica, apontando para a chaminé temporária de onde saiu a fumaça branca há dois meses. A Ponte Galeria é um salto para o futuro, uma ideia que se apoia firmemente em encíclicas e motu proprio. No interior, ambientes assépticos e de alta tecnologia, como laboratórios de pesquisa; no exterior, campos de trigo a perder de vista.
O governo aguarda atualizações sobre a "organização das estruturas na área": a revolução "verde" iniciada por Francisco e acelerada por Leão XIV transformará em um ano o Vaticano no primeiro Estado com emissão zero do mundo. Em visita à Ponte Galeria há três semanas, Leão XIV afirmou: "O projeto fotovoltaico dará uma importante contribuição ecológica. Precisamos finalizar o acordo com o Estado italiano. Diante das mudanças climáticas, devemos cuidar da criação." O Cardeal Mario Gambetti, vigário papal para a Cidade do Vaticano, que acaba de apresentar o plano para a eco-Basílica de São Pedro, explica: "A neutralidade climática exige eficiência energética, atualização dos dispositivos tecnológicos, reflorestamento e combate aos desperdícios".
A megausina agrofotovoltaica, em construção a cerca de dez quilômetros de Roma, garantirá não apenas o fornecimento de energia elétrica para a emissora da Rádio Vaticano, em operação desde o pós-guerra, mas também o completo abastecimento energético da Sé Apostólica, que será inteiramente alimentada por energia solar. Uma operação que também livra a Santa Sé de danos inveterados à sua imagem devido à poluição eletromagnética e aos efeitos na saúde. Uma controvérsia colossal que há décadas provoca petições de moradores, disputas de perícias e processos judiciais. Desde 2012, por meio de “vias alternativas e novas tecnologias” (web, canais via satélite, podcasts), as emissões de ondas e o consumo de energia foram reduzidos. A reestruturação da Ponte Galeria libertou espaços e recursos, pelo que a construção do megaprojeto foi confiada à Governadoria e à APSA, enquanto as autorizações para a introdução da energia produzida na rede estão em processo de definição com a Itália.
O governo, também na última reunião bilateral com a Santa Sé, confirmou a plena colaboração. A Secretaria de Estado está à obra.
No futuro imediato, a conta do Vaticano não será reduzida, a amortização do investimento inicial levará anos, mas, como indicado pelo Papa Bergoglio, o valor exemplar da iniciativa é "conscientizar-se da necessidade de mudanças nos estilos de vida, de produção e de consumo". O objetivo é fazer a sua parte no "combate ao aquecimento global, que considera uma das suas principais causas o uso generalizado de combustíveis fósseis".
Ao comprometer-se a "reduzir as emissões poluentes", a Santa Sé adere à convenção da ONU sobre as alterações climáticas. O sistema fotovoltaico permite a transição para "um modelo de desenvolvimento sustentável que vai reduzir as emissões de gases de efeito estufa na atmosfera rumo à neutralidade climática".
A instalação de painéis solares no terreno pertencente ao Vaticano ao norte da capital foi precedida pela vidraça fotovoltaica do Cortile delle Corazze e do armazém da Vignaccia nos Museus do Vaticano (pico de 350 quilowatts para uma produção de 500 megawatts-hora) e pelos cinco mil metros quadrados de cobertura da Sala Nervi (2.394 módulos com potência de 220 kW, suficiente para as necessidades anuais de cem usuários domésticos). Dentro das muralhas leoninas, uma rede de aquecimento urbano está ativa, em cooperação com a Acea, bem como cerca de vinte estações de recarga para carros elétricos.
"A conversão ecológica diz respeito à Igreja porque o homem vive no meio ambiente: cuidar da criação significa, portanto, defender as criaturas", observa o Padre Enzo Fortunato. "O trabalho de descarbonização reduz o dióxido de carbono e o que estamos realizando é fruto do espírito de equipe", destaca a governadora do Vaticano, Irmã Raffaella Petrini. O futuro "verde" já começou.