Covid-19: milhões morrerão sem tratamento. Cruz Vermelha: “O vírus tira recursos”

Foto: Cruz Vermelha Brasileira

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16 Novembro 2020

Cinquenta e três milhões de contagiados, 1,3 milhão de mortos: o saldo da Covid-19 já seria assustador, se não fosse totalmente falacioso. Na realidade, as vítimas já são muitas mais, porque o esforço contra a pandemia deslocou energias do sistema de saúde e científico que eram indispensáveis em mil outras frentes. E um cálculo dos “danos colaterais” é mais preocupante do que o número direto das vítimas. Os números da Federação Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho deixam pouco espaço para dúvidas: entre tratamentos negligenciados, cirurgias adiadas, campanhas de vacinação canceladas, o saldo geral da pandemia, de fato, dobrou.

A reportagem é de Giampaolo Cadalanu, publicada por La Repubblica, 14-11-2020. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

“Na Cruz Vermelha, falamos imediatamente de um impacto direto sobre a saúde das pessoas afetadas e de um impacto indireto sobre outras patologias. O problema é real: segundo um relatório da Organização Mundial da Saúde, 90 países em cada 100 relatam problemas com os serviços essenciais de saúde, e isso vale principalmente para os países com baixo nível de desenvolvimento”, afirma Emanuele Capobianco, diretor de Saúde da Federação.

O desastre que vem pela frente diz respeito a quase todos os setores da atividade médica: “Falemos das vacinações: a pandemia atingiu 70% dos programas, pondo em risco 80 milhões de crianças, que não foram imunizadas contra a difteria, o sarampo, a poliomielite. E estamos falando do equivalente a 10 vezes a população da Suíça. Tomemos o exemplo do Paquistão: de acordo com os nossos dados, o confinamento em Karachi reduziu em mais da metade a campanha de vacinação, e, mesmo no fim do isolamento, o saldo ainda era de menos 27%”.

As diversas medidas para conter os contágios, adotadas em quase todo o planeta, provocaram dificuldades no fornecimento de vacinas, senão o cancelamento das atividades regulares e das campanhas de imunização.

“Além disso, há também outro efeito”, diz o especialista, “o medo da população, que não se aproxima dos postos de saúde por medo do contágio.”

Nessa situação, as doenças perigosas se tornam letais. As estimativas do Fundo Global contra a tuberculose, a Aids e a malária falam de uma possível duplicação das mortes ligadas a essas doenças. Preveem-se 4,9 milhões de mortes, ou seja, o dobro do nível atual, medido ao longo de períodos de assistência de saúde normal. Esse número, em comparação com a conta total da pandemia, dá um balanço da hecatombe.

O acesso aos serviços de diagnóstico e aos de emergência também teve consequências graves. A OMS informa que as visitas aos pronto-socorros estão colapsando, o sistema de tratamento dos tumores está passando por problemas em todos os lugares, sem falar dos serviços de saúde ligados ao planejamento familiar ou à saúde mental.

“Dá-se prioridade ao diagnóstico do vírus, e todo o restante é considerado como não essencial”, sublinha Capobianco. “Por isso, as nossas campanhas contra a malária na África também devem ser consideradas um sucesso. Conseguimos distribuir os mosquiteiros de forma ampla, ao mesmo tempo protegendo os voluntários do contágio. Em suma, salvamos vidas. E é só isso que importa.”

 

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