08 Fevereiro 2021
Os bispos de Mallorca, Tenerife e Orihuela-Alicante, que se somaram (“legalmente”) ao de Córdoba, vacinaram-se contra o vírus da pandemia que nos atinge. Servindo-se do cargo que ocupam, adiantaram-se a milhões de cidadãos, que vivem angustiados diante do possível contágio que ameaça a todos nós.
O comentário é de José María Castillo, teólogo espanhol, publicado por Religión Digital, 06-02-2021. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
Sem dúvidas, esses bispos fizeram o que fizeram não só com a consciência tranquila, mas também com o convencimento de que isto é o que tinham que fazer. Para ser mais úteis nas dioceses que governam e nos muitos, e importantes, assuntos que precisam enfrentar e resolver. Até aqui, estamos de acordo.
O problema que vejo é que tudo isto me parece que não se encaixa às leis vigentes em nosso país. Isto diante do todo. Mas, ao se tratar de bispos, a coisa se complica. Porque os bispos – segundo a teologia mais ortodoxa – são os sucessores dos apóstolos. E o Evangelho diz-nos que o Jesus disse aos apóstolos que “os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos” (Marcos 10, 31; Mateus 19, 30). Palavras do Senhor que iam diretamente a aqueles primeiros apóstolos. Levando em conta que, segundo explicam os estudiosos mais entendidos nos Evangelhos, esta sentença de Jesus representa e exige “a inversão das relações humanas” (Bultmann, H. G. Link, J. Baumgarten).
Tendo em vista fatos como estes, compreende-se que exista tanta gente que não quer nem escutar falar de religião. De “humanidade”, de “testemunho” e de “Evangelho”... “parole, parole!, parole!” (1).
Nota do IHU:
1.- O teólogo espanhol reproduz aqui o que disse o Papa Francisco no Angelus, domingo, 31 de janeiro de 2021, citando a cantora italiana Mina. A tradução portuguesa pode ser “blá, blá, blá!”. Ver aqui.
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José M. Castillo aos que furam a fila de vacinação: “os primeiros serão os últimos” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU