18 Mai 2021
Embora o Kirchentag Ecumênico em Frankfurt tenha se realizado quase exclusivamente em formato digital, católicos e protestantes se aproximaram um pouco mais. Mas do Vaticano chega o enésimo sinal de interrupção.
A reportagem é de Claudio Geymonat, publicado por Riforma, 17-05-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.
Com convites mútuos para a Ceia do Senhor, cristãos católicos e protestantes deram "sinais de unidade" no Congresso Ecumênico da Igreja em Frankfurt, na Alemanha, o Kirchentag, que terminou no domingo.
Assim disse o presidente da Conferência Episcopal alemã (DBK), Georg Bätzing. Em quatro cultos celebrados de forma presencial, os católicos foram convidados a participar da Ceia do Senhor evangélica, enquanto os protestantes puderam participar da Eucaristia católica.
Divulgação 3º Ökt (Foto: Reprodução)
O Kirchentag mostrou o "quanto mais nos une como cristãos do que nos divide", disse o presidente federal Frank-Walter Steinmeier no domingo, no final de quatro dias de encontros, em grande parte em formato digital devido à pandemia. O próprio Steinmeier é um cristão protestante, enquanto sua esposa Elke Büdenbender é católica: eles representam a realidade de inúmeras famílias inter-religiosas na Alemanha.
Embora os serviços religiosos em Frankfurt sejam vistos apenas como o primeiro passo para uma verdadeira comunhão entre católicos e protestantes, essa reaproximação é vista de forma crítica pelo Vaticano. O cardeal Gerhard Ludwig Müller, que como prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé há cinco anos zela pela pureza do ensinamento católico, falou de uma provocação. “Ninguém pode arbitrariamente e de acordo com seu próprio gosto explicar que as contradições entre as crenças evangélico-protestantes e católicas sejam irrelevantes ou ignoradas”, disse o ex-bispo de Regensburg.
O presidente do Comitê Central dos Católicos alemães, Thomas Sternberg, rejeitou as críticas de Müller. "Vivemos uma hospitalidade ecumênica", disse Sternberg na entrevista coletiva de encerramento do Kirchentag no domingo. “O caso todo me tocou muito, muito profundamente. Isso é um progresso ecumênico”, acrescentou. "Eu me senti em casa." Sternberg participou de uma Ceia do Senhor durante um culto protestante, enquanto sua homóloga Bettina Limpberg, que divide com Sternberg a presidência do comitê organizador do Kirchentag Ecumênico pelo lado protestante, compareceu à Eucaristia durante uma missa católica.
As declarações reforçam mais uma vez o equilíbrio que o presidente da DBK Bätzing deve realizar: a esmagadora maioria dos católicos na Alemanha está pressionando por reformas rápidas, mas a administração central romana coloca freios, para não dizer que bloqueia tais iniciativas.
A participação mútua na Ceia do Senhor, conforme recomendado pelo voto de teólogos católicos e protestantes de dois anos atrás, é um gesto ecumênico. Não se trata de uma liturgia de comunhão comum ou mesmo uma chamada intercelebração, para a qual a unidade das igrejas seria o pré-requisito e que o Vaticano proíbe severamente. Em vez disso, a livre decisão da consciência de todos os batizados é a base para a celebração.
No Congresso da Igreja Ecumênica, teólogos convidaram as pessoas a não desacelerar seus esforços em direção a uma Ceia do Senhor comum. "Devemos manter esse sofrimento vivo porque não podemos celebrar juntos à mesa do Senhor", disse o teólogo batista e historiador da igreja Andrea Strübind.
Divulgação 3º Ökt (Foto: Reprodução)
Os resultados de domingo também foram positivos para as igrejas anfitriãs. “O que ainda divide, vamos considerá-lo abertamente e enfrentá-lo com honestidade. Mas o que nos une é muito mais forte”, disse Bätzing. “O Kirchentag explorou as oportunidades digitais, abordou questões controversas e, acima de tudo, fortaleceu ainda mais o movimento ecumênico”, concluiu Volker Jung, presidente da Igreja Evangélica em Hesse e Nassau.
Segundo Sternberg, sua participação na Ceia do Senhor “é resultado de uma decisão de consciência”. Ele também está interessado em “derrubar uma fachada, como se os católicos não tivessem ido à Ceia do Senhor há tempo”. A maioria dos cristãos, entretanto, não entenderia as diferenças entre a Ceia do Senhor e a Eucaristia.
O estabelecimento do "Deutscher Evangelischer Kirchentag" (Dia da Igreja Protestante alemã) remonta a 1949 e começa com a livre circulação de pessoas, unidas pela fé cristã e por um empenho com o futuro da Igreja, do mundo e agora também do meio ambiente. O encontro é institucionalmente independente das igrejas protestantes e ocorre a cada dois anos. O Kirchentag Ecumênico, por seu lado, tem uma história mais curta: este encontro de 2021 em Frankfurt am Main foi na verdade a terceira edição, depois de Berlim em 2003 e Munique em 2010.
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Alemanha. Sinais de unidade entre protestantes e católicos alemães, juntos na Ceia do Senhor - Instituto Humanitas Unisinos - IHU