12 Junho 2024
"Os dois primeiros episódios estrearão nos Cinemas UCI, de 14 a 18 de junho. A mesma coisa nos EUA, onde a estreia da temporada anterior arrecadou 8,7 milhões de dólares e ficou em terceiro lugar nas bilheterias. O que intriga parece ser justamente a tipologia narrativa escolhida: uma série de TV, planejada para sete temporadas", escreve Francesca D'Angelo, pesquisadora Tipo A em Língua Inglesa e Tradução no Departamento de Interpretação e Tradução da Universidade de Bolonha (Forlì), em artigo publicado por La Stampa, 08-06-2024. A tradução é de Luisa Rabolini.
Dois mil anos depois, os discípulos de Jesus destronam os Vingadores. Escreve isso o Hollywood Repórter, o reitera o site Deadline: nada de Marvel, nos EUA o fenômeno do momento é o “Universo Cinematográfico de Jesus”, criado pela série de TV The Chosen. Uma franquia que nasceu na surdina em 2019, autofinanciada por telespectadores com o crowdfunding, e que no espaço de poucos anos amealhou números impressionantes: 200 milhões de telespectadores em todo o mundo, mais de 770 milhões de visualizações e uma base de fãs de 110 milhões de apaixonados. Crentes e não crentes, mesmo que a história seja a mais “spoilerizada” do mundo: a vida de Jesus. No papel, não há possibilidade de suspense, todos sabemos como termina. No entanto, nos EUA está bombando. Na Itália, a série só chegou em março ao canal TV2000, que rapidamente compensou o atraso: a terceira temporada está agora no ar, a tempo da estreia da quarta.
Os dois primeiros episódios estrearão nos Cinemas UCI, de 14 a 18 de junho. A mesma coisa nos EUA, onde a estreia da temporada anterior arrecadou 8,7 milhões de dólares e ficou em terceiro lugar nas bilheterias. O que intriga parece ser justamente a tipologia narrativa escolhida: uma série de TV, planejada para sete temporadas. “É um formato que permite aprofundar os personagens, nas suas histórias pessoais e nos contextos em que vivem - explica o diretor e corroteirista Dallas Jenkins - evita-se o efeito "liçãozinha": por vezes as histórias dos cristãos parecem frias e desapegadas, como uma aula na escola ou um sermão do padre. N
as séries de TV, porém, o espectador sente empatia pelos personagens e se reconhece em suas lutas cotidianas.” Precisamente esse aspecto é a chave que permitiu ao The Chosen conquistar também uma grande fatia de não crentes: “Aqueles que não reconhecem Jesus como filho de Deus seguem a série porque apreciam a reconstrução histórica e se identificam nos protagonistas: homens que amam, lutam e são perseguidos. Assim como muitos de nós." Alguns acusam a série de ser pró-Israel, enquanto outros apreciam justamente o fato de honrar a sua história. “É obrigatoriamente um ‘jewish show’, uma história de forte identidade judaica, porque as raízes do cristianismo afundam no judaísmo. A nossa fé nasce ali, em Israel. Não sinto que devo me desculpar por isso”, comenta Jenkins que, sobre a guerra, não se posiciona: “Já estive em Israel e na Palestina e amo os dois. Choro por todos os inocentes, de ambos os lados, que estão morrendo pela guerra.
Jesus não quer o conflito e veio para todos, não apenas para os judeus. Infelizmente, porém, hoje como naquela época, quando a religião está envolvida, se deflagram sentimentos muito fortes”. O aspecto ecumênico emerge com força na composição do elenco que inclui artistas católicos, judeus ou de outras religiões. O próprio diretor não é católico, mas evangélico protestante. “No momento em que abracei a fé, a minha vida não se tornou mais fácil. Não é assim que funciona: acreditar em Deus não apaga as dependências e os vícios. Também na série fomos honestos sobre as lutas interiores dos discípulos. Quando começaram a seguir Jesus, nem tudo se tornou maravilhoso de repente." Entre as batalhas interiores que o diretor enfrenta está aquela contra o narcisismo: “O sucesso de The Chosen expôs-me a muitas críticas: nem todos gostam da série e alguns não gostam de mim. Porém, aprendi a deixar de agradar aos outros: o que importa é apenas o que Deus pensa de mim”. Entre as críticas recebidas, destaca-se aquela da ligação com os mórmons: no início, por trás de The Chosen estava o Angels Studios, de propriedade da Harmon Brothers. “Agora quem nos distribui é a Lionsgate - responde ele - Não temos uma relação oficial com nenhuma igreja. Só temos muitos espectadores”.