12 Abril 2022
Zeus abriu os caminhos do saber aos mortais. Este, porém, é o princípio que ele fixou bem firme: é com a dor que se aprende.
O comentário é do cardeal italiano Gianfranco Ravasi, prefeito do Pontifício Conselho para a Cultura, publicado em Il Sole 24 Ore, 10-04-2022. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Há séculos a humanidade tenta escalar o penhasco íngreme do sofrimento, tentando (ou se iludindo de) descobrir nele uma visão interpretativa global. Assim, esboçaram-se várias trilhas de subida, mas o pé muitas vezes tropeça e se precipita rio abaixo, derrotado, ou o pico que se alcança oferece um panorama estreito.
Fora da metáfora, as decifrações do mistério da dor e do mal são falaciosas, insatisfatórias ou parciais. Uma delas nos é oferecida pela sabedoria grega com versos tirados da tragédia “Agamenon”, do grande Ésquilo, nascido em Elêusis por volta de 525 e falecido em Gela, na Sicília, em 456/55 a.C.
Ele reitera um trocadilho grego clássico: pathémata mathémata, os sofrimentos são ensinamentos. É claro, isso não consegue resolver o imponente e emaranhado enigma do sofrimento, mas abre um vislumbre dele.
O sofrimento pode ser uma lição de humanidade. É, sim, um caminho árduo, mas pode rasgar o véu da superficialidade e mostrar um sentido mais profundo da vida.
De certa forma, cria-se um benéfico curto-circuito por meio desta que é uma via árdua, mas fecunda, para conhecer e compreender: a dor gera sabedoria, e a sabedoria alivia a dor.
Uma lição que a sociedade contemporânea infelizmente tenta exorcizar ou ignorar, e que nós propomos neste que é chamado de Domingo da Paixão de Cristo.
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Via árdua. Artigo de Gianfranco Ravasi - Instituto Humanitas Unisinos - IHU