20 Março 2025
O artigo é de Frei Manuel Alfonso Vargas Reales, OFM, publicado por Religión Digital, 18-03-2025.
Uma comunidade intercongregacional de religiosas na Amazônia peruana, situada na Tríplice Fronteira entre Colômbia, Peru e Brasil. Três freiras que administram a paróquia do Senhor dos Milagres na Islândia (Peru), às margens do Rio Yavarí. Este texto é uma provocação para que diferentes comunidades religiosas se unam a esta comunidade intercongregacional ou para que outras comunidades religiosas formem outra comunidade intercongregacional na Tríplice Fronteira Amazônica da Colômbia, Peru e Brasil.
As freiras que compõem esta fraternidade intercongregacional são duas freiras brasileiras e uma freira equatoriana, cada uma pertencente a uma congregação religiosa com diferentes identidades carismáticas dentro da Igreja Católica.
Na Tríplice Fronteira Amazônica, existem diversas comunidades religiosas, masculinas e femininas, que atuam no Vicariato de San José del Amazonas (Peru), no Vicariato de Letícia (Colômbia) ou na Diocese de Alto Solimões (Brasil). Várias dessas comunidades religiosas são fraternidades internacionais, ou seja, são formadas por religiosos e religiosas, e alguns por leigos, do mesmo carisma, mas de países diferentes. Existe apenas uma comunidade religiosa que é intercongregacional, com irmãs de diferentes carismas dentro da Igreja Católica vivendo e servindo juntas. Está localizada na Islândia (Peru), no vicariato apostólico de San José del Amazonas.
Esta comunidade intercongregacional se torna uma voz profética de fraternidade, missão compartilhada, sinodalidade, humildade e serviço carismático para o bem do povo de Deus da Amazônia.
Algo que chama a atenção nessa comunidade intercongregacional é que, apesar de as religiosas terem carismas diferentes, elas conseguem, por assim dizer, superar essas identidades carismáticas, concentrando-se em ter o mesmo Deus, a mesma Igreja, a mesma fé, o mesmo batismo e o chamado a viver em fraternidade, compartilhando a vida, a oração e a missão.
Outra característica única desta comunidade intercongregacional é que são mulheres que lideram e acompanham uma paróquia na Amazônia peruana. Uma paróquia que, em seu centro urbano, tem uma minoria de católicos, pois a grande maioria de seus habitantes pertence a uma seita chamada Israelitas. A freguesia é muito grande, com muitas comunidades ribeirinhas e indígenas que fazem fronteira com o Brasil e a Colômbia.
Essas freiras, em suas viagens missionárias para visitar as diferentes comunidades da Amazônia peruana dentro da jurisdição da paróquia que acompanham, encontram realidades complexas decorrentes da negligência do Estado, como falta de emprego, pobreza e cobertura limitada de saúde, entre outras realidades.
As irmãs que compõem esta comunidade intercongregacional configuram seu sentido sinodal convidando sacerdotes, religiosos e religiosas do Vicariato de San José del Amazonas, do Vicariato de Letícia ou da Diocese de Alto Solimões, para apoiá-las em momentos específicos na formação de seus agentes pastorais, para a celebração da Eucaristia dominical e para acompanhá-los em suas viagens missionárias na selva peruana.
Eles também tecem a sinodalidade por meio do compromisso com a Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM) do Peru e com atividades de formação e integração com o grupo de missionários da Tríplice Fronteira. Vale destacar que esse grupo de missionários da Tríplice Fronteira é um esforço dos religiosos e religiosas da região que, devido à proximidade territorial, vão além dos limites das três jurisdições eclesiásticas para apoiar uns aos outros em diferentes frentes da vida missionária nessa área.
No cotidiano desses religiosos, há também algumas particularidades que tornam possível a vida de uma comunidade intercongregacional, como, por exemplo, sua oração vai além do carismático e se concentra na Palavra de Deus, nos documentos da Igreja que se referem à Amazônia e em uma oração que toma elementos da realidade amazônica.
O papel de superior e tesoureiro da comunidade intercongregacional é rotativo para que cada um deles tenha a oportunidade de enriquecer o bom andamento da experiência fraterna e missionária com sua identidade carismática.
Na Tríplice Fronteira Amazônica, formada pela Colômbia, Peru e Brasil, torna-se palpável o chamado da Igreja para estar presente neste pulmão do mundo, evangelizando, solidarizando-se com os povos indígenas e lembrando a todos a importância do cuidado com o bioma amazônico.
Com as fraternidades internacionais e com a fraternidade intercongregacional nesta região amazônica, vão se construindo a sinodalidade e a profecia. Dentro das limitações da Igreja, da política, da sociedade e da economia, está se tornando possível apoiar esses povos que sofrem com diversos flagelos sociais e ambientais.