01 Abril 2025
A entrevista é de Jesus Bastante, publicada por Religión Digital, 01-04-2025.
Eles são dois dos personagens que mais se aproximaram de Jesus. Sua mãe, Maria (interpretada por Vanessa Benavente) e Pedro, o "sucessor" do Nazareno (cujo papel é perfeitamente interpretado pelo israelense Shahar Isaac). Nesta quinta temporada da série The Chosen, eles assumem um papel especial, acompanhando Jesus em seus momentos mais difíceis. Conversamos com eles antes da estreia na casa de cinema Callao, em Madri.
Vocês já se sentiram tão envolvidos pelo personagem que pensaram estar na presença de Jesus e dos apóstolos, da Virgem Maria e do apóstolo Pedro?
Shahar Isaac: Eu não. Não sei, eu sempre... Vamos ver, isso acontece comigo. É assim que eu trabalho. Acho que isso nunca aconteceu comigo.
Vanessa Benavente: Tenho duas filhas pequenas que viajam comigo em todas as ocasiões, então é difícil não conseguir fazer nada na porta e esquecer um pouco. Que às vezes é bom e às vezes não é tão bom. Gostaria, por exemplo, de às vezes levar comigo um pouco do que vivi no set, momentos lindos ou mesmo apenas de um dia para o outro.
Como a visão de vocês junto dos personagens evoluiu em seus papéis duplos, como atores e como pessoas que conhecem a história de Jesus?
SI: Até agora, é uma mistura de tudo. Pessoalmente, tento esquecer o significado histórico desse personagem. Tento me concentrar no roteiro, mas já faz alguns anos que a série começou, crescemos com os personagens e esse é um grande presente da televisão. Você realmente pode crescer com papel, e ele fica mais profundo a cada ano.
VB: No meu caso também. Cheguei a esse projeto com uma ideia preconcebida de Maria, embora o roteiro já me dissesse que faríamos algo novo. Cresci com essa ideia de Maria, onde você a vê dando à luz ou sendo crucificada, em extrema vulnerabilidade para uma mulher, para uma mãe. Eu tinha essa ideia de fragilidade, de bondade personificada. Mas em The Chosen a vemos desesperada, procurando por seu filho, tornando-se parte de sua comunidade, servindo até mesmo como mentora para os outros discípulos. E descubro uma mulher muito forte, interna e externamente. Para sobreviver naquela época era preciso ser forte, eles andavam o dia todo.
Às vezes, a visão das mulheres nos Evangelhos as coloca como secundárias, mas nesta série elas são protagonistas desde o início, tão escolhidas quanto os homens. O papel de Maria, Madalena... Há uma relevância fundamental das mulheres na história de Jesus.
VB: Claro, e é uma das coisas que mais me orgulha de fazer parte deste elenco. O papel das mulheres no ministério de Jesus foi elevado. Quando você pensa sobre isso, a primeira pessoa a quem Ele diz que é o Messias é uma mulher. Aqueles que estão ao Seu lado na cruz, a maioria são mulheres. Eles têm uma importância muito alta na história e, infelizmente, a história sempre foi escrita por homens, ou pelo menos a história daquela época era escrita por homens.
Em outras épocas, e na própria história bíblica, os primeiros passos de Jesus são muito alegres, com encontros com pessoas pelo caminho, milagres pessoais. Nesta temporada, sem dar spoilers, estamos falando da Última Ceia, que é o momento mais crítico da paixão de Jesus, onde tudo começa a mudar. Onde o Messias se torna alguém perigoso. Isso foi percebido ao planejar a filmagem?
SI: A filmagem não é apenas mais sombria, é mais vibrante, mais pessimista. É um pouco como um sonho, você não tem certeza de onde está ou quando. Não é uma cena longa, mas sim uma versão de onde cada um de nós estava, em que momento, e de repente há um encontro muito íntimo e intenso com Jesus. É uma versão sombria e um pouco surreal, embora, no geral, eu ache que estamos completamente perdidos durante a temporada. Ora, estávamos bem quando chegamos a Jerusalém, mas desde então temos ido de mal a pior, e estamos nos perguntando se estávamos errados sobre tudo. Judas acha que talvez Jesus seja falso, porque todo mundo está perdido naquele momento... mas talvez na sexta temporada descobriremos a verdade (risos).