09 Dezembro 2022
Estamos caminhando para uma sexta extinção em massa? As aves estão morrendo, os vertebrados selvagens estão desaparecendo... Um milhão de espécies estão ameaçadas de extinção. A crise da biodiversidade, em três gráficos.
A reportagem é de Clarisse Albertini, publicada por Reporterre, 03-12-2022. A tradução é do Cepat.
Quase metade (49%) das espécies de aves do mundo está em declínio – e uma em cada oito espécies está ameaçada de extinção. Nos últimos 150 anos, as atividades humanas provocaram a perda de 83% da biomassa animal silvestre e 41,5% da vegetal… A biodiversidade está indo de mal a pior.
O que é exatamente a biodiversidade? Ela se refere a todos os ambientes naturais e formas de vida encontradas na Terra – plantas, animais, insetos, fungos, bactérias, vírus, etc. – e suas interações. De 7 a 19 de dezembro, será realizada em Montreal a COP15, dedicada ao tema. O Reporterre aproveita este momento para apresentar um panorama da crise da biodiversidade em três gráficos.
De acordo com o relatório Planeta Vivo do WWF, entre 1970 e 2018, o tamanho médio das populações de vertebrados selvagens diminuiu 69%. Alguns pesquisadores chegam a considerar que uma sexta extinção em massa tenha começado – a última foi a dos dinossauros. De fato, se levarmos em conta os invertebrados, os números são preocupantes, asseguram pesquisadores americanos e franceses em artigo em inglês publicado na revista Biological Reviews. “0,04% das espécies já desapareceram no espaço de 500 anos, como diz a IUCN, mas representam 10% das espécies animais e vegetais conhecidas”, explicou um dos autores, Benoît Fontaine, engenheiro de pesquisa do Museu de História Natural de Paris, à FranceTVinfo.
Recifes de coral, anfíbios, pássaros… mais de 41.000 espécies de animais e plantas estão ameaçadas de extinção, segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), das cerca de 147.000 espécies estudadas. Somando os insetos, que representam 75% do total de 8 milhões de espécies animais e vegetais estimadas no mundo, chegaríamos a quase 1 milhão de espécies ameaçadas de extinção.
Esta é a constatação de um relatório da Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES) publicado em 2019: “A natureza está diminuindo globalmente a uma taxa sem precedentes na história humana – e a taxa de extinção de espécies está acelerando, causando sérios efeitos nas populações humanas em todo o mundo”.
Os ambientes de vida não são poupados: 75% do ambiente terrestre é “severamente alterado” pelas atividades humanas; é o caso de 66% do ambiente marinho. Agricultura intensiva, expansão urbana... Na União Europeia, a degradação dos habitats naturais está se intensificando, aponta um relatório da Agência Europeia do Ambiente (AEE). Pelo menos 81% destas áreas encontram-se em estado de conservação “desfavorável” no último período analisado (2013-2018), contra 77% no período anterior.
No entanto, terras e solos saudáveis são essenciais para a vida na Terra, tanto para a produção de alimentos quanto para a sobrevivência das espécies.
Segundo o relatório do IPBES, as causas desse declínio são inúmeras. Estão ligadas sobretudo às alterações do uso das terras e do mar (devido à urbanização, à agricultura intensiva, etc.), à exploração das florestas, por exemplo, mas também às alterações climáticas, à poluição e às espécies exóticas invasoras. O principal responsável por essas degradações continua sendo o ser humano com suas atividades destrutivas que exercem pressões constantes sobre os seres vivos.
O clima e a biodiversidade estão intrinsecamente ligados: quando um sofre, o outro também sofre. Uma rica biodiversidade é crucial para atenuar as alterações causadas pelo aquecimento global: ela permite, de fato, sequestrar CO2. “Solos e turfeiras saudáveis, ecossistemas marinhos ricos e florestas diversificadas permitem um melhor armazenamento de carbono”, confirma o Greenpeace. Florestas saudáveis limitam deslizamentos de terra, recifes de corais protegem costas de eventos extremos...
Diante desta situação, o que fazer? Um relatório recente, escrito por especialistas em clima (IPCC) e biodiversidade (IPBES), recomenda optar por “soluções baseadas na natureza”. Um exemplo? A transformação dos sistemas agrícolas: a implementação de medidas de conservação do solo e a redução do uso de fertilizantes beneficiaria espécies vegetais e animais e absorveria o equivalente a entre três e seis gigatoneladas de dióxido de carbono por ano.
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Flores, pássaros, insetos: os números preocupantes do declínio - Instituto Humanitas Unisinos - IHU