Eslováquia, o Papa no "gueto" dos Rom: "Quando se alimenta o fechamento, mais cedo ou mais tarde, a raiva explode. É preciso integração"

Foto: Reprodução | Twitter

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15 Setembro 2021

 

Hoje, cerca de 4300 ciganos moram ali, a maior comunidade da Europa Oriental. As casas não têm gás e a água encanada só está disponível algumas horas por dia. Não há aquecimento. Francisco: "Vezes demais vocês foram objeto de preconceitos e juízos impiedosos, de estereótipos discriminatórios, de palavras e gestos difamatórios"

A reportagem é de Paolo Rodari, publicada por Repubblica, 14-09-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.

Lunìk IX, o "gueto cigano" em Košice, na Eslováquia. Foi aí que entrou Francisco. Rejeitado por todos, o bairro recebeu a bênção do Papa. E palavras que pedem integração: "Juízos e preconceitos só aumentam as distâncias. Contrastes e palavras fortes não ajudam. Guetizar as pessoas não resolve nada. Quando se alimenta o fechamento, mais cedo ou mais tarde, a raiva explode. O caminho para uma convivência pacífica é a integração”.

Francisco chegou a Lunìk IX à tarde, em seu penúltimo dia na Eslováquia, antes de retornar a Roma amanhã. A construção do bairro começou na década de 1970. Projetada como uma zona residencial para membros do exército e das forças de segurança, entre 1981 e 1989 acolheu um número cada vez maior de Rom. O governo os tirou de suas casas provisórias e os obrigou a se mudar para o bairro. Hoje, cerca de 4.300 Rom moram ali, a maior comunidade da Europa Oriental. As casas não têm gás e a água encanada só está disponível algumas horas por dia. Não há aquecimento.

A situação piorou com o retorno do soberanismo na Europa. Uma campanha de ódio contra os Rom também começou na Eslováquia. Folhetos propunham a esterilização dos Rom, quatorze muros foram erguidos para demarcar o território, para separar a cidade do bairro. De fato, aqui, os Rom estão isolados.

Francisco chega a este bairro para dar uma mensagem diferente: “Eu gostaria de dizer-lhe de coração - diz ele – vocês são bem-vindos, sintam-se sempre em casa na Igreja e nunca tenham medo de morar nela”. E ainda: “Que ninguém mantenha vocês nem qualquer outro fora da Igreja!”. “Não é fácil ir além do preconceito, mesmo entre os cristãos. Não é fácil apreciar os outros, muitas vezes vemos neles obstáculos ou adversários e expressamos juízos sem conhecer seus rostos e suas histórias. Mas vamos ouvir o que diz Jesus no Evangelho: 'Não julguem'”.

"Queridos irmãos e irmãs - continua o Papa -, vezes demais vocês foram objeto de preconceitos e juízos impiedosos, de estereótipos discriminatórios, de palavras e gestos difamatórios. Com isso todos nos tornamos mais pobres, pobres em humanidade. O que precisamos para recuperar a dignidade é passar dos preconceitos ao diálogo, dos fechamentos à integração".

 

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