13 Novembro 2024
"Estes são compromissos que exigem tanto vontade política quanto investimento financeiro, não apenas para cumprir metas no papel, mas para alterar o curso das práticas econômicas e ambientais atuais. Sem essas mudanças estruturais, continuaremos a perpetuar o cenário de destruição ambiental e instabilidade climática", alerta o editorial do EcoDebate, assinado por Henrique Cortez, jornalista e ambientalista, editor do portal EcoDebate, 11-11-2024.
Diante da crise climática, a redução de emissões de gases de efeito estufa é uma urgência inadiável. No entanto, o caminho para a descarbonização exige ações de grande impacto e compromisso concreto.
Apenas medidas isoladas não serão suficientes para alcançar as metas climáticas de forma eficaz e justa. O processo exige uma transformação profunda que, sem clareza e participação da sociedade, corre o risco de estagnar ou, pior, se tornar um instrumento de promessas vazias.
A redução de emissões depende de uma transformação que passa, sobretudo, pela drástica redução do consumo de combustíveis fósseis, pela eliminação do desmatamento e pela recuperação e renaturalização de ao menos 12 milhões de hectares de áreas degradadas.
Estes são compromissos que exigem tanto vontade política quanto investimento financeiro, não apenas para cumprir metas no papel, mas para alterar o curso das práticas econômicas e ambientais atuais. Sem essas mudanças estruturais, continuaremos a perpetuar o cenário de destruição ambiental e instabilidade climática.
Além disso, a eletrificação massiva do transporte público de massa deve ser prioridade, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis e ampliando o acesso da população a meios de transporte sustentáveis. No setor industrial, é essencial o financiamento e a transformação para uma produção de baixo carbono. Para que essa transição seja justa e inclusiva, é necessário que esse processo envolva todos os setores da sociedade, garantindo emprego digno e oportunidades para todos.
Os investimentos em energias renováveis, como a solar e a eólica, são fundamentais. No entanto, esses projetos devem ser realizados com responsabilidade e sustentabilidade, respeitando as comunidades locais e minimizando impactos ambientais negativos. Igualmente, programas de eficiência energética são essenciais para que o consumo de energia diminua, evitando o desperdício e melhorando o uso dos recursos.
Para que tudo isso seja realizado de forma adequada, é indispensável um programa claro e transparente, com controle social e planejamento rigoroso. Isso significa definir metas, prazos, e valores para cada ação, com o envolvimento de recursos públicos e privados.
A sociedade deve saber onde e como esses recursos estão sendo aplicados, e qual o retorno esperado em termos de sustentabilidade e desenvolvimento econômico. Somente com transparência será possível acompanhar e cobrar o cumprimento das metas, assegurando que essas ações não se tornem promessas vazias.
Descarbonizar a economia é um desafio complexo, mas também uma oportunidade para repensar nossos modelos de desenvolvimento. Com compromisso e responsabilidade, o Brasil pode assumir uma posição de liderança na luta contra as mudanças climáticas.
Contudo, é preciso que o poder público e o setor privado se comprometam de forma verdadeira e transparente, garantindo que o processo de transformação seja guiado por uma visão de longo prazo que priorize o bem-estar da sociedade e a preservação ambiental.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Urgência e caminho para a descarbonização da economia. Editorial do EcoDebate - Instituto Humanitas Unisinos - IHU