24 Agosto 2021
O desemprego e a informalidade acentuaram-se entre os jovens da América Latina e Caribe, como consequência da crise econômica, da saúde dos confinamentos vividos desde o ano passado.
A reportagem é publicada por IPS Noticias e reproduzida por Jesuítas da América Latina, 12-08-2021. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
Os países da América Latina e Caribe enfrentam o desafio de uma “bomba-relógio” representada pelo alto desemprego, informalidade e falta de oportunidades para os jovens que estão deixando a crise por covid-19, alertou a Organização Internacional do Trabalho – OIT, na quinta-feira, 12 de agosto.
A população jovem “está entre os que sofrem com mais intensidade as consequências sociais e econômicas da pandemia na região, correndo o risco de passar a constituir uma geração do confinamento”, afirmou Vinícius Pinheiro, diretor-regional da OIT.
Os confinamentos impostos pela pandemia, junto com o retrocesso da economia na região (o PIB retraiu 7,7% em 2020) traduziu-se no fechamento de empresas e diminuição da renda e dos postos de trabalho, pois se perderam cerca de 26 milhões de empregos, com mulheres e jovens entre os mais afetados.
A declaração de Pinheiro se enquadra no Dia Internacional da Juventude, estabelecido em 1999 pela Assembleia Geral das Nações Unidas para destacar a situação e as aspirações de 1,2 bilhão de jovens, 15,5% da população mundial.
Na América Latina e no Caribe, a taxa média de desemprego dos jovens de 15 a 24 anos atingiu 23,8% no primeiro trimestre de 2021, a maior taxa registrada desde que essa média começou a ser traçada em 2006.
Esse número representa um aumento de mais de três pontos percentuais em relação ao nível anterior à pandemia e, paralelamente, a taxa de participação dos jovens no mercado de trabalho sofreu uma contração, também caindo cerca de três pontos, para um nível de 45,6%, de acordo com a OIT.
Isso implica que no início deste ano entre dois e três milhões de jovens ficaram fora do mercado de trabalho por falta de oportunidades de trabalho.
“Esta geração viveu os impactos da covid-19 por meio de uma multiplicidade de canais, como a interrupção de seus programas educacionais ou de treinamento e a ponte para o mercado de trabalho (estágios e aprendizagens), e a perda de emprego e de renda”, expôs Pinheiro.
Outra consequência é “a perspectiva de enfrentar maiores dificuldades para encontrar uma ocupação no futuro”, disse o responsável.
Afirmou ainda que “embora a demanda de emprego comece a apresentar um comportamento mais favorável, a par de um maior dinamismo econômico, as oportunidades de emprego para os jovens continuarão muito restritas”.
Ao mesmo tempo, “a já elevada incidência de informalidade entre esses trabalhadores, que afetava seis em cada dez jovens antes da pandemia, corre o risco de aumentar ainda mais”, disse Pinheiro.
De acordo com sua análise, a falta de oportunidades de emprego para jovens pode afetar a trajetória de carreira das pessoas e limitar suas chances de ter acesso a um trabalho decente no futuro.
Além disso, “eles são uma fonte de desânimo e frustração, que podem levar a situações de conflito e até mesmo afetar a governança em vários níveis”.
“Os protestos que surgiram em vários países da região antes da pandemia foram liderados por jovens. Depois de uma crise violenta que deixou muitas pessoas sem esperança, já vimos como em alguns países esses jovens voltam a exigir um futuro”, frisou.
Para enfrentar a “bomba-relógio”, o desafio do desemprego juvenil, é necessário recorrer a um conjunto de políticas que visem aumentar a oferta de empregos, estimular a contratação de jovens e apoiar empresas e empresários, segundo Pinheiro.
A educação e a formação também devem ser promovidas “de maneira que respondam às novas exigências dos mercados de trabalho, incluindo as da revolução digital”.
“Há um aspecto fundamental a ter em conta na concepção de estratégias para promover o emprego juvenil após esta pandemia terrível: não podemos prescindir da contribuição dos jovens”, concluiu Pinheiro.
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Desemprego juvenil na América Latina chega ao maior índice já registrado - Instituto Humanitas Unisinos - IHU