28 Julho 2022
"O episódio sinaliza as turbulências ligadas ao cuidado pastoral de pessoas e casais homossexuais em todas as Igrejas ocidentais", escreve Lorenzo Prezzi, teólogo italiano e padre dehoniano, em artigo publicado por Settimana News, 27-07-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
Em 18 de julho, o Sínodo Permanente da Igreja Ortodoxa da Grécia enviou uma carta a Mons. Elpidoforo, arcebispo da diocese ortodoxa constantinopolitana dos EUA, e ao Patriarcado Ecumênico para protestar contra a decisão de Elpidoforo de batizar os filhos de um casal homossexual formado por um grego e um estadunidense em uma paróquia da diocese grega de Glyfada.
A questão não é realmente sobre o batismo, mas sobre os procedimentos de informação, a solenidade do rito, as consequências no sacramento matrimonial e a repercussão na mídia.
No documento aprovado pelo Concílio de Creta (2016), Rumo a um ethos social da Igreja Ortodoxa, especifica-se que "a Igreja entende que a identidade humana não reside principalmente na própria sexualidade ou em qualquer outra qualidade privada, mas sim na imagem e na semelhança de Deus presente em todos nós"(n. 19), com o direito de cada um "de estar livre de perseguições ou desvantagens relacionadas com a sua orientação sexual". "Todas as crianças são conhecidas e amadas por Deus, todas são portadoras de sua imagem e semelhança e todas merecem o mesmo respeito, reverência e cuidado" (n. 26).
O arcebispo Elpidoforo havia advertido o bispo Antônio de Glyfada da intenção de “batizar os filhos da família Buschi, vindos de Chicago” (EUA). “Mais tarde, porém - escreve o bispo Antônio – ficou-se sabendo que essas crianças, completamente inocentes e sem responsabilidade, são criadas por duas pessoas do mesmo sexo. Acredito que o batismo de tais crianças nunca tenha sido celebrado na Grécia. Esta é a primeira vez que isso acontece. Deveria se manter tons bem baixos, e obviamente não creio que Sua Eminência em pessoa possa celebrar tal batismo sem me dizer. Se eu soubesse, teria respondido que não poderia dar permissão sem pedir a opinião do Santo Sínodo”.
O Sínodo partilhou a preocupação do bispo Antônio e “discutiu longamente as questões relativas ao tratamento pastoral de tais situações, mantendo-se firme no que foi estabelecido pelo Senhor, pelos santos apóstolos e pelos santos padres”.
Por sua vez, o arcebispo Elpidoforo reafirmou a legitimidade e oportunidade do batismo, ciente de que o gesto podia suscitar muitas questões e muita curiosidade na mídia.
O bispo Antônio destaca a irritação e o escândalo para muitas pessoas na diocese e a necessidade de que o rito, cuja legitimidade não é discutida, “deveria ter sido celebrado com modéstia, humildade, sem publicidade e, por prudência, não por um bispo”.
O episódio sinaliza as turbulências ligadas ao cuidado pastoral de pessoas e casais homossexuais em todas as Igrejas ocidentais.
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Ortodoxia: batismo para filhos de homossexuais. Artigo de Lorenzo Prezzi - Instituto Humanitas Unisinos - IHU