18 Junho 2024
Francisco se encontrou individualmente com diversos líderes mundiais na cúpula do G7 no sul da Itália, incluindo Joe Biden e Volodymyr Zelenskyy.
A reportagem é de Carol Glatz, publicada por America, 14-06-2024.
Foi a primeira vez que um papa participou da cúpula anual, que reúne os líderes das nações mais ricas do mundo para discutir alguns dos problemas mais urgentes da atualidade. Entre os muitos temas da cúpula de 13 a 15 de junho estavam a migração, as mudanças climáticas e o desenvolvimento na África, a inteligência artificial, a situação no Oriente Médio e na Ucrânia.
Na reunião a portas fechadas entre Biden e Francisco, um vídeo curto divulgado à imprensa mostrou o presidente americano cumprimentando o papa e comentando imediatamente sobre o impacto das palavras do líder religioso em sua família quando seu filho, Beau, morreu de câncer em 2015.
Biden presenteou o papa com um grande prato de cerâmica quadrado com uma reprodução do afresco visível através do óculo da cúpula do Capitólio, retratando George Washington exaltado no céu. "Não é o Vaticano, mas…", disse Biden enquanto os intérpretes riam.
Em um clipe mostrando o final da reunião, o papa disse: "Rezem por mim. Eu rezo por vocês". O presidente respondeu: "Eu prometo que farei".
Além dos membros do G7 (EUA, Japão, Canadá, Alemanha, França, Itália e Reino Unido), a nação anfitriã, Itália, também convidou diversos outros chefes de estado, incluindo o papa e os líderes da Ucrânia, Argentina, Índia e Brasil. A Rússia foi membro do grupo, mas foi excluída em 2014 após invadir o leste da Ucrânia e apoderar-se da Crimeia.
A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, cumprimentou o papa que chegou de helicóptero em 14 de junho. O papa então realizou uma série de reuniões bilaterais privadas por cerca de 90 minutos antes de proferir um discurso sobre os benefícios e perigos da inteligência artificial, e pediu aos líderes políticos que garantissem que as tecnologias de IA estivessem sempre a serviço da humanidade.
Em um longo comunicado resumindo as visões e promessas compartilhadas das nações do G7, os líderes disseram: "Somos gratos pela presença de Sua Santidade o Papa Francisco e por sua contribuição".
Francisco se encontrou primeiro com Kristalina Georgieva, diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional; presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy; presidente francês, Emmanuel Macron; e primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau.
Zelensky disse ao papa: "Muito obrigado, obrigado por suas orações pela Ucrânia, pelos ucranianos, pela paz na Ucrânia, pelas crianças ucranianas", em um breve clipe de vídeo enviado aos repórteres antes do início de sua reunião privada.
Mais tarde, em uma postagem em X, ex-Twitter, o presidente ucraniano disse que também agradeceu ao papa "por sua proximidade espiritual ao nosso povo e ajuda humanitária aos ucranianos". Segundo ele, "informei o Papa sobre as consequências da agressão russa, seu terror aéreo e a difícil situação energética. Discutimos a fórmula da paz, o papel da Santa Sé na busca por uma paz justa e duradoura, e expectativas para a Cúpula Global da Paz", dizia a postagem.
"Agradeci à Santa Sé por sua participação na cúpula e destaquei seus esforços para aproximar a paz, especialmente devolvendo crianças ucranianas sequestradas pela Rússia", acrescentou a postagem do presidente.
Também no X, o primeiro-ministro canadense disse: "Agradeci a Sua Santidade por assumir o trabalho da Reconciliação, e defendi o próximo passo - devolver pertences culturais do Vaticano aos Povos Indígenas do Canadá".
Macron disse na rede social X que, em sua reunião com o papa, ele reafirmou o "compromisso compartilhado da França em ter um mundo de maior solidariedade e justiça para as pessoas e o planeta. Vamos todos trabalhar juntos para criar as condições para uma paz duradoura".
Georgieva expressou sua gratidão por ser convidada a se encontrar com o papa, postando: "É tão inspirador experimentar a bondade de @Pontifex e ouvir sua mensagem de paz, cooperação e cuidado com as pessoas necessitadas".
Após proferir seu discurso e ouvir as conversas dos outros chefes de estado convidados, o papa realizou uma última série de conversas bilaterais com: presidente queniano, William Ruto; primeiro-ministro indiano, Narendra Modi; Biden; presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva; presidente turco, Recep Tayyip Erdogan; e presidente argelino, Abdelmadjid Tebboune.
Modi disse em X que convidou o papa para visitar a Índia. "Admiro seu compromisso em servir as pessoas e tornar nosso planeta melhor".
Lula disse em X que "falamos sobre paz, combate à fome" e redução das desigualdades no mundo. Em um breve clipe de vídeo de seu encontro, também postado em X, o presidente do Brasil disse que queria ver se "podemos fazer campanha para tornar o mundo mais humano", ao que o papa respondeu: "E você pode fazer, você pode fazer".
Ruto disse em X que "o Quênia se junta ao Papa Francisco em pedir o fim urgente da violência em todas as partes do mundo, incluindo Sudão e RDC. Estamos encorajados pelo fato de que a Iniciativa Tumaini, da comunidade religiosa italiana de Sant'Egidio e do governo queniano, está dando frutos ao trazer paz duradoura ao Sudão do Sul. Estamos confiantes de que os grupos beligerantes concordarão em cessar os combates e dar uma chance à paz", escreveu o presidente queniano.
A Sala de Imprensa da Santa Sé confirmou que as reuniões bilaterais programadas ocorreram e que cada uma durou de 10 a 15 minutos. No entanto, não comentou sobre os encontros do Papa com os líderes.
O papa partiu após as 20h30min hora local para retornar ao Vaticano.
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Papa Francisco tem encontro privado com Joe Biden na cúpula do G7 - Instituto Humanitas Unisinos - IHU