Petroleiras promovem “negacionismo soft” patrocinando influenciadores de ciência

Atila Lamarino (Foto: Reprodução)

Mais Lidos

  • “A confiança que depositamos nos fundadores das plataformas é a raiz do problema da nossa época”. Entrevista com Tim Wu

    LER MAIS
  • STF e direitos indígenas: quando haverá justiça aos povos originários? Artigo do Cardeal Leonardo Steiner

    LER MAIS
  • Dia mundial dos Direitos Humanos 2025: Desafios da luta nos dias de hoje. Artigo de Paulo César Carbonari

    LER MAIS

Assine a Newsletter

Receba as notícias e atualizações do Instituto Humanitas Unisinos – IHU em primeira mão. Junte-se a nós!

Conheça nossa Política de Privacidade.

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

01 Novembro 2024

Levantamento identifica 34 postagens de empresas como Shell e Petrobras com influenciadores de ciência nos últimos dez meses, chegando a quase 50 milhões de visualizações.

A reportagem é publicada por ClimaInfo, 01-11-2024.

Uma das polêmicas nas redes sociais brasileiras em outubro passado foi a participação do biólogo Atila Iamarino em uma campanha publicitária da petroleira Shell. O conteúdo causou irritação e frustração entre ativistas climáticos, já que Iamarino, divulgador científico reconhecido, ignorou o peso da empresa na crise climática que a própria ciência atestou. Mas ele não é o único caso: mais e mais, o Big Oil está apostando em influenciadores de ciência para promover um “negacionismo soft” da emergência climática.

Um levantamento feito pelo Núcleo identificou ao menos 34 posts publicados nas redes da Shell e da Petrobras com influenciadores de ciência entre dezembro de 2023 e outubro de 2024. No total, essas postagens somam 49 milhões de visualizações em redes como Instagram, TikTok e YouTube. Além de Iamarino, outros influenciadores participaram dessas campanhas, como Ana Bonassa e Laure Marise (Nunca Vi 1 Cientista), Bianca Witzel, Iberê Thenório (Manual do Mundo) e Pedro Loos (Ciência Todo Dia).

Os conteúdos variam desde um minidocumentário sobre como funciona a extração de combustíveis fósseis na floresta amazônica, com “explicações” sobre como isso pode acontecer de forma “sustentável”, até materiais que destacam a “segurança e confiabilidade” da indústria de combustíveis fósseis no Brasil.

O envolvimento de influenciadores de ciência faz parte da estratégia publicitária das empresas de energia fóssil para validar sua “licença social” em tempos de questionamentos crescentes sobre seu papel inequívoco na crise climática atual. A negação pura e simples, como era comum no passado, ficou inviável agora por conta da intensificação de eventos climáticos extremos. Assim, o negacionismo avança em uma abordagem mais insidiosa – e as vozes científicas têm um peso importante nessa validação.

“A credibilidade dos divulgadores [científicos] junto aos setores mais progressistas da sociedade e ao segmento que ouve mais a ciência é muito grande. Capturar esse segmento, neutralizá-lo e cooptá-lo, seja qual for o grau, é de interesse para essas empresas. Esse é o novo jogo, é o negacionismo soft”, explicou Alexandre Costa, professor da Universidade Estadual do Ceará (UECE), ao Nexo Jornal.

Para Costa, esse negacionismo soft pode ser mais perigoso do que a versão histérica do passado, já que este só mobiliza a bolha extremista, enquanto aquele pode seduzir e neutralizar uma parcela mais ampla da sociedade – “justamente a parcela que poderia mobilizar pela causa climática".

Leia mais