19 Julho 2021
“A luta contra as mudanças climáticas é um desafio difícil, mas traz benefícios muito superior aos custos”. Luigi Paganetto, presidente da Fundação de Economia da Universidade Tor Vergata de Roma, é um dos economistas italianos mais experientes em temas ambientais.
A entrevista com Luigi Paganetto, é de Pietro Saccò, publicada por Avvenire, 18-07-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.
Eis a entrevista.
O que a enchente na Alemanha nos diz sobre a "contabilidade econômica" do compromisso pelo clima?
As autoridades alemãs reconheceram que o aspecto climático é o elemento decisivo das catástrofes ocorridas. Inundações, tufões e desastres deste tipo são cada vez mais frequentes e intensos, mesmo na Itália. O aumento das temperaturas dos oceanos e as mudanças nas correntes marítimas criam a situação climática que determina a possibilidade desses cataclismos. Isso confirma que devemos atuar sobre a emergência climática com medidas significativas no curto prazo. Do ponto de vista econômico, o custo da intervenção é elevado, mas pela parte que nos compete temos que assumir as responsabilidades.
O plano apresentado na quarta-feira pela Comissão Europeia é ambicioso e desafiador. Não é possível que o esforço econômico seja excessivo?
Devemos nos conscientizar que o empenho para conter as emissões deve ser visto em uma perspectiva de longo prazo. No entanto, os custos da operação que a Europa pretende realizar são muito inferiores aos benefícios. A Comissão previu também um fundo para conter os efeitos sociais dessas políticas: parte de 72,2 mil milhões até 2035, com a possibilidade de o duplicar. A extensão do sistema ETS sobre as emissões de CO2 a setores como a siderurgia, a aviação e o transporte marítimo cria problemas para setores inteiros, mas são problemas que devem ser enfrentados, pois é preciso levar em conta que a mudança em termos de empregos e crescimento de setores inteiros também tende a causar dificuldades para as famílias. No entanto, teremos a grande oportunidade de nos colocarmos na vanguarda mundial em tecnologias energéticas e a inovação do futuro.
O sistema industrial italiano está pronto para este desafio?
O país está atrasado em relação às inovações tecnológicas, digitais e energéticas, que impulsionam o desenvolvimento da economia global. Para alguns setores, será difícil. A história da Itália, no entanto, nos diz que o país tem uma grande capacidade de adaptação, evidenciada pelos sucessos na exportação de setores importantes de nossa economia. Não é protegendo as empresas de mudanças que alcançaremos os resultados desejados. Teremos que gerir com atenção uma transição histórica, apoiar quem terá dificuldades, principalmente o emprego, mas temos os recursos para ter sucesso.
A UE produz menos de 10% das emissões globais. A China mais de 30%. Sem um comprometimento global compartilhado, não corremos o risco de nos penalizar sem, no entanto, obter resultados sobre o clima?
O comprometimento com o clima nos beneficia. Como Europa, temos o problema de ter ficado para trás na tecnologia, que é o que hoje dá a grande vantagem competitiva na economia global. Precisamos nos recuperar em relação aos Estados Unidos e à China e podemos fazê-lo precisamente por meio da escolha de nos comprometermos com a transição ecológica e digital. Naturalmente teremos que fazer uma revisão precisa dos custos, precisaremos de muita atenção às questões sociais e de um investimento maciço em educação e capital humano, mas poderemos voltar a trajetórias economicamente vencedoras.
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“Os benefícios do compromisso pelo clima são muito superiores aos custos” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU