14 Abril 2021
"A minha ideia é que a convocação de Armando Matteo para a Doutrina da Fé assinala que a advertência do afastamento da humanidade do nosso tempo do cristianismo, aqui na Europa, não é só dos papas, que estavam perfeitamente cientes disso há pelo menos meio século, mas alcançou as antenas muito mais lentas do aparato curial", escreve Luigi Accatoli, vaticanista, em artigo publicado no seu blog, 12-04-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.
Armando Matteo - teólogo calabrês de cinquenta anos - hoje foi nomeado subsecretário adjunto da Congregação para a Doutrina da Fé. Conheço-o bem, aprecio-o muito e nos comentários digo por que considero importante essa nomeação, totalmente inesperada para mim: Dom Armando não parecia encontrar muita atenção nem na Conferência Episcopal italiana nem no Vaticano. Suas avaliações sobre o afastamento das novas gerações da fé eram consideradas demasiado negativas.
Comunicado do Vaticano. O Santo Padre nomeou Subsecretário Adjunto da Congregação para a Doutrina da Fé o Rev.do Armando Matteo, atualmente Professor de Teologia Fundamental na Pontifícia Universidade Urbaniana e Diretor do Jornal da Revista Urbaniana University Journal.
Armando Matteo nasceu em Catanzaro (Itália) em 21 de setembro de 1970. Foi ordenado sacerdote em 20 de dezembro de 1997 para a Arquidiocese Metropolitana de Catanzaro-Squillace. É formado em filosofia pela Universidade Católica do Sagrado Coração de Milão e doutor em teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma. Depois de ter exercido diversos ministérios na própria Arquidiocese, de 2005 a 2011 foi Assistente Eclesiástico Nacional da Federação Universitária Católica Italiana (FUCI) e, em 2012, Consultor Eclesiástico Nacional da Associação Italiana dos Mestres Católicos (AIMC).
É Professor de Teologia Fundamental na Pontifícia Universidade Urbaniana, Diretor da Revista Urbaniana University Journal e autor de numerosas publicações no âmbito teológico.
A tese central desenvolvida por Armando Matteo em suas obras é esta: “A única verdadeira grande urgência que o Cristianismo enfrenta hoje, em relação ao seu possível futuro, é exatamente a questão de como restabelecer relações significativas e frutuosas com os jovens”. É assim que ele a expressa na página 7 do livro "Todos jovens, nenhum jovem", da qual fiz uma recensão aqui no blog na época com este post: Armando Matteo e la giustizia linguistica verso i giovani, disponível aqui.
A minha ideia é que a convocação de Armando Matteo para a Doutrina da Fé assinala que a advertência do afastamento da humanidade do nosso tempo do cristianismo, aqui na Europa, não é só dos papas, que estavam perfeitamente cientes disso há pelo menos meio século, mas alcançou as antenas muito mais lentas do aparato curial. Com todo aquele trabalho que assinalei acima, em 2018 o padre Armando não foi chamado ao Sínodo sobre os jovens: na época aquela advertência era ainda inadequada.
Outro aspecto que vale a pena mencionar para esta nomeação é o órgão ao qual Dom Armando é chamado: não a Pastoral Juvenil do Dicastério para os Leigos, Família e Vida, mas a Doutrina da Fé. Como para dizer: precisamos de novas ideias para a pregação da fé, porque não devemos ficar somente na sua defesa.
Armando Matteo, autor do livro Presenza infranta. Il disagio postmoderno del cristianesimo. (Assise: Cittadella Editrice, 2008), participará do XX Simpósio Internacional IHU. A (I)Relevância pública do cristianismo num mundo em transição. O teólogo vai ministrar a conferência Presença fragmentada. O mal-estar pós-moderno do Cristianismo, no dia 04-06-2021, das 10h às 11h30min. Em breve, mais informações aqui.
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Armando Matteo na Doutrina da Fé: é uma boa surpresa e vou contar por quê - Instituto Humanitas Unisinos - IHU