Cardeal do Vaticano diz que ordenação de mulheres é 'caminho errado'

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30 Novembro 2021

 

Embora a Assembleia Eclesial da América Latina, que durou uma semana, tenha oferecido uma longa série de propostas ousadas, a proposta de ordenar mulheres diáconas ou sacerdotes foi pouco abordada. E na única vez que foi proposta, um cardeal do alto escalão do Vaticano a descartou.

 

A reportagem é de Inés San Martín, publicada por Crux, 29-11-2021.

 

“Ainda precisamos de muita sinodalidade”, disse o cardeal canadense Marc Ouellet, prefeito da Congregação para os Bispos do Vaticano e presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina, durante uma coletiva de imprensa realizada na sexta-feira, no final da assembleia de 21 a 28 de novembro.

Questionado à queima-roupa se a falta de vocações ao sacerdócio poderia levar à ordenação de mulheres, mesmo que apenas para o diaconato, o bispo disse que do “ponto de vista doutrinário” “não é possível abrir essa porta”.

O assunto, disse ele, foi estudado por uma comissão criada pela Congregação para a Doutrina da Fé, a pedido do Papa Francisco, para examinar a figura histórica das mulheres diáconas. Constituída em 2016, o pontífice disse aos jornalistas em maio de 2019 que o órgão de 12 membros não foi capaz de produzir uma “resposta definitiva” ao assunto, devido à falta de consenso sobre o papel das diaconisas no cristianismo primitivo.

“Pessoalmente, acredito que devemos potencializar os carismas particulares das mulheres”, disse Ouellet durante a coletiva de imprensa. “O caminho não é igualar completamente em nível ministerial homens e mulheres, porque há uma importância simbólica nos papéis sacramentais.”

“É importante lembrar que Deus fez uma aliança com a humanidade e que o símbolo nupcial é o símbolo privilegiado da Igreja e da Bíblia”, disse ele, falando em espanhol. “Para expressar a relação de Deus com o seu povo, de Cristo com a Igreja. Cristo é masculino, a Igreja feminina. O sacerdote que deve representar o Cristo deve ter uma coerência semântica, e é por isso que uma representação de Cristo como marido é reservada aos homens”.

“É um bastante evidente”, acrescentou.

Segundo Ouellet, o que a Igreja precisa é desenvolver ainda mais os carismas das mulheres, dar-lhes mais espaço, ouvi-las mais e dar-lhes mais responsabilidades.

“A mulher é uma excelente catequista”, disse ele. “Ela pode ser chanceler de uma diocese, uma advogada [canônica], trabalhar em comunicação e administração, tendo funções muito importantes tanto na diocese como na paróquia”.

O bispo canadense fez questão de destacar o carisma das mulheres, dizendo que elas devem receber um reconhecimento concreto, sem fingir que, simplesmente por serem ordenadas, elas teriam acesso a todos os espaços da Igreja. “É um caminho errado, que não respeita a peculiaridade da mulher.”

O que é necessário, disse Ouellet, é uma reforma sinodal muito mais profunda, que seja “mais fundamental do que impor os mesmos papéis a mulheres e homens. A mudança de que a Igreja precisa é muito maior do que dar [às mulheres] acesso ao ministério ordenado. A revolução deve ser mais profunda”.

 

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