29 Março 2023
Os Frades Menores e a Grande Mesquita instalarão 420 kw de painéis em seus locais de culto. Mas falta um decreto que permita o lançamento dessas comunidades na Itália. A cooperativa é nossa: "Atulhados de pedidos, mas obrigados a esperar".
A reportagem é de Elena Dusi, publicada por La Repubblica, 28-03-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
Não é uma comunidade energética como as outras. Além da eletricidade renovável, produzirá de fato "energia de paz". Os painéis solares fotovoltaicos serão instalados nos lugares simbólicos dos franciscanos e muçulmanos em Roma: 50 kilowatts na casa geral dos frades menores, 120 no telhado da pontifícia universidade Antonianum (ambos na área de San Giovanni, em Roma) e 250 na mesquita do Monte Antenne, na zona norte da cidade.
Conforme preveem as regras das comunidades energéticas, a eletricidade produzida pelos dois credos será partilhada pelos religiosos, beneficiados também por um incentivo econômico público.
Os frades menores e os representantes da mesquita assinaram o acordo alguns dias atrás, apoiados pela cooperativa energética especializada em energias renováveis "ènostra".
As normas sobre as comunidades energéticas datam de 2020. Não só igrejas e mesquitas, mas também muitos cidadãos comuns e entidades locais estão interessados nessa fórmula amiga do meio ambiente e conveniente para as contas que, segundo as estimativas, poderia gerar 15-20% da eletricidade necessária para as cidades italianas.
No entanto, depois de ter chamado em causa o Irmão Sol, a encíclica Laudato Si' do Papa Francisco e lembrando que produzir energia limpa significa eliminar os pressupostos de muitas guerras (como disse o imã de Monte Antenne Nader Akkad), os autores de Energia di pace apontaram que, no momento, nada sairá das tomadas dos painéis solares.
De fato, as normas que instituem as comunidades energéticas renováveis na Itália a partir de 2020 carecem de decretos de implementação. São regras essenciais para o estabelecimento dos aspectos técnicos sobre os fluxos de eletricidade na rede e das tabelas com os incentivos. O Ministério do Meio Ambiente, após anos de espera, os redigiu no final de fevereiro, mas ainda estão sendo examinadas pela Comissão Europeia.
Deveria ser apenas uma questão de tempo. A atmosfera hoje é de uma vigília cheia de expectativa, com as comunidades no aguardo (como "energia de paz") aquecendo seus motores.
“Os pedidos de informações da nossa cooperativa aumentaram dez vezes desde o outono passado”, conta Mauro Gaggiotti, responsável pelo setor comunidades energéticas da ènostra. “As pessoas interessadas também mudaram. No início eram sobretudo prefeitos esclarecidos, determinados a ultrapassar todas as dificuldades normativas. Hoje há empresas, cidadãos que vivem na mesma cidade ou distrito, condomínios, paróquias. Parece que a palavra "comunidade" realmente abriu brechas, respondendo a uma necessidade não só energética, mas também de participação, de segurança econômica e social".
Também a “energia de paz” poderia se abrir para além de muçulmanos e frades menores, acolhendo outros cidadãos de Roma. O próprio Vaticano, aliás, saiu na frente em 2007, quando decidiu cobrir os 5 mil metros quadrados do telhado da Sala Nervi com painéis fotovoltaicos, escandalizando os puristas do patrimônio arquitetônico.
O imã Akkad decidiu dedicar uma praça não menos significativa à energia solar: aquela projetada pelo arquiteto Paolo Portoghesi com pilares em forma de árvore. A Universidade Antonianum, por sua vez, ativou um curso de ecologia integral dentro de sua graduação em filosofia, que conta com Akkad entre seus docentes.
Várias regiões, aguardando o sinal verde que deveria chegar em breve da Europa, já prepararam suas leis sobre as comunidades energéticas. O Vêneto avançou e lançou uma série de encontros públicos para informar a população sobre a nova oportunidade. Até mesmo os primeiros bancos ofereceram linhas de crédito ad hoc para as comunidades energéticas do futuro. Quando as normas finalmente tiverem concluído seu processo, o Irmão Sol já encontrará muitos braços abertos para recebê-lo.
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"Energia de paz", nasce em Roma a comunidade energética renovável entre franciscanos e muçulmanos. Mas eles também são atrapalhados pela burocracia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU