05 Junho 2025
"As mulheres, cuja palavra na igreja foi e é tão frequentemente negada ou considerada insignificante, que não assinaram encíclicas nem votaram em documentos conciliares e que nem sequer poderiam pregar na igreja, há décadas estudam teologia com sucesso, escrevem, ensinam e se dedicam à formação das igrejas. Tudo isso acontece, no entanto, sem que a própria igreja declare sua necessidade, ou seja, sem o necessário reconhecimento, que é fundamental em todo corpo social", escreve Simona Segoloni, leiga da Diocese de Perugia-Città della Pieve, casada e mãe de quatro filhos.
Simona é professora de Teologia Sistemática, Teologia Trinitária, Eclesiologia e Mariologia no Instituto Teológico de Assis. Obteve seu doutorado na Faculdade Teológica da Itália Central, com um estudo sobre a recepção do Concílio Vaticano II na teologia italiana, vice-presidente da Coordenação dos Teólogos Italianos, em artigo publicado por Il Regno delle donne, 27-05-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
Em 25 de maio passado, dois ritos aconteceram - desiguais, é claro, mas ambos importantes para a Igreja Católica. Em Roma, o Papa Leão tomou posse na cátedra em São João de Latrão; em Florença, o Arcebispo Gherardo Gambelli conferiu a algumas mulheres os ministérios do leitorado, acolitado e de catequista. Serena Noceti, em particular, é catequista com o encargo específico de teóloga. Uma necessidade para toda a Igreja.
Todos sabem que o papa é o bispo de Roma (ou melhor, que é papa aquele que é bispo de Roma), mas o Papa Leão tomou posse solenemente da cátedra em São João de Latrão (a catedral de Roma) no domingo, 25 de maio, porque não basta a eleição pelos cardeais para o ministério de bispo de Roma, nem é suficiente a ordenação episcopal já recebida anos antes: para ser bispo de uma igreja é preciso encontrar a própria igreja, envolver-se nela, ser com esse fragmento do povo um só corpo, uma só vida. É preciso um contato físico e real, olhares e palavras em que o reconhecimento mútuo seja possível, porque todo ministério na igreja se concretiza precisamente nessa presença diante da assembleia que reconhece o serviço e a tarefa do ministro (de qualquer tipo, do leitor ao bispo de Roma), que, por sua vez, reconhece na igreja a própria razão de seu ministério. De fato, todo ministério é instituído para que a igreja possa viver e, assim, ser capaz de dar testemunho do Evangelho e servir ao fragmento da humanidade no qual está imersa. O ministério do papa, por mais que seja chamado a responsabilidades mundiais, afunda suas raízes na igreja de Roma, assume sentido da igreja de Roma, e por isso não basta a eleição dos cardeais, mas é preciso celebrar a união entre o bispo eleito e a igreja romana.
No mesmo dia, domingo, 25 de maio, na catedral de Florença, o arcebispo conferiu alguns ministérios (leitorado, acolitado e ministério do catequista), entre os quais destacamos particularmente aquele conferido a Serena Noceti, instituída catequista para o serviço como teóloga na Igreja de Florença.
Para todas as catequistas instituídas, o rito é expresso indicando-as como professoras, mistagogas, que ensinam em nome da igreja, mas no caso de Serena Noceti, a tarefa específica será a de ser teóloga. Isso é o que ela vem fazendo há décadas, com um empenho tão qualificado quanto intenso, mas a conferição pública e eclesial do ministério é fundamental: se reúnem aquela que prestou esse serviço e a igreja para a qual o prestou, a igreja na qual seu pensamento, sua fé e também seus trabalhos afundam raízes profundas, nas quais os relacionamentos constituíram a rede de salvação que a tornou não apenas crente, mas professora e mistagoga.
Agora, o que ela fez durante toda a sua vida com competência e dedicação é reconhecido como estando a serviço dessa igreja e a partir dessa igreja para todas. É o reconhecimento não apenas de seu serviço, mas também, e talvez mais, o reconhecimento da necessidade da igreja de ser instruída e, não menos importante, de poder ser instruída por uma mulher.
As mulheres, cuja palavra na igreja foi e é tão frequentemente negada ou considerada insignificante, que não assinaram encíclicas nem votaram em documentos conciliares e que nem sequer poderiam pregar na igreja, há décadas estudam teologia com sucesso, escrevem, ensinam e se dedicam à formação das igrejas. Tudo isso acontece, no entanto, sem que a própria igreja declare sua necessidade, ou seja, sem o necessário reconhecimento, que é fundamental em todo corpo social. No domingo, pela primeira vez na que esperamos que seja uma longa série, uma mulher foi instituída como professora e mistagoga, ou seja, com a tarefa específica de pensar a fé, de fazer teologia. Para todas aquelas que desempenham essa função que vale para todas, esse é um reconhecimento que, de alguma forma, podemos assumir como nosso.
Não é novidade que fazer teologia é um ministério na igreja, mas isso nunca foi separado da realidade efetiva: facilmente, portanto, em nossas estruturas, ainda tão clericais, desaparece, absorvido pelo ministro ordenado.
Não importam as competências, nem a dedicação, nem mesmo as necessidades eclesiais: o que consideramos por muito tempo como o único ministério que conta engloba todo o resto. Mas, aos poucos, estamos percebendo que a igreja é toda ministerial, não apenas porque cada um pode fazer de sua vida um ministério, mas também porque a igreja precisa de muitos e diferentes ministros (e ministras) que a possam nutrir de muitas maneiras diferentes.
É precisamente da necessidade da igreja e da inspiração do Espírito que surgem teólogos e teólogas, e hoje, finalmente, chegamos a reconhecer o valor eclesial e público daquilo que o Espírito inspirou. Ter esse reconhecimento é fundamental para a teóloga que o recebeu e é fundamental para a igreja que se descobre rica em dons e, ao mesmo tempo, necessitada de instrução. É um reconhecimento mútuo que constitui a igreja como um corpo vivo, assim como aquele entre o Papa Leão e a Igreja de Roma, um reconhecimento mútuo do qual podemos esperar um grande bem para todos e todas. Foi um dia importante, muito importante, porque finalmente começamos a ver o que tínhamos desde o início.