27 Mai 2025
"Qual é a sua religião atual, se vocês têm uma? E com qual vocês cresceram na infância?" Duas perguntas simples, para uma pesquisa envolvendo cerca de oitenta mil adultos, metade nos Estados Unidos e o restante em outros trinta e cinco países das mais variadas latitudes. Os resultados da pesquisa, publicada há algumas semanas pelo Pew Research Center de Washington, revelam que, na maioria dos países considerados, pelo menos 1/5 dos entrevistados abandonou o grupo religioso em que cresceu. O cristianismo e o budismo registraram as perdas mais significativas, não tanto devido às conversões a outras religiões, mas devido a uma tendência progressiva de não ter mais nenhuma filiação religiosa.
A reportagem é de Francesca Ghirardelli, publicada por Avvenire, 24-05-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
Há povos para os quais é uma escolha rara converter-se ou abandonar sua religião sem adotar uma alternativa. É o caso da Índia, Israel, Nigéria e Tailândia, onde 95% ou mais dos adultos da amostra afirmam ainda pertencer ao grupo religioso em que nasceram. A maioria das pessoas que cresceram como judias em Israel e nos Estados Unidos ainda se define como tal hoje, com altas taxas de permanência nessa comunidade em ambos os países. Mesmo entre muçulmanos, se verificam saídas limitadas: em nível global, percentuais muito pequenas de população abandonaram o islamismo (e, igualmente em pequena medida, novos adeptos são registrados).
Por outro lado, uma tendência completamente diferente emerge na Europa Ocidental, Ásia Oriental e América Central, do Norte e do Sul. Assim, 50% dos entrevistados na Coreia do Sul, 40% na Espanha, 38% no Canadá – só para citar os três países com os maiores percentuais – não se identificam mais com a religião de sua infância. Na Europa, são observadas taxas bem acima de 30% na Suécia, Holanda, Reino Unido, França e Alemanha. Na Itália, aproximadamente 1 a cada 4 entrevistados relata não pertencer mais à sua confissão religiosa de origem, ou seja, 24% das pessoas envolvidas. Dessas pessoas, quase todas (21%) agora se definem como ateias, agnósticas ou não se sentem filiadas a “nada em particular”. E, de fato, a grande maioria dos italianos entrevistados, 94%, afirma ter sido educada de acordo com o cristianismo, mas um número muito menor, apenas 73%, ainda se descreve como cristão hoje.
Na península, para cada novo crente que se aproximou do cristianismo na idade adulta, há 28,4 crentes que se distanciaram, apesar de terem sido cristãos na infância. Globalmente, Itália, Colômbia e Grécia têm as maiores taxas de cidadãos que já foram fiéis a alguma confissão e que agora fazem parte da categoria dos sem filiação religiosa. No entanto, onde os ateus optam por se aproximar da fé, como na Argentina, o cristianismo é a escolha mais frequente. Em alguns países, o cristianismo está crescendo precisamente como resultado de mudanças de religião. Cingapura e Coreia do Sul têm altas taxas de "adesão", com mais de quatro em cada dez adultos cristãos que disseram aos pesquisadores terem nascidos com outra religião ou em famílias sem qualquer filiação. No entanto, esses são lugares onde os cristãos continuam sendo uma minoria (18% dos cingapurianos e 33% dos sul-coreanos se definem como tal). E essas são duas nações onde a pesquisa – juntamente com o Japão – registra graves perdas para a comunidade budista.
É interessante observar, sob esse ângulo, quantos dos entrevistados em cada país hoje se declaram cristãos, mas nasceram em outra comunidade religiosa ou completamente estranhos a qualquer prática religiosa. Quantos, portanto, se tornaram cristãos apenas recentemente: na Espanha, são 5% do total de cristãos, na Holanda, 7%, e na Suécia, 9%. Ou seja, no país escandinavo, quase 1 a cada 10 cristãos não era cristão na infância (na Itália, é apenas 1 a cada 100).
Globalmente, as taxas de mudança (ou perda) da religião original não variam muito entre pessoas com diferentes níveis de educação. No entanto, em alguns dos países examinados, os cidadãos com maior escolaridade tendem a apresentar taxas mais altas. É o caso da Itália, onde 33% dos entrevistados com alto nível de educação (ensino médio ou superior) mudaram ou perderam a fé, em comparação com 21% daqueles com menor nível de educação.
Uma tendência semelhante se usarmos o filtro do gênero: se em nível global se registram percentuais quase iguais de mulheres e homens que abandonaram sua religião de infância, em seis países, incluindo Itália, Japão e EUA, há diferenças realmente significativas, com os homens mais inclinados do que as mulheres à mudança. Na Itália, o percentual de homens que se afastaram da sua fé para seguir outra ou para se tornarem ateus é de 28%, enquanto a taxa de mulheres que escolheram seguir esse caminho fica nos 19%