Para manter os compromissos assumidos na COP28, o mundo terá que aumentar capacidade renovável a uma taxa mínima de 16% anuais até 2030, aponta IRENA.
A reportagem é publicada por ClimaInfo, 12-07-2024.
Apesar das renováveis serem a fonte de energia de crescimento mais rápido no planeta, o mundo corre o risco de não alcançar a meta de triplicar a capacidade renovável até 2030 prometida na COP28. Para isso, é necessário aumentar a capacidade de energias renováveis a uma taxa mínima de 16,4% ao ano até o fim desta década. É o que mostra o relatório “The Renewable Energy Statistics 2024”, da Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA, sigla em Inglês), publicado na 5ª feira (11/7).
Se a taxa de aumento de 14%, registrada no ano passado, continuar, a meta de 11 TW de potência acordada na COP28 ficará 1,5 TW abaixo do necessário, destaca a Reuters. E se o mundo mantiver a taxa anual histórica de 10%, acumulará apenas 7,5 TW de capacidade renovável até 2030, ficando aquém da meta em quase um terço, reforça a IRENA.
“A energia renovável tem superado cada vez mais os combustíveis fósseis, mas não é hora de ser complacente. As renováveis devem crescer em velocidade e escala maiores. Nosso relatório ilumina a direção a seguir. Se continuarmos com a taxa de crescimento atual, apenas enfrentaremos o fracasso de não atingir a meta acordada na COP28, consequentemente colocando em risco os objetivos do Acordo de Paris e a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável”, frisou o diretor-geral da IRENA, Francesco La Camera.
Além da capacidade, a associação destaca a concentração atual da expansão das renováveis. Os dados detalhados mais recentes, relativos a 2022, confirmam a disparidade regional nesse processo.
Se a Ásia manteve-se liderando a geração global renovável, com 3.749 terawatt-hora (TWh) em 2022, a África gerou apenas 205 TWh renováveis no mesmo período, apesar do tremendo potencial do continente e da imensa necessidade de um crescimento rápido e sustentável, reforça a IRENA.
Renewables Now, Offshore Energy e Climate Change News também repercutiram o novo relatório da associação.
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