10 Novembro 2023
Subsídio elaborado pelo grupo de biblistas da Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana - ESTEF: Dr. Bruno Glaab, Me. Carlos Rodrigo Dutra, Dr. Humberto Maiztegui e Me. Rita de Cácia Ló. Edição: Dr. Vanildo Luiz Zugno.
Primeira Leitura: Sb 6,12-16
Salmo: 62,2-8 (R.2b)
Segunda Leitura: 1Ts 4,13-18
Evangelho: Mt 25,1-13
Para entendemos a perícope de hoje, é necessário situá-la entre as parábolas do mordomo (24,45-51) e dos talentos (25,14-30).
As três parábolas que percorrem o texto de Mt 24,45 a Mt 25,30 são estreitamente articuladas a partir de uma abordagem temática e lexical. A primeira (24,45ss.) é aquela do servo “fiel” (pistós) e “prudente” (phrónimos). Estes dois adjetivos formam as duas coordenadas da vigilância messiânica, segundo Mateus.
A segunda parábola, a das virgens, aprofunda o aspecto da “prudência”. A terceira, a dos talentos, põe o acento sobre a “fidelidade”.
O convite que está ao fim da parábola das dez virgens oferece a chave para seu entendimento: “Vigiai porque não sabeis o dia nem a hora” (v.13).
No Evangelho segundo Mateus (Mt 25,1-13), transparece a inteligência de quem sabe que a parusia demora e, não obstante essa demora, refulge a fidelidade de quem permanece obediente,
O problema abordado é aquele da parusia que custa a chegar, dos tempos mais longos do que previstos: “Atrasando o noivo” (25,5).
A parábola das dez virgens reforça, ainda, o tema dos “dois caminhos” (cf. 7,13ss.): cinco virgens são prudentes, mas cinco são insensatas. A alternativa com a qual é confrontado o leitor ou a leitora reforça o caráter exortativo da parábola e lhe dá uma grande coerência estrutural.
Em que consiste a “prudência”? Em levar em consideração a possibilidade de uma longa espera, sem desanimar na fidelidade à própria tarefa.
O texto nos mostra um estranho matrimônio que vê dez virgens irem ao encontro do esposo e algumas delas entrarem no quarto nupcial, enquanto não se diz nada a respeito da noiva. Em uma festa real de matrimônio, as virgens teriam acompanhado em cortejo a noiva, não o noivo.
Três elementos-chave da parábola não se deixam explicar senão em termos alegóricos:
a) O “noivo” (ho nýmphios) ao qual as virgens vão ao encontro é claramente uma metáfora para o Messias.
b) A noiva não é nunca mencionada, e tudo faz pensar que as dez “virgens” (parthénoi) a representem corporativamente, ou seja, são figura da Igreja, que na globalidade de seus membros é chamada “esposa” do Messias.
c) O detalhe do “cochilo” e do “sono” é imprescindível na interpretação da parábola, visto que prepara a surpresa da vinda no coração da noite e também porque sublinha eficazmente a duração da espera.
Mateus esclarece desde o início que, tal como as virgens prudentes e as insensatas, a Igreja é um corpo misto. A diferença entre elas não é de natureza moral, visto que “todas acabaram dormindo” (v. 5). A diferença, basicamente, é uma questão de inteligência, de cálculo: haver previsto ou não a possibilidade de atraso do noivo e estar equipados/as adequadamente.
O erro das insensatas é somente não estarem prevenidas com óleo. Uma desatenção, uma banal distração que, no entanto, no momento crucial da história, não pode ser remediada.
A parábola nos deixa uma lição de inteligência sobre o saber como lidar com um tempo longo.
A Sabedoria da primeira leitura, é muito mais que uma doutrina. Ela designa a verdade divina que, irradiada, apela ao interior da pessoa humana. A Sabedoria (o noivo/Messias do Evangelho) se deixa encontrar, se dá a conhecer e, mais que isso, ela mesma busca os que a merecem. E quem a merece? Quem por ela vigia com prudência.
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