A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus, que corresponde ao 30º Domingo do Tempo Comum, ciclo A do Ano Litúrgico. O comentário é elaborado por Ana Maria Casarotti, Missionária de Cristo Ressuscitado.
Os fariseus ouviram dizer que Jesus tinha feito os saduceus se calarem. Então eles se reuniram em grupo, e um deles perguntou a Jesus para o tentar: "Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?" Jesus respondeu: "Ame ao Senhor seu Deus com todo o seu coração, com toda a sua alma, e com todo o seu entendimento. Esse é o maior e o primeiro mandamento. O segundo é semelhante a esse: Ame ao seu próximo como a si mesmo. Toda a Lei e os Profetas dependem desses dois mandamentos." (Mt 22, 34-40)
O evangelho deste domingo os fariseus continuam preocupados pelo agir de Jesus. Os fariseus ouviram dizer que Jesus tinha feito os saduceus se calarem. No domingo anterior os fariseus tinham feito um plano para apanhar Jesus em alguma palavra e por isso enviaram alguns dos seus discípulos junto com os seguidores de Herodes para perguntar sobre a licitude do imposto que deviam pagar ao Cesar. A resposta de Jesus foi contundente e acabam “indo embora” sem perguntar mais nada...
Mas os fariseus continuam no seu desejo de confrontar Jesus e pegá-lo num erro e assim desacreditá-lo. O evangelho disse que “se reuniram em grupo, e um deles perguntou a Jesus para o tentar: 'Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?'”
É uma pergunta capciosa. Como judeu, Jesus tinha que conhecer qual é maior mandamento e viver de acordo com ele. Mas o que procuram eles? Possivelmente eles buscam que Jesus seja contraditório entre suas palavras é seu agir. Para os fariseus e os grupos religiosos Jesus não favorece o estrito cumprimento da Lei e por isso em várias oportunidades foi criticado pelos fariseus as autoridades religiosas. Os evangelhos descrevem diferentes momentos que Jesus tem conflito com os fariseus pelo seu agir no dia sábado. No evangelho de Mt 12, 1 disse que “os discípulos começaram a apanhar espigas para comer” e os fariseus confrontam Jesus porque “eles estão fazendo o que não é permitido fazer em dia sábado”. Um pouco mais adiante Jesus vai para a sinagoga e onde “há um homem com uma das mãos paralisadas” (Mt 12, 10).
Jesus cura-o e “logo depois os fariseus saíram da sinagoga e fizeram um plano para matar Jesus” (Mt 12,14).
Jesus prioriza a vida da pessoa, a liberdade daquilo que o escraviza, por isso, perdoa os pecados e, para demostrar que “o Filho do homem tem poder para perdoar pecados” cura o paralítico ordenando-lhe: “levante-se, pegue a sus cama e vá para casa” (Mc 2, 11). Nas suas predicações e no seu agir fica sempre do lado dos que sofrem, dos pobres, dos enfermos, dos leprosos. Ele come com os publicanos e os pecadores, permite que as mulheres escutem suas palavras e sejam suas discípulas, vai em busca dos enfermos, dos doentes, daqueles que a sociedade desprecia.
Seu proceder esta movido pela compaixão, pelo amor, libre de prejuízos e discriminações que deixam ao mais pobre tirado na vera do caminho. Seu atuar é um claro sinal de misericórdia e sensibilidade, com uma profunda empatia diante da dor e da injustiça. Um comportamento que não tem os limites estabelecidos por uma norma ou estrutura religiosa e por isso incomoda os que ficam seguros nas suas normas religiosas.
Os fariseus se reúnem num grupo e um deles pregunta Jesus sobre o maior mandamento da Lei. A resposta de Jesus é simples e clara: "Ame ao Senhor seu Deus com todo o seu coração, com toda a sua alma, e com todo o seu entendimento. Esse é o maior e o primeiro mandamento". Os fariseus sabem qual é o maior mandamento, não precisam da resposta de Jesus para sabê-lo. Mas Jesus não somente responde sobre o maior mandamento como também agrega que esse é a primeiro. Há outro mandamento e é tão importante como o primeiro: O segundo é semelhante a esse: "Ame ao seu próximo como a si mesmo. Toda a Lei e os Profetas dependem desses dois mandamentos".
Este grupo de fariseus esta incomodado pelas ações de Jesus, pelas suas palavras, porque seu agir os denuncia, fica na evidencia que eles se apropriaram da religião e se consideram a si mesmos os intérpretes da Lei de Moises. Quando Jesus lembra-lhes do segundo mandamento assemelha o amor ao próximo com o amor a Deus e conclui que “toda a Lei e os profetas dependem desses dois mandamentos”.
A resposta de Jesus é simples e clara: o amor a Deus expressa-se no amor ao próximo. Mas podemos perguntar-nos quem é meu próximo? E respondemos com as palavras do Papa Francisco na Encíclica Fratelli Tutti: “A palavra ‘próximo’ na sociedade do tempo de Jesus costumava indicar a pessoa que está mais vizinha, mais próxima e para eles devia-se encaminhar a ajuda”. Continua dizendo o Papa “Jesus transforma completamente esta impostação: não nos convida a interrogar-nos quem é vizinho a nós, mas a tornar-nos nós mesmos vizinhos, próximos” (FT, 80).
Neste domingo o evangelho deixa aberta a pergunta: Quais são os mandamentos, os princípios, as orientações sobre os quais está fundamentada nossa vida? Temos no nosso agir ensinamentos ou regras que consideramos quase absolutas e assim as comunicamos aos demais?
Deixemos que as palavras de Jesus penetrem e transformem nossa vida para que sejam o fundamento da nossa existência.