15 Fevereiro 2025
Estudo identifica 14 mil polígonos de desmatamento entre 2010 e 2020, maior parte com indícios de ilegalidade; BA, MG, PR e SC puxam a derrubada.
A informação é publicada por ClimaInfo, 14-02-2025.
A Mata Atlântica, um dos biomas mais ameaçados pelo desmatamento no Brasil, perdeu o equivalente a 200 mil campos de futebol em vegetação nativa em uma década. O dado foi confirmado em um estudo publicado nesta semana na revista Nature Sustainability.
A pesquisa, feita a partir de imagens de satélite, identificou a derrubada de 186.289 hectares do bioma entre 2010 e 2020, a maior parte em pequenas áreas de propriedade privada e com indícios de ilegalidade. Essa destruição foi distribuída em mais de 14 mil polígonos de desmatamento, concentrados em duas regiões mais críticas: ao norte, nos estados da Bahia e Minas Gerais, e ao sul, no Paraná e Santa Catarina.
A constatação de desmatamento nesse patamar na Mata Atlântica é preocupante, já que indica que nem mesmo a legislação específica para o bioma está conseguindo conter a devastação. Ao mesmo tempo, os indícios de ilegalidade mostram que a fiscalização ainda é falha, mesmo em Áreas Protegidas (APs).
“[A Mata Atlântica] está perdendo florestas maduras que abrigam uma rica biodiversidade e desempenham papéis fundamentais no equilíbrio climático e na segurança hídrica do país”, destacou ao jornal O Globo Luís Fernando Guedes Pinto, diretor-executivo da Fundação SOS Mata Atlântica, envolvida na pesquisa.
De acordo com a análise, as áreas florestais derrubadas na Bahia e em Minas tiveram destinação principal a abertura de pastagens (36%) e silvicultura (33%). Já no Paraná e em Santa Catarina, as culturas temporárias ocuparam a maior parte das áreas desmatadas (41%), seguidas por vegetação secundária (29%) e pastagens (21%).
“O estudo mostra que essencialmente o desmatamento ocorre para criação de pastagem, que é para criação de gado de forma mais extensiva e que gera uma renda baixa. Não faz sentido perder uma floresta tão valiosa para colocar pasto”, comentou Jean Paul Metzger, professor de Ecologia na USP e um dos autores do estudo, à Deutsche Welle.