15 Dezembro 2020
Papa enviou uma mensagem à última cúpula virtual sobre o clima, reafirmando que a proteção do meio ambiente deve estar ligada à luta contra a pobreza.
A reportagem é de Heloïse de Neuville, publicada por La Croix, 14-12-2020. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
O papa Francisco relembrou os líderes mundiais que os esforços para uma proteção ambiental não podem ser bem sucedidos a menos que estejam ligados à luta contra a pobreza.
O Papa, que esteve confinado no Vaticano na maior parte do ano devido à pandemia de covid-19, direcionou uma mensagem aos líderes mundiais em 12 de dezembro durante uma cúpula virtual sobre o clima organizada pelas Nações Unidas.
Francisco tem acompanhado de perto os desenvolvimentos internacionais relacionados às negociações internacionais sobre o clima nos cinco anos desde que o Acordo de Paris sobre mudanças climáticas foi ratificado.
Juntando-se a ele na cúpula virtual do sábado passado estavam dezenas de chefes de estado e de governo, incluindo o presidente francês Emmanuel Macron, a chanceler alemã Angela Merkel e o presidente chinês Xi Jinping.
O encontro online teve como objetivo dar um novo ímpeto à luta contra o aquecimento global e reafirmar seu compromisso compartilhado nesta área, já que a década mais quente está chegando ao fim.
O lugar da dignidade humana e do bem comum
Francisco reiterou seu próprio compromisso com a promoção de “uma ecologia integral que coloque a dignidade humana e o bem comum em seu centro”, conforme expressou em sua encíclica Laudato si'.
O Papa destacou os esforços do Vaticano para reduzir seu impacto energético e anunciou que a pequena cidade-estado está trabalhando para zerar as emissões de carbono até 2050.
Ele também insistiu que a luta contra o aquecimento global deve seguir uma linha ética clara.
“Medidas políticas e técnicas devem estar ligadas a um processo educacional que promove um modelo cultural de desenvolvimento e sustentabilidade, centrado na fraternidade e parceria entre seres humanos e meio ambiente”, explicou o Papa argentino.
Ele disse que a luta por uma dignidade humana e a proteção dos mais fracos deve ser vista como parte e parcela de uma luta para salvar o meio ambiente.
Francisco apontou que o Vaticano está fortemente comprometido com seu próprio Pacto Educativo Global, cuja intenção é ajudar escolas católicas e universidades (atendidas por mais de 70 milhões de estudantes ao redor do mundo) na conversão cultural para a ecologia integral.
Uma economia mais justa, sustentável e inclusiva
O Papa lançou o Pacto em 2019, para promover “uma metamorfose para o mundo não é apenas cultural, mas também antropológica”.
Esse é um plano para uma “aliança educacional entre os habitantes da Terra para ‘uma casa comum’ que deve ser cuidada e respeitada”.
O Papa também informou os líderes globais sobre o lançamento da “Economia de Francisco”. Esse evento ocorrido algumas semanas atrás reuniu e encorajou empreendedores e economistas cristãos no desejo de construir uma economia mais justa, sustentável e inclusiva.
Francisco regularmente fala sobre questões econômicas desde que iniciou seu pontificado em março de 2013.
Em particular, ele tem denunciado os efeitos de um sistema desregulado e tem clamado por “uma economia e um mercado que sejam inclusivos e igualitários”, os quais também devem garantir “respeito pelo meio ambiente”.
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Francisco pressiona líderes mundiais sobre a necessidade da “ecologia integral” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU