24 Novembro 2020
O dilema é “aborto clandestino ou aborto em um hospital”, afirma o presidente argentino.
Alberto Fernández disse ser católico, porém não estar de acordo com a “lógica” da Igreja neste tema. E antecipou que se Francisco lhe questionar responderá algo similar ao que um presidente francês disse a Paulo VI: “governo para muitos que não são”. Ele também disse esperar que o papa Francisco não se irrite com ele quando a Argentina legalizar o aborto.
“Espero que não se irrite, porque ele sabe quanto o admiro e o valorizo. E que entenda que tenho que resolver um problema de saúde pública argentina”, defendeu em declarações ao programa Corea del Centro, no canal do jornal Perfil.
“Enfim, o Vaticano é um Estado dentro de um país que se chama Itália, onde o aborto está permitido há muitos anos”, lembrou.
A reportagem é publicada por Religión Digital, 23-11-2020. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
O mandatário antecipou que se eventualmente houver queixas por parte do pontífice, responderá algo similar ao que o presidente Valéry Giscard d’Estaing, que também dizia professar o catolicismo, respondeu ao então papa Paulo VI quando legalizou o aborto na França em 1975: “Eu governo para muitos franceses que não são católicos e tenho que resolver um problema de saúde pública”.
“A mim ocorre mais ou menos o mesmo”, assegurou Fernández.
“Isto não é contra ninguém, é para resolver um problema e que a lei do aborto saia, não o faz obrigatório e as que tem suas convicções religiosas, todas muito respeitáveis, não estão obrigadas a abortar”, assegurou.
O presidente insistiu em destacar que “o verdadeiro debate não é aborto sim, ou aborto não”, mas sim que “o verdadeiro debate é aborto na clandestinidade ou em um hospital público”.
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Argentina. “Espero que Papa entenda que o aborto é um tema de saúde pública”, diz Alberto Fernández - Instituto Humanitas Unisinos - IHU