19 Fevereiro 2021
O Conselho Episcopal Latino-americano (CELAM) participou na conversa "Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, um passo decisivo no caminho da sinodalidade?", organizada por Religión Digital, onde foram analisados os diferentes itinerários deste evento sem precedentes a realizar no próximo mês de novembro.
A reportagem é de Ángel Alberto Morillo, publicada por Prensa CELAM, 18-02-2021. A tradução é de Luis Miguel Modino.
A Irmã Gloria Liliana Franco, presidenta da Confederação Latino-Americana e Caribenha de Religiosos e Religiosas (CLAR), foi também panelista nesta atividade. Ela encorajou a vida consagrada do continente a empenhar-se plenamente no processo de preparação desta Assembleia Eclesial.
Após o seu lançamento, a 24 de janeiro, o comité organizador, apoiado pelo CELAM, iniciará nos próximos meses um amplo processo de escuta com todos os atores eclesiais do continente, a partir dos seus diversos carismas, realidades e espiritualidades.
Dom Miguel Cabrejos Vidarte, presidente do CELAM e Arcebispo de Trujillo (Peru), salientou que a Assembleia é aberta: "É um apelo, não só aos que ocupam cargos, responsabilidades, agentes pastorais, especialistas em teologia, mas a todos os fiéis cristãos".
"O Papa Francisco enfatiza sempre o povo de Deus, que é o sujeito histórico da Evangelização", por isso "entende-se que cada batizado é chamado a ser um protagonista. Desde a missão de Aparecida, somos discípulos missionários", explicou ele.
O arcebispo mencionou que o conteúdo de Evangelii Gaudium é uma referência à teologia da sinodalidade, que "está a abrir novos caminhos que os fiéis percorrem no caminho da evangelização e da missão".
Dom Cabrejos não exclui que depois desta primeira Assembleia "dentro de dois ou três anos" possa ser realizada novamente "com outros temas", porque o essencial "é a participação de todo o Povo Santo de Deus".
Foto: enviada por Luis Miguel Modino
O prelado também nos convidou a não ter medo dos ventos da mudança, porque "na Igreja há um princípio: Ecclesia semper reformanda e este é um princípio fundamental", portanto "uma Igreja que não se converte ou se reestrutura já está morta".
O padre mexicano David Jasso, secretário adjunto do CELAM e promotor da comissão para a Assembleia Eclesial, explicou durante a sua intervenção que tem havido um árduo processo de preparação desde fevereiro de 2020, quando "se realizou a primeira reunião no México".
Desde então, "várias instâncias eclesiais da América Latina e do Caribe como instituições de âmbito global têm vindo se somando ao caminho" para se juntarem às várias comissões. Um trabalho que "nem a pandemia foi capaz de parar".
O presbítero explicou que a Assembleia terá um formato presencial no México com aforo restrito, enquanto a maior parte da participação será através de locais virtuais. O objetivo é atingir as bases, para que nenhuma paróquia, comunidade, escola, grupo, ou instituição, por mais remota que seja, deixe de participar.
Padre Jasso afirma: "Não há povo sem caminho, não há caminho sem povo", por essa razão "somos povo, porque caminhamos com Jesus", que nesta peregrinação "se encontra com os doentes, com os discípulos", em suma, para ser sempre uma igreja em saída, sinodal, em constante movimento.
Um dos momentos chave da Assembleia será o processo de escuta, que está prestes a ter lugar. A este respeito, Maurício López, secretário (interino) do Centro de Programas e Redes de Ação Pastoral, disse que "organizámos uma comissão de trabalho com todas as instituições eclesiais", a fim de gerar um processo de escuta genuína, onde "é incorporado o discernimento sobre as mudanças necessárias".
Lopez assegurou que "o fundamental é dar canal a todas as instruções do Espírito Santo, esse Espírito da Ruah, que nos tem dado durante anos desde o Concílio Vaticano II" para termos "como pedra angular" aqueles que se encontram nas periferias: "Nada mais evangélico do que isso".
Disse também que todo este processo da Assembleia Eclesial "tem a ver com ser canal do espírito" e não desistir destes apelos à unidade que são "uma resposta por transbordo", embora "alguns não se enquadrem bem", uma vez que "não compreendem a novidade" como aconteceu com a Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA).
O leigo destacou três aspectos: metanoia, para levar o povo a participar e influenciar as decisões; alteridade, para ser uma Igreja com compartimentos menos estanques e mais processualidade; e parrésia, para dar essa palavra profética, para ter esse compromisso de encarnar nas realidades onde os outros não vão.
A Irmã Gloria Liliana Franco, presidenta da CLAR, indicou que no quadro da Assembleia é necessário "propiciar cenários de encontro e reflexão a partir do eco da realidade do povo", num apelo não só a serem discípulos missionários, mas também irmãos e irmãs.
A religiosa elogiou "os pequenos sinais" que realmente mostram uma mudança na Igreja ao incluir "na lei canónica dos ministérios do acolitado - leitorado feminino e a nomeação de Natalie Becquart, como subsecretária sinodal, o que lhe dá o direito de voto no próximo sínodo".
A Irmã Gloria Liliana ratifica que "milhares de religiosos em todos os países do continente estão a dar prioridade a caminhar com o seu povo apesar das muitas limitações" e "muitas vezes a partir do lugar do anonimato, mas acredito que o lugar do anonimato no Evangelho é o lugar da encarnação".
"Queremos empenhar-nos na realização desta Assembleia, convencidos de que este é um novo kairos e, acima de tudo, comprometemo-nos a implementar o itinerário, o discipulado e as missões que possam surgir como resultado deste encontro", acrescentou ela.
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CELAM analisa os itinerários da Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe no caminho para o processo de escuta - Instituto Humanitas Unisinos - IHU