Pesquisa mostra que congregações são importantes na luta pela justiça racial nos EUA

Negros americanos entendem que as igrejas predominantemente negras têm desempenhado um papel valioso na luta pela igualdade racial na sociedade dos Estados Unidos. Ainda assim, a maioria dessa população (61%) expressa que as congregações negras deveriam ser mais diversificadas racial e etnicamente. Apenas um terço (33%) diz que elas devem preservar seu caráter racial como o fizeram até aqui.

A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista. 

O diagnóstico faz parte da pesquisa do Pew Research Center, focada na descrição da rica diversidade dos negros estadunidenses, que ouviu 8.660 negr@s, de 19 de novembro de 2019 a 3 de junho de 2020. Esta foi a primeira pesquisa em larga escala do Pew Center, nacionalmente representativa, com o propósito de ajudar a compreender aspectos distintos da vida religiosa da população negra. 

Cabe, contudo, uma ressalva: a maioria d@s entrevistad@s participou da pesquisa no início de 2020, antes do dia 25 de maio do ano passado, quando George Floyd foi algemado e morreu sufocado por policiais de Minneapolis. Com o florescimento do movimento “Vidas Negras Importam” o resultado do levantamento do Pew Center possivelmente teria outras respostas depois desse crime. 

O protestantismo predomina a paisagem religiosa negra norte-americana. Dois terços da população negra do país (66%) são protestantes, 6% católicos, 3% se identificam com outras religiões cristãs e 3% seguem o islamismo. Mas 21% não são afiliados a nenhuma religião, identificando-se como agnósticos ou “nada em particular”. As novas gerações estão aumentando esse percentual. Elas são, assim como os jovens americanos em geral, menos religiosos que as gerações anteriores. 

A pesquisa mostra que as congregações negras são distintas de várias maneiras, além da composição racial. O relatório do Pew Center dividiu os locais de culto protestantes em três categorias: congregações negras, congregações multirraciais e congregações brancas ou de outras raças. 

O conteúdo dos sermões revelam distinções. Negr@as estadunidenses que frequentam congregações negras têm mais probabilidade de dizer que ouvem mensagens do púlpito sobre determinados tópicos, como relações raciais e reforma da justiça criminal. Mas têm menos probabilidade do que frequentadores de outras congregações de terem ouvido recentemente sermão, palestra ou debate em grupo sobre aborto. 

Um outro diferencial diz respeito à atmosfera de adoração nas celebrações. Frequentador@s de congregações protestantes negras gritam “amém” ou outras expressões de aprovação nos sermões, e também se manifestam por meio de danças, pulos ou gritos espontâneos. A maioria desses frequentadores (54%) arrolou que nos cultos há o falar ou orar em línguas, uma prática associada ao pentecostalismo. 

A maioria das pessoas negras adultas diz que confia na oração quando da tomada de decisões importantes e vê a oposição ao racismo como essencial para a sua fé religiosa. 

A pesquisa ouviu, ainda, negros emigrados da África subsaariana, que somam 5% da população negra adulta estadunidense, e negros nascidos no Caribe e hoje residentes nos Estados Unidos (6% da população negra total do país). 

Os africanos subsaarianos mostram um comportamento religioso mais ativo, são mais conservadores e mais propensos a se identificarem como o catolicismo ou com nenhuma denominação cristã. Também são mais propensos, comparados a negros americanos, a dizer que a religião é muito importante em suas vidas, e a acreditar que as pessoas de fé têm o dever de converter @s descrentes. 

Um outro foco da pesquisa tratou da afinidade política. A maioria dos negros americanos (84%) é democrata ou inclina-se para o Partido Democrata. Apenas 10% dizem que são republicanos ou republicanos enxutos. De várias maneiras, indica o relatório do Pew Center, as vidas religiosas de democratas e republicanos negros são semelhantes, embora os republicanos brancos tendem a ser mais religiosos do que os democratas brancos. 

Menos da metade dos republicanos negros que frequentam serviços religiosos (43%) vão para uma congregação negra, em comparação com a maioria dos democratas negros (64%). Republicanos negros têm mais probabilidade que democratas negros de participarem de congregações onde a maioria dos frequentadores é branca (22% e 11% respectivamente).

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