09 Fevereiro 2021
“Nunca tinha imaginado. Sinto que o Espírito Santo está cheio de surpresas”, destaca Nathalie Becquart, sobre ser a primeira mulher subsecretária do Sínodo dos Bispos, o que também lhe faz ser a primeira mulher com direito a voto no Sínodo.
“Estou bastante impressionada e ao mesmo tempo recebo como um chamado da Igreja e do Papa Francisco que vem a se unir a um chamado interior que venho escutando há muitos anos para servir ao sínodo”, afirma Becquart nesta entrevista.
Ela confessa que “acabo de passar um ano e meio fazendo uma pesquisa na Boston College sobre a sinodalidade e chegou esse chamado para me unir a esse trabalho. Também tive a experiência do Sínodo dos Bispos sobre os jovens, que foi um momento muito forte para mim. Assim, com tudo isso, enfrento esta nova etapa que realmente vejo como uma nova aventura”.
A entrevista é de Marine Henriot, publicada por Religión Digital, 06-02-2020. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
Como recebeu este gesto de confiança do Santo Padre?
Estou muito comovida por esta confiança do Santo Padre que me faz tocar algo do dom de Deus, que se entrega de chamado em chamado. Comovida também por me unir ao cardeal Mario Grech. Eu já tinha alguma relação com ele, pois fui, durante dois anos, consultora da Secretaria Geral do Sínodo.
Isso cai sobre mim, mas também recebo como um sinal de confiança para as mulheres na Igreja, para as religiosas, e mais amplamente também para os leigos, em resposta a tudo o que foi dito nos último Sínodos e no que o Papa insiste muito: o desafio de envolver as mulheres na tomada de decisões e no discernimento na Igreja.
O que significa ser a primeira mulher neste posto?
Vejo como um requisito espiritual adicional. Quanto mais responsabilidade tens, mais tens que servir. O que é bom e útil para mim é já ter visto mulheres subsecretárias, já que, em meus anos na Conferência Episcopal, tive a oportunidade de estar em contato com os dicastérios dos campos de missão representados pelo serviço de Juventude e Vocações, isso é, a Congregação para a Vida Consagrada (...), a seção de Juventude do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida onde trabalham duas subsecretárias leigas. Tendo em vista estas figuras de mulheres que levam a cabo este tipo de missão, sinto que me ajuda.
Qual será a sua missão e que contribuição espera fazer?
A missão do subsecretário, tal como se define na Constituição Apostólica Episcopalis Communio, promulgada em 2018, é realmente a de ser assistente do Secretário Geral acompanhando-o em todas suas missões. Neste caso, o que é uma sorte, é que somos dois os designados e vamos trabalhar juntos com cardeal Mario Grech. Encanta-me trabalhar em uma equipe diversificada, como sempre fiz em minhas diferentes experiências; e para mim, o desafio é este: trabalhar juntos na Igreja, homens, mulheres, padres, bispos, leigos, religiosos e religiosas, na diversidade de vocações.
Essa nomeação chega em um momento em que sua congregação celebra seu centenário...
Também recebo esta nomeação como irmã xaveriana, levada com toda minha comunidade que acaba de entrar em seu centenário, inaugurado em 04 de fevereiro. E creio que este chamado à sinodalidade está muito em consonância com o carisma dos Xaverianos, que é ser um vínculo entre a Igreja e os que estão longe dela, para trabalha pela reconciliação e pela unidade. Por isso que também com a vocação de xaveriana tenho o desejo de servir, da melhor forma possível, a esta nova missão para a sinodalidade na Igreja.
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Um sinal de confiança para as mulheres na Igreja. Entrevista com Nathalie Becquart - Instituto Humanitas Unisinos - IHU