17 Setembro 2021
Nas redes, empresa fala em cuidado com meio ambiente e direitos da mulher; atrás das telas paga bilhões em acordos judiciais e enfrenta acusações de doenças causadas por pesticidas.
A reportagem é de Pedro Grigori, publicada por Agência Pública, 16-09-2021.
A multinacional agroquímica e farmacêutica Bayer – dona da Monsanto desde 2018 – é alvo de milhares de ações judiciais. Os gastos com indenizações, segundo reportagens, já passaram de R$ 60 bilhões, e ainda há uma fila de consumidores que alegam ter desenvolvido câncer ou outras doenças devido a agrotóxicos produzidos pela empresa, como o herbicida Roundup, feito à base de glifosato, o agrotóxico mais vendido do mundo.
Com a compra bilionária da Monsanto, por US$ 63 bilhões, a Bayer herdou também as críticas e os processos judiciais que a empresa respondia pelo Roundup. Em 2015, a Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer (Iarc) da Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou o glifosato como “provavelmente cancerígeno” para humanos. Na página, o produto é descrito como “grande aliado dos agricultores” e a empresa diz que o “Roundup revolucionou o agronegócio”.
Além dos agrotóxicos, um método contraceptivo vendido pela empresa, o Essure, é alvo de denúncias sob a alegação de causar uma série de problemas de saúde em cerca de 15 mil mulheres de diversos países, incluindo o Brasil. As vítimas alegam que após implantarem o dispositivo começaram a apresentar dor pélvica, sangramento uterino anormal, perfuração de tecidos internos e complicações alérgicas, depressão, problemas hormonais e diversos outros problemas, conforme a Agência Pública revelou em uma investigação internacional em 2018.
Os processos e escândalos, contudo, não diminuíram os lucros da Bayer: apenas no primeiro trimestre deste ano, a empresa teve lucro líquido de 2 bilhões de euros, 40,3% a mais que no mesmo período do ano passado. E, na contramão das denúncias, a empresa tem investido em campanhas publicitárias e ações pautadas em temas como sustentabilidade, alimentação, bem-estar e respeito ao direito das mulheres.
Em um vídeo publicitário, a Bayer diz que o Roundup será o aliado dos agricultores para fornecer alimentos para a população global de 9 bilhões que o planeta terá em 2050. Quatro agricultores repetem a frase “se é Roundup eu confio” nos vídeos de depoimentos sobre o produto. Mas são os agricultores que mais sofrem com intoxicações.
Na última década, 7.163 trabalhadores rurais foram atendidos em hospitais brasileiros e diagnosticados com intoxicação por agrotóxico no ambiente de trabalho ou em decorrência da atividade profissional. O glifosato é o segundo agrotóxico indicado como o que mais causou intoxicação nesse período, entre as contaminações analisadas. E o número de casos pode ser até 50 vezes maior, segundo projeção da OMS.
Propagandas com tom positivo de empresas que produzem agrotóxicos, como a Bayer, têm motivo: um relatório de sustentabilidade da Tetra Pak de 2020 mostrou que 78% dos consumidores optam conscientemente em evitar marcas ou produtos devido a preocupações ambientais. A mesma pesquisa mostra que o número de consumidores que leva o fator ambiental em conta subiu 26% em seis anos. “O cuidado com o meio ambiente é um dos temas que dá mais credibilidade para uma empresa, por isso é comum ver marcas fazendo ações na área”, explica a pesquisadora de comunicação da Universidade de Brasília (UnB) Délcia Vidal.
E a Bayer aposta na área. No site e nas redes sociais da multinacional alemã são destacadas dezenas de ações sustentáveis. Um dos principais é um programa de crédito de carbono, o ProCarbono, feito para reduzir e compensar a quantidade de carbono emitido pela Bayer e agricultores. O produtor rural pode se cadastrar no site da empresa e passar a adotar uma série de práticas sustentáveis, como plantio direto e rotação de culturas. A Bayer fica responsável pelos custos das coletas de solo, da mensuração de carbono ao longo do primeiro ano, além de prover a assessoria socioambiental e a consultoria de implementação de práticas sustentáveis. A empresa criou uma minissérie com quatro capítulos para mostrar o potencial da ação ProCarbono em ajudar na crise climática.
Contudo, o uso de agrotóxicos vem sendo associado diretamente com a destruição do meio ambiente e o agravamento da crise climática. Os produtos são fatais para polinizadores que têm papel fundamental para a produção agrícola, e algumas dessas substâncias químicas são persistentes em corpos d’água e lençóis freáticos.
A Bayer lançou também a plataforma Vegetables by Bayer, para investir em ações que ajudem produtores de frutas e vegetais e incentivem “a população a ter uma vida saudável”. “A Vegetables by Bayer reflete nosso compromisso de atender às crescentes necessidades de apoio aos nossos parceiros agricultores, para que juntos possamos fomentar um mundo mais saudável e sustentável”, diz Inci Dannenberg, presidente da Global Vegetable Seeds, na Bayer.
Uma análise feita pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de alimentos vendidos em feiras e supermercados brasileiros encontrou quantidades expressivas de agrotóxicos em diversos produtos. A Anvisa multa os estabelecimentos que apresentaram produtos com resíduos de agrotóxicos acima do permitido, mas não há penalidades para as empresas que produzem os agrotóxicos.
A advogada e membro da Campanha Contra os Agrotóxicos e Pela Vida Naiara Bittencourt diz que os projetos da Bayer não chegam a auxiliar nem a reparar os problemas ambientais causados pela indústria dos agrotóxicos de que a multinacional faz parte. “O projeto de carbono não é nada mais que um selo verde para esse capitalismo financeiro da empresa. Isso pouco auxilia na reparação ambiental e nas mudanças climáticas, apenas introjeta crédito de carbono no mercado e monetiza com o projeto. O capitalismo verde é um novo nicho para melhorar a imagem pública de empresas como a Bayer”, diz.
Naiara defende que a empresa adote ações mais efetivas, como retirar do mercado produtos perigosos para a saúde e o meio ambiente. A Bayer vende no Brasil 12 substâncias proibidas na União Europeia.
No ano passado, um fazendeiro, um piloto e uma empresa de aviação agrícola foram condenados a pagar R$ 150 mil a uma comunidade indígena por ter pulverizado agrotóxico sobre a aldeia. O produto utilizado era o fungicida Nativo, da Bayer, composto pelos ingredientes ativos tebuconazole e trifloxistrobina. A Bayer não foi considerada responsável. “No Brasil, diferente de outros países, ainda não se consegue responsabilizar toda a cadeia produtiva do agrotóxico”, explica Naiara.
Em junho deste ano, a Bayer lançou a campanha “Liberdade vem de dentro”, que promove reflexão sobre a liberdade feminina para fazer as próprias escolhas, além de divulgar os métodos contraceptivos oferecidos pela empresa. Com texto e ações pautados no movimento feminista, a campanha foi cocriada e protagonizada pela cantora e atriz Manu Gavassi e conta com participação de um time de influenciadoras digitais como Camila Coutinho, Thelma Assis, Mariana Goldfarb, Alice Wegman e Jessica Lopes.
A campanha é totalmente on-line e ficará no ar até setembro. Só no Instagram, o grupo de influencers reúne juntas cerca de 30 milhões de seguidores. Ainda há ações no Tinder, Pinterest e TikTok e programas especiais patrocinados pela empresa em podcasts de grande influência.
Bayer tem investido em campanhas publicitárias e ações pautadas em temas como sustentabilidade, alimentação, bem-estar e respeito ao direito das mulheres. Reprodução: Bayer
A paulista Mônica Estellita e a carioca Rosa Germano balançaram a cabeça e riram incrédulas enquanto liam os textos da ação. “Liberdade é poder escolher”, “Nenhuma mulher deve ser menos do que é, por medo”, diz trechos do site criado pela Bayer. “É muita hipocrisia. Essa campanha mostra o que é o capitalismo, o que é a ganância. Eles não se importaram com a saúde das mulheres que usam os produtos deles”, diz Mônica.
Rosa e Mônica fazem parte de um grupo de 330 mulheres brasileiras que iniciaram neste mês uma luta judicial contra a Bayer. Assim como num caso do acordo bilionário nos Estados Unidos, as brasileiras alegam ter sofrido diversas consequências na saúde após implantarem o dispositivo contraceptivo Essure. “Eles falam sobre liberdade de escolha, mas eu não tive essa escolha. Diversas vezes os médicos colocaram a opinião deles sobre ter filhos acima da nossa. Os nossos corpos parecem que são sempre de alguém. Já me foi negado o direito de fazer uma laqueadura pelo que o meu marido ia achar”, conta Rosa.
Aos 28 anos, em 2015, Rosa optou por fazer uma laqueadura após dar à luz ao primeiro filho. Primeiro os médicos desconsideram o pedido e a encaminharam ao psiquiatra, por ela ter apenas um filho. Após muita insistência, concordaram em usar um método “inovador” na paciente, o Essure. O produto foi desenvolvido na década de 1990 pela empresa norte-americana Conceptus Inc., que foi comprada pela Bayer em 2013. O contraceptivo é irreversível: uma vez colocado, as mulheres não poderão ter mais filhos.
O dispositivo é composto por duas molas de 4 centímetros cujo diâmetro pode se expandir de 1,5 a 2 milímetros para se fixar nas paredes das tubas uterinas. Por dentro, eles possuem uma estrutura de aço inoxidável, circundada por fibras de tereftalato de polietileno (PET), e uma estrutura externa de nitinol (liga metálica de níquel-titânio). As fibras PET estimulam o crescimento dos tecidos das trompas para que se infiltrem nas molas, o que resulta na obstrução da passagem e na esterilização permanente das mulheres que recebem os implantes.
Segundo os médicos, o implante seria indolor e feito de modo ambulatorial, sem anestesias, e Rosa poderia voltar ao trabalho no mesmo dia. “Mas não foi isso que aconteceu, eu senti muita dor durante o procedimento. Fiquei em observação por 40 minutos e eles me liberaram com um comprimido de ibuprofeno para dor e de diazepam para me acalmar”, relata.
Rosa voltou ao consultório três meses depois e contou ao médico que estava com o ciclo menstrual irregular. “Eu estava ficando menstruada por até 20 dias por mês. Eles disseram que era normal, que era o corpo se adaptando”, conta.
Segundo relatou, o fluxo menstrual intenso continuou, mas os problemas não pararam por aí. Rosa diz que começou a perder cabelo, e até os fios da sobrancelha e dos cílios caíram. Ganhou 10 quilos em seis meses, apareceram dores nas articulações, a pele ficou ressecada e cheia de espinhas, ela desenvolveu fibromialgia nos dentes e constantemente descobria uma nova alergia.
Um dia em 2017 ela decidiu pesquisar na internet sobre o Essure, acreditando que o problema poderia ter sido algum erro médico na implantação do dispositivo. Mas acabou encontrando milhares de mulheres que estavam passando por problemas semelhantes aos dela nos mais diversos lugares do mundo. “Foi ali que eu vi que não estava sozinha, mas também foi onde descobri que teria que me mutilar para diminuir as dores.”
A solução para as dores é a retirada do dispositivo em uma cirurgia. O procedimento, agora bem invasivo, é a histerectomia, em que se retiram as trompas e o útero da paciente. “Eu não queria fazer aquilo. Tive o meu filho em parto normal, e aquela cirurgia era praticamente uma cesárea. Mas precisei fazer para ter a minha vida normal de volta”, diz. Os médicos concordaram em retirar apenas as trompas e o dispositivo, e Rosa fez a cirurgia em setembro de 2019.
Mas as dores não passaram. Rosa voltou ao hospital e descobriu que o dispositivo havia se fragmentado e ido parar no útero. Em abril de 2020, ela voltou à mesa de cirurgia mais uma vez. “Foi mais uma cesárea, tive duas. Os médicos disseram que eu ainda não estava nem cicatrizada da primeira cirurgia. Tive que tomar outra anestesia, que me fez perder líquido da medula e me causa problemas de saúde até hoje.”
A vida de Rosa nunca voltou ao normal. Os primeiros problemas de saúde foram minimizados, mas outros apareceram. Dois cistos nos ovários e sintomas de bexiga arriada são alguns deles. “É horrível demais o que a gente passou por um produto que nem adquirimos, foi comprado pelo governo.”
Rosa entrou com uma ação na Vara Cível de Santa Cruz, no Rio de Janeiro, contra a Bayer em agosto de 2019. Dois anos depois ela não foi chamada ainda nem para a audiência de conciliação. “No Brasil há uma certeza de impunidade para essas grandes empresas. Vivo com medo, toda vez que vou ao médico recebo um diagnóstico novo”, desabafa.
A lentidão no Judiciário brasileiro fez as vítimas do Essure processarem a Bayer nos tribunais da Alemanha, país de origem da multinacional, agora em uma ação conjunta que surgiu a partir de outra vítima, a produtora de eventos Mônica Estellita, de 43 anos.
Ela tinha quatro filhos quando decidiu fazer uma laqueadura, que assim como no caso de Rosa, foi dificultada pelos médicos. Foi então que ela foi apresentada ao Essure. Todo procedimento foi realizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), no Hospital das Clínicas, em São Paulo, em 2015. Trinta minutos após o implante, Mônica foi liberada e ouviu que poderia ter uma vida normal, o que não aconteceu.
Primeiro vieram as alterações no ciclo menstrual e as cólicas, consideradas normais pelos médicos. “Fiz vários exames antes do implante, e minha saúde estava ótima. Depois tudo virou de ponta-cabeça. Tive inchaço nas pernas, dores por todo o corpo, manchas na pele, cansaço excessivo, muito suor com um odor horrível, até dores nas unhas e nos dentes eu tive. Mas eu não associava aquilo com o Essure nem imaginava que fosse por culpa dele”, explica.
Em fevereiro de 2017, Mônica foi surpreendida pela notícia de que o Essure havia sido proibido no Brasil. Segundo a Anvisa, relatórios técnico-científicos mostraram que o dispositivo poderia “provocar alterações no sangramento menstrual, gravidez indesejada, dor crônica, perfuração e migração do dispositivo, alergia e sensibilidade ou reações do tipo imune” e, por isso, foi classificado como de risco máximo.
Em dezembro de 2018, a Anvisa voltou a liberar o Essure no Brasil. O produto foi permanentemente retirado do mercado nacional só em 2019, após a própria Bayer pedir o encerramento do registro, alegando questões mercadológicas.
Mas a suspensão do produto fez Mônica pesquisar sobre os efeitos do Essure e encontrar milhares de mulheres com os mesmos problemas que ela. A partir disso, criou o grupo “Vítimas do Essure Brasil”, que começou a reunir mulheres que passaram pelo mesmo problema.
Ao saber que não estava sozinha, Mônica decidiu processar a Bayer e começou a reunir laudos médicos para isso. “Mas eu fui desacreditada pelos próprios médicos. Eles riam de mim. Falavam: ‘Você vai processar a Bayer? Quem você pensa que é?’”, diz. Até mesmo os advogados que procurou tinham receio de entrar com a ação. “Bayer é a Bayer, ela assusta”, diz Mônica relembrando o que ouviu dos profissionais.
O grupo só conseguiu apoio ao descobrir um escritório de advocacia internacional que trabalha com causas humanitárias, o PGMBM, de Londres. Na época, o escritório já estava representando cerca de 5 mil mulheres em ações semelhantes na Inglaterra e na Holanda.
A associada e advogada da PGMBM Bruna Ficklscherer conta que o escritório enviou uma carta para a Bayer em 23 de julho deste ano informando sobre o caso das brasileiras. “Informamos os sintomas e a responsabilidade da Bayer em relação ao mal que as vítimas enfrentam, os convidamos para um acordo de no mínimo 30 milhões de euros e pedimos o reconhecimento de responsabilidade sobre o dispositivo”, diz. A empresa não respondeu à carta.
A Justiça de alguns países europeus permite a possibilidade de processar a empresa no país em que ela está domiciliada, mesmo que o fato pelo qual seja processada tenha ocorrido em outra região. Bruna diz que a lentidão do sistema judiciário brasileiro e a falta de indenização das mulheres até o momento fizeram com que a PGMBM entendesse que o caminho mais eficaz seria processar a Bayer em Leverkusen, na Alemanha, onde a empresa está domiciliada.
Desde que a carta foi enviada à Bayer, mais 20 mulheres se juntaram à ação coletiva. “Sempre que sai uma reportagem sobre o caso, o meu celular não para de receber mensagens. São muitas mulheres em todos os cantos do Brasil que estão com a vida de pernas pro ar e não sabem o motivo”, diz. Por isso, Mônica afirma que se sente mal ao ver a Bayer continuar divulgando produtos contraceptivos como se nada tivesse acontecido. “A campanha mostra que eles não estão nem aí para o que aconteceu com a gente. Continuam colocando produtos no mercado, e quem garante que esses produtos são seguros? Eles diziam que o Essure era seguro e olha o que ele fez com a nossa vida.”
A reportagem entrou em contato com a Bayer Pharmaceuticals, responsável pelo Essure. Em nota, a empresa informou que se solidariza com todos que possam ter tido algum problema de saúde ao usar qualquer um dos produtos, independentemente da causa. “A Bayer confia na força de seu caso legal e no conjunto de evidências científicas do Essure, e a empresa pretende se defender no tribunal, caso haja ações judiciais.” A empresa informou que não tem conhecimento da ação do grupo de brasileiras movido na Alemanha.
Sobre o acordo de 2020 feito nos Estados Unidos, a Bayer relatou que é reflexo de uma decisão comercial impulsionada em grande parte pelos aspectos únicos do sistema de responsabilidade civil em massa do país, incluindo os altos custos de litígio. “Na verdade, não é incomum que uma empresa resolva casos nos EUA mesmo quando tem defesas meritórias, enquanto aqueles fora dos EUA continuam através do processo legal. Nos casos resolvidos nos EUA, não há admissão de irregularidade ou responsabilidade da Bayer nos acordos de liquidação”, diz a empresa em nota.
Confira a íntegra da nota da Bayer Crop Science e da Bayer Pharmaceuticals, neste link.
A reportagem procurou a assessoria de imprensa da cocriadora da campanha “Liberdade vem de dentro”, a cantora Manu Gavassi, que não respondeu.
Polêmicas envolvendo o nome da Bayer não são uma novidade. No século passado, a empresa já teve que ir a público explicar seu envolvimento com o nazismo. A Bayer foi fundada em 1863 como uma fábrica de corantes, e seu primeiro produto farmacêutico foi a aspirina, ainda no século XIX. Nos anos seguintes, entrou de vez na área da saúde com diversos contraceptivos e antibióticos.
Em 1925, a Bayer se juntou a outras cinco empresas alemãs e formou a IG Farben, o maior conglomerado da indústria farmacêutica e química do mundo. Na década de 1930, a empresa começou a se relacionar com o Partido Popular Alemão e o regime nazista de Hitler. Alguns produtos químicos usados no período do Holocausto passaram a ser fornecidos pela IG Farben, incluindo o sintético Zyklon-B, o gás usado nas câmaras dos campos de concentração. A empresa tinha fábricas dentro dos campos. Além de servirem de mão de obra, prisioneiros foram usados como cobaias em experiências com produtos. Essas histórias foram contadas no livro The Bayer story. Milestones 1863-1988, do jornalista Erik Verg, obra encomendada pela própria Bayer em 1988.
Com o fim da Segunda Guerra Mundial e a derrota de Hitler, o Conselho de Controle dos Aliados forçou a extinção da empresa, que foi desmembrada. Além da Bayer, uma das empresas que saíram do grupo foi a Basf, uma das quatro maiores produtoras de agrotóxico do mundo.
Os principais responsáveis pela IG Farben foram levados ao Tribunal de Nuremberg, em que foram julgados os crimes de guerra. Fritz ter Meer, o diretor operacional da IG Farben em Auschwitz, acabou sentenciado a sete anos, mas só ficou preso por dois, sendo libertado em 1950. Ele voltou a assumir a direção da Bayer entre 1956 e 1964. Em 1995, o presidente da Bayer nos Estados Unidos, Helge Wehmeier, pediu desculpas publicamente pelo envolvimento da empresa com o nazismo.
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Bayer aposta em “propaganda positiva” após processos por agrotóxicos e contraceptivos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU