24 Junho 2022
A reportagem é publicada por Famille Chrétienne e reproduzida por Religión Digital, 23-06-2022.
A Igreja Francesa está no pelourinho. Após o drama do relatório sobre abuso sexual, e após a suspensão das ordenações na diocese de Fréjus-Toulon, o Vaticano acaba de ordenar uma visita apostólica à arquidiocese de Estrasburgo, liderada por Dom Luc Ravel desde 2017. A informação foi comunicado na quinta-feira, 23 de junho, no site da diocese, transmitindo uma carta oficial da Nunciatura em Paris, conforme relatado pela Famille Chrétienne.
Depois de “ter ouvido o dicastério para os bispos”, o Papa Francisco ordenou esta visita como resultado de “informações que chegaram à Santa Sé sobre o governo pastoral da arquidiocese de Estrasburgo”, diz o breve comunicado. O cargo de Visitador Apostólico foi confiado ao Bispo de Pontoise, Dom Stanislas Lalanne, que será coadjuvado por Dom Joël Mercier, Secretário Emérito do Dicastério para o Clero.
Segundo o comunicado da Nunciatura, a visita terá início no dia 27 de junho e terá duração indefinida. “Esta decisão papal é uma expressão da preocupação do Papa Francisco pela Igreja particular de Estrasburgo e visa ajudá-la a cumprir sua missão de testemunha do Senhor Ressuscitado”, disse a Nunciatura.
Contactada pela Famille Chrétienne, a diocese de Estrasburgo ainda não deu mais explicações sobre as razões pelas quais o Santo Padre ordenou esta visita apostólica. De acordo com nossas informações, o bispo Luc Ravel foi informado dessa visita alguns dias antes. O Papa Francisco recebeu em audiência privada, no dia 18 de junho, o arcebispo Celestino Migliore, núncio apostólico na França.
Em maio, a demissão do ecônomo diocesano, Jacques Bourrier, causou um rebuliço na diocese. Embora devesse deixar o cargo em 1º de julho, esse ex-oficial da marinha foi demitido seis semanas antes. A razão dada foi que as relações entre o bispo Ravel e seu tesoureiro se tornaram cada vez mais complicadas. Jacques Bourrier falou de profundas disfunções à frente da diocese da Alsácia. "A cúria não tem DHR, nem representantes do pessoal e, portanto, não há diálogo social", criticou duramente, dizendo que "o Tribunal de Contas deve investigar isso".
Neste artigo, datado de 3 de junho, o ecônomo diocesano denunciou também “uma total ausência de gestão” e “práticas de gestão da república das bananas”. Jacques Bourrier anunciou sua intenção de contestar sua demissão no tribunal por "fortes sanções disciplinares sem motivação legítima ou respeito aos procedimentos legais". Também entrevistado pelo jornal alsaciano, um padre, que falou sob condição de anonimato, lamentou a "falta de comunicação do arcebispo" e um conselho presbiteral que "tornou-se uma mera câmera de gravação".
Ao contrário da visita canônica, que poderia ser descrita como ordinária, a visita apostólica ocorre em um ambiente extraordinário, devido a problemas governamentais, abusos ou outras questões. A missão do Visitador Apostólico é ter uma visão objetiva de um problema, reunir-se com a comunidade afetada e redigir um relatório final para o Papa, que pode tomar medidas disciplinares.
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França. Vaticano ordena visita apostólica à Arquidiocese de Estrasburgo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU