Neste espaço se entrelaçam poesia e mística. Por meio de orações de mestres espirituais de diferentes religiões, mergulhamos no Mistério que é a absoluta transcendência e a absoluta proximidade. Este serviço é uma iniciativa feita em parceria com o Prof. Dr. Faustino Teixeira, teólogo, professor e pesquisador do PPG em Ciências da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora - MG.
A eternidade
Acharam, veja só.
O que? A Eternidade.
É quando o mar dissolve-se
No sol da tarde.
Oh, alma sentinela,
Que confessemos logo,
Noite que nos cancela
E o dia em pleno fogo.
Dos sufrágios humanos,
Dos impulsos do mundo,
Liberte-se dos anos
E voe num segundo.
Pois só vocês não falham,
Centelhas de cetim,
O seu Dever exala
Sem que se diga, fim.
Lá não tem esperança,
Promessa de futuro.
Ciência e paciência,
O suplício é seguro.
Acharam, veja só.
O que? A Eternidade.
É quando o mar dissolve-se
No sol da tarde.
Fonte: Arthur Rimbaud. A eternidade. Publicado na Revista Pernambuco, n. 186, agosto de 2021, p. 21 (tradução de Rodrigo Garcia Lopes).
Jean-Nicolas Arthur Rimbaud (Retratado por Étienne Carjat | Wikimedia Commons)
Jean-Nicolas Arthur Rimbaud (1854 - 1891): Poeta francês, influenciou a literatura, a música e a arte modernas. Tinha fama de libertino e conhecido por ter uma alma inquieta, o que o levou a viajar de forma intensa por três continentes. Morreu jovem, aos 37 anos, por problemas decorrentes de um câncer.