Maiores CEOs do mundo tiveram 9% de aumento de salários em 2022 enquanto trabalhadores tiveram corte de 3%
A reportagem é de Oxfam Brasil, 28-04-2023.
Os CEOs mais bem pagos em quatro países tiveram um aumento de 9% em seus salários em 2022, enquanto os salários de trabalhadoras e trabalhadores tiveram uma queda de 3,19% no mesmo período, revela nova análise da Oxfam neste Dia do Trabalhador. (Acesse aqui o relatório).
No Brasil, os salários de trabalhadoras e trabalhadores caiu 6,9% em média no ano passado, enquanto acionistas de empresas receberam US$ 33,8 bilhões no período, um aumento de 23,8% em relação a 2021 (US$ 27,3 bilhões).
Os números, ajustados pela inflação, são baseados em dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e agências governamentais de estatísticas.
Um bilhão de trabalhadoras e trabalhadores de 50 países tiveram um corte médio de US$ 685 em seus salários em 2022, uma perda coletiva de US$ 746 bilhões em salários reais (caso os salários tivessem sido reajustados pela inflação).
Mulheres e meninas trabalham pelo menos 380 bilhões de horas a cada mês em atividades de cuidado não remuneradas. Trabalhadoras frequentemente têm que trabalhar menos tempo ou abandonar seus empregos devido a essas atividades de cuidado não remuneradas. Elas também enfrentam discriminação, assédio e salários menores do que os recebidos pelos homens.
“Enquanto os executivos de grandes empresas lucram com aumentos de seus salários e dividendos de ações, a grande parte da população, que é trabalhadora assalariada, tem seus salários reduzidos e mal conseguem acompanhar o custo de vida em seus países. Anos de austeridade e ataques aos sindicatos aumentaram o fosso entre os mais ricos e o resto de nós. Essa desigualdade é inaceitável e, infelizmente, nada surpreendente”, afirma Katia Maia, diretora executiva da Oxfam Brasil.
“O único aumento que a classe trabalhadora viu em 2022 foi o do trabalho de cuidados não remunerado, que recai majoritariamente sobre as mulheres.”
Enquanto a classe trabalhadora vê seu salário sendo reduzido ano após ano (mais de 10% na Suécia, 6,9% no Brasil, 3,2% nos Estados Unidos e no Reino Unido), os grandes executivos estão cada vez mais ricos:
Os dividendos recebidos por acionistas em 2022 foi um recorde de US$ 1,56 trilhão, aumento de 10% em relação a 2021. As empresas dos Estados Unidos pagaram US$ 574 bilhões para seus acionistas, mais do que o dobro do corte feito sobre os salários reais dos trabalhadores do país. Acionistas de empresas brasileiras receberam US$ 34 bilhões, quase o mesmo montante do que trabalhadoras e trabalhadores do país tiveram em cortes em seus salários.
Esses pagamentos exorbitantes a acionistas beneficiam os mais ricos da sociedade, aumentando os níveis já altos de desigualdade. O 1% mais rico da África do Sul tem hoje mais de 95% dos títulos e ações de empresas do país. Nos Estados Unidos, o 1% mais rico detém 54% das ações no país.
No entanto, os impostos sobre a renda desses dividendos e ações, que ajudam a financiar serviços públicos como saúde e educação, vêm caindo ao longo dos anos – de 61% em 1980 para 42% hoje.