Os bilionários no mundo aumentam em um terço. FMI: imposto sobre os ricos

Foto: Freepik

Mais Lidos

  • Esquizofrenia criativa: o clericalismo perigoso. Artigo de Marcos Aurélio Trindade

    LER MAIS
  • Alessandra Korap (1985), mais conhecida como Alessandra Munduruku, a mais influente ativista indígena do Brasil, reclama da falta de disposição do presidente brasileiro Lula da Silva em ouvir.

    “O avanço do capitalismo está nos matando”. Entrevista com Alessandra Munduruku, liderança indígena por trás dos protestos na COP30

    LER MAIS
  • O primeiro turno das eleições presidenciais resolveu a disputa interna da direita em favor de José Antonio Kast, que, com o apoio das facções radical e moderada (Johannes Kaiser e Evelyn Matthei), inicia com vantagem a corrida para La Moneda, onde enfrentará a candidata de esquerda, Jeannete Jara.

    Significados da curva à direita chilena. Entrevista com Tomás Leighton

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

09 Abril 2021

 

Para alguns a pandemia e o lockdown foram uma dádiva de Deus: os bilionários. O ranking anual de bilionários mundiais feito pela revista estadunidense Forbes confirma esse balanço: os últimos doze meses foram generosos com os imensamente ricos, os vencedores que mais lucraram com a crise. Suas fileiras aumentaram em 30%, acrescentando 660 novos participantes ao clube, que agora tem 2.755 membros. Seu patrimônio total em março de 2021 alcançou US $ 13,1 trilhões e aumentou em até US $ 5 trilhões apenas nos últimos doze meses, em um período que para a maioria da população foi marcado por mortes e doenças, desemprego e empobrecimento.

A reportagem é de Federico Rampini, publicada por La Repubblica, 08-04-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.

No topo da lista está Jeff Bezos, fundador e acionista majoritário da Amazon. Sua empresa venceu o desafio do lockdown ao aumentar sua participação no comércio digital para 42%. Em segundo lugar, Elon Musk da Tesla, seguido por Bernard Arnault (Lvmh), Bill Gates, Mark Zuckerberg (Facebook). O excelente desempenho de muitas bolsas de valores, entre as quais a de Wall Street, contribuiu significativamente para seu ulterior enriquecimento. Só nos Estados Unidos, os 400 mais ricos viram sua participação no PIB dobrar em dez anos, de 9% em 2010 para 18% em 2020.

Diante do novo aumento das desigualdades e da formidável aceleração da concentração da riqueza, o Fundo Monetário Internacional lança a proposta de um "imposto de solidariedade": deveria atingir os mais ricos e as empresas que obtiveram lucros excepcionais com a pandemia e o lockdown. Vitor Gaspar, chefe da seção fiscal do FMI, lança a proposta aos governos para que “os cidadãos percebam que todos contribuem para o esforço de recuperação”. O gerente do FMI enfatiza que 2020 empobreceu particularmente os setores mais jovens e as faixas mais fracas da força de trabalho; recorda o precedente da Alemanha que aumentou a alíquota sobre a faixa de rendimentos mais elevada como um imposto de solidariedade para financiar a reunificação.

Segundo o especialista do Fundo, essa sobretaxa temporária sobre a renda dos mais ricos deveria ser acompanhada por outra sobre os lucros excedentes acumulados em 2020 por muitas empresas. A proposta do FMI está alinhada com as mudanças na política fiscal estadunidense propostas por Joe Biden, e que terá que enfrentar o processo de aprovação no Congresso. Acima de tudo está o aumento do imposto sobre o lucro das empresas de 21% para 28%, ao qual o governo Biden quer adicionar um imposto mínimo global (global minimum tax) sobre as multinacionais.

Algo semelhante está acontecendo localmente, pelo menos nos estados USA governados por democratas. É o caso de Nova York, onde o governador Andrew Cuomo definiu com a assembleia legislativa local um orçamento de 212 bilhões com duas medidas radicais. Por um lado, o aumento da tributação local sobre empresas e pessoas físicas de alta renda, que deveria render 4,3 bilhões de receitas adicionais. Por outro lado, dois bilhões de ajuda aos imigrantes sem visto de residência, para compensá-los por não terem recebido os subsídios federais concedidos pelas várias medidas anticrise de 2020 e 2021.

A virada de Cuomo não era dada como certa visto que no passado o governador havia se distinguido por suas posições moderadas e centristas. Mas toda política econômica está se movendo em direção a uma finalidade redistributiva. O primeiro projeto de lei orçamentário aprovado pelo Congresso durante a presidência de Biden destinou US $ 1,9 trilhão principalmente para aumentar a renda da classe média e dos pobres.

 

Leia mais