05 Outubro 2020
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Terminei de ler a nova carta encíclica do papa Francisco, sobre a fraternidade universal: Fratelli Tutti – divulgada hoje, 03/10/2020, em Assis, junto ao túmulo de São Francisco. É uma encíclica muito bela, corajosa, destemida e terna. Os grandes temas do momento comparecem com muita riqueza e pertinência: os temas da luta em favor da paz, do diálogo, da luta em favor dos direitos humanos e das sombras que habitam o nosso tempo.
Uma reflexão que nos provoca a olhar para o alto e para o campo da realidade, com destemor e coragem. O amor, a caridade, a misericórdia, a acolhida são valores maravilhosos que comparecem todo o tempo na reflexão de Francisco.
O que vemos no texto é um "coração aberto ao mundo inteiro", que busca por todo tempo, entre as brechas de um tempo sombrio e egoísta, os caminhos de uma "política melhor", de "caridade social e política".
Os mais pobres e excluídos encontram ali uma acolhida mais que especial, mas também os que sofrem, os que estão abandonados e os velhos. Não se furta a falar da pandemia com destemor, denunciando com um grito solene as mazelas que acompanham o tratamento internacional da questão, sobretudo em alguns países dominados pelo poder da produtividade e da lógica do mercado.
Como poucos documentos da igreja católica, percebemos como reverbera bonito o tema do diálogo, que se dá no respeito à identidade.
Há um carinho particular com todas as outras religiões, pontuada por reverência e respeito. Não nega a importância de continuarmos fazendo vibrar no mundo a "música do evangelho", mas os outros também são acolhidos com carinho. Ao falar dos outros amigos diz:
"Outros bebem doutras fontes. Para nós, este manancial de dignidade humana e fraternidade está no Evangelho de Jesus Cristo."
A igreja vem convidada ao alargar seu olhar para captar "a beleza do convite ao amor universal", bem como entender que "onde quer que as assembleias dos povos se reúnam para determinar os direitos e os deveres do homem" ela se sente honrada.
E linda esta outra citação:
“Entre as religiões, é possível um caminho de paz. O ponto de partida deve ser o olhar de Deus. Porque, ‘Deus não olha com os olhos, Deus olha com o coração. E o amor de Deus é o mesmo para cada pessoa, seja qual for a religião. E se é um ateu, é o mesmo amor. Quando chegar o último dia e houver a luz suficiente na terra para poder ver as coisas como são, não faltarão surpresas!’”
TF 282
(Citação retirada do filme de Win Wenders, O papa Francisco, um homem de palavra)
"Fratelli Tutti": Diante das sombras de um mundo fechado e os gritos dos pobres e fragilizados, a Fratelli Tutti parece ser a 9ª Sinfonia de Francisco; ela dá voz a muitos caminhos de esperança. A necessidade de dar voz ao sofrimento é condição do anúncio da Verdade e da reconciliação da humanidade. Essa reconciliação é possível pela solidariedade e o diálogo, sobretudo pelo diálogo entre as religiões que sabem, que somos todos irmãos e irmãs, porque somos filhos e filhas de Deus. Contra o desperdício – Viva São Francisco!
Sabe aquele momento que você está lendo a nova encíclica do santo Padre – Fratelli Tutti – e se encontra com o seu poeta brasileiro preferido? Papa Francisco citou Vinícius de Moraes: "la vita è l'arte dell'incontro, anche se tanti scontri ci sono nella vita". Sempre imaginei que o samba salvaria o mundo. Vida longa a Vinícius e a poesia brasileira!
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Em parte da Encíclica, falando sobre como diferentes culturas devem conviver, o Papa Francisco fez referência à canção "Samba da Bênção", de Vinicius de Moraes:
"A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro na vida".
O presidente dos EUA teve febre? Teve, mas não se sabe a temperatura.
O presidente dos EUA precisou de máquina bombando oxigênio? Precisou, mas não sabemos por quanto tempo.
O presidente dos EUA teve significativamente alterados os seus batimentos cardíacos? Sim, mas não sabemos os números.
União Soviética, é você?
Normalização do Bolsonarismo, capítulo 37, papel das instituições que “estão funcionando” (parlamento e judiciário). Temporalidade alongada dos 10 meses de gestação e desenvolvimento da pandemia, duas manchetes:
20.dez.19: Alcolumbre se refere a Flávio Bolsonaro como “pessoa bem intencionada” e descarta processo no conselho de ética (é com minúsculas mesmo essa merda).
02.out.20: Alcolumbre entrega os votos para a aprovação de Kassio ao STF em troca da garantia à sua própria reeleição para a presidência do senado (mantenhamos as minúsculas).
Tudo dominado.
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Um ponto importante para quem leu Marx: ele não subestima o direito e a Justiça. Tanto que reconhece a importância da intervenção da Justiça para minorar os sofrimentos dos trabalhadores ingleses. Mas no item A Jornada de Trabalho de O Capital, há um enunciado que todo pensador sério, não vendido para o mercadejo dos direitos, deve refletir. Zwischen gleichen Rechten entscheidet die Gewalt. ou em português: Entre direitos iguais, decide a força. A lição vem de Spinoza: apenas a força pode mudar o direito natural, visto que em si mesmo tal direito é pura força bruta: "direito natural é o direito do peixe grande devorar o pequeno". Lamentos, manifestos dos fracos, ajuda divina, nada serve na luta das classes. Para adquirir poder de mudar o direito faz-se mister força. Assim foi efetivada a maior parte das revoluções democráticas modernas. No Brasil de agora, lamentamos, rimos, aplaudimos corajosos líderes, mas não nos unimos para conseguir força o bastante para impedir atrocidades. A força decide, diz Marx, que não é um Carl Schmitt avant la lettre. Aliás, Schmitt conhecia muito bem o pensamento revolucionário, do qual foi inimigo ardiloso. Pensar faz bem....sobretudo na luta das classes. Roberto Romano
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"Preciso mesmo de me tornar mais simples. Deixar-me tornar um pouco mais viva, não querer ver imediatamente resultados na minha vida. O remédio sei-o agora; preciso é encolher-me num canto, no chão e, assim encolhida, escutar o que se passa dentro de mim. A pensar nunca resolvo o assunto. Pensar é uma enorme e bela ocupação quando se estuda, mas não é a pensar que uma pessoa consegue ‘sair’ dos estados de alma difíceis. Nesse caso outra coisa tem de acontecer. É preciso saber tornar-se passivo, pôr-se à escuta e encontrar de novo o contacto com uma parcela da eternidade."
Etty Hillesum. Diário, 05/09/2020 (IHU-Notícias - 03/10/2020)
Os padrinhos.
A república acabou na cozinha da família presidencial. A escolha de Kássio foi influenciada por Flávio Bolsonaro e Ciro Nogueira, um dos líderes do centrão. Frederick Wassef também teria respaldado a indicação. Como na máfia, são os réus que escolhem seus juízes.
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Imagem: trecho da pág. 18 de "Sobre lutas e lágrimas: Uma biografia de 2018".)
Esforcei-me em "Sobre lutas e lágrimas" (Grupo Editorial Record) para reconstituir a gênese do que chamei de "a mentira que mais influenciou uma eleição no Brasil": o dito "kit gay". Ontem, em debate, Crivella apelou de novo a essa mentira. Tão cedo 2018 não vai terminar.
#SobreLutasELagrimas
Há método na loucura bolsonarista. A ditadura militar iniciada em 1964 foi marcada por dois grandes paradoxos: o primeiro, nos anos 60, no que o crítico cultural Roberto Shwarz, num ensaio clássico, chamou de “hegemonia cultural da esquerda”. Trata-se da conjuminação, no período entre a deflagração do golpe e o AI-5, da fase mais contestadora (e mais bem-sucedida internacionalmente) do Cinema Novo; da irrupção de uma geração musical excepcional em talento e em vocação subversiva (Chico, Gil, Caetano, Milton, etc.); das montagens teatrais históricas do Oficina de Zé Celso e do Arena de Boal; nas artes plásticas, da ousadia libertária de Hélio Oiticica, de Lygia Clark e Lygia Pape; da literatura, em clave talvez menor, Ferreira Gullar, o Callado de “Quarup”, José Agrippino de Paula, entre outros.
O segundo paradoxo, já nos anos 7o, é o patrocínio do regime a estruturas nacionais de Educação e de cultura. Quanto à primeira, se, num primeiro momento, a ditadura reprimira as universidades e perseguira professores, nos anos 70 ela passa a investir na criação e desenvolvimento de uma rede de universidades federais – priorizando, inicialmente, exatas e biológicas, mas logo incorporando as então chamadas “humanas”, politicamente mais “perigosas”.
Em relação à cultura, de forma similar, o regime cria uma rede de produção e distribuição de filmes (responsável por um longevo recorde histórico de público para o cinema brasileiro), editoras, gravadoras, projetos teatrais e musicais de alcance nacional.
Esse, digamos, “investimento em superestrutura” é, como tal, muito malvisto pelo olavismo e por alas mais conservadoras das Forças Armadas, ora no poder: em textos apócrifos, demonstram considerar essa exuberância cultural um dos maiores – se não o maior – erro do regime.
Talvez não venha só daí o ódio do governo Bolsonaro à Educação e à cultura, atacadas de forma inédita, mas o certo é que esta política ora vigente, somada aos esforços de cooptação ou aos ataques e tentativas de desqualificação da mídia empresarial, vai ao encontro tanto de demandas militares quanto olavistas.
O massacre da cultura e da Educação em curso, para muito além de capricho ou contingência, é, portanto, parte essencial do projeto bolsonarista. E produzirá, de brinde, gerações ainda mais ignorantes e imbecilizadas, sem bases informativas a orientar seu voto, exatamente como quer o poder de turno.
Já há até reitorias sob intervenção, mas não se vê reação minimamente à altura.
No debate entre os candidatos a prefeito do Rio, nesta semana, estranhei quando Renata Souza, do PSol, referiu-se a "todas, todos e todes".
Tratei de me informar com uma especialista nessas modernidades, a queridissima Vera Siqueira.
Ela me ensinou que "todes" são as pessoas que não são "todas", nem "todos".
Continuei intrigado.
Se "todos" se referem aos homens, e "todas" se referem às mulheres, a espécie humana estaria coberta com essas duas expressões, pensei eu.
Considerar que a orientação sexual diferente da que tem a maioria dos homens (ou das mulheres) os deixa em outro gênero (seria um terceiro?) não seria uma visão preconceituosa?
Um homem homossexual deixa, por acaso, de ser homem?
Uma mulher homossexual deixa de ser mulher?
Mesmo a doce Verinha - minha conselheira nessas modernidades - não soube me dar uma explicação.
Resultado: fiquei com a impressão de que, por trás de uma suposta modernidade, está uma visão profundamente conservadora.
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Precisamos distinguir entre ortodoxia e fundamentalismo. O período ortodoxo o protestantismo tem muito pouco a ver com o que se chama de fundamentalismo nos Estados Unidos. Refere-se, antes, à época escolástica da história protestante. Houve grandes escolásticos no protestantismo, alguns deles tão grandes como os escolásticos medievais. Entre eles destaca-se Johann Gerhard (1582-1637) que em sua obra monumental discorreu com profundidade sobre tantos problemas quanto os escolásticos medievais dos séculos treze e catorze. Obras desse fôlego nunca foram escritas pelos fundamentalistas norte-americanos. A ortodoxia protestante era construtiva. É pena que tantas vezes se confunda essa ortodoxia com fundamentalismo.
(Paul Tillich)
Ortodoxia e Denominações
"Ortodoxia" implica que uma distinção clara pode ser feita entre verdade e erro. A "ortodoxia" implica que há uma fé pura, não contaminada, um ensino correto; todas as variações disso, então, a um só tempo são "heréticas" em maior ou menor grau.
Há um problema teológico. Qual ortodoxia? Um fato simples é que não há nenhuma ortodoxia única no cristianismo moderno: o conceito de ortodoxia no cristianismo do Ocidente é muito diferente daquele predominante entre cristãos orientais; ortodoxia católica romana não é a mesma que a ortodoxia protestante, e a ortodoxia pentecostal também é alguma coisa diferente; a ortodoxia "anglo-católica" não é a ortodoxia "evangélica". Cada uma claramente entende e interpreta o conceito "ortodoxia" ao seu próprio modo. Mesmo aqueles que concordam com um único critério de ortodoxia acham a interpretação um problema. Por exemplo, os protestantes geralmente concordam que a Bíblia precisa ter um papel central e fundamental para determinar a fé e a vida (Sola Scriptura); mas a fragmentação do protestantismo demonstram que nenhuma ortodoxia protestante emergiu.
(James D. G. Dunn)
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São estes nossos irmãos que estão em situação mais vulnerável. A todos os povos indígenas a nossa solidária compaixão: #SilêncioPelaDor #quenenhumavidasejadescartada
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O carinhoso Francisco, Irmão-Gato, cujo nome eu escolhi como uma homenagem a São Francisco de Assis. Hoje, Francisco, é também o teu dia. Aqui tu estás num degrau bem acima na "Escada para o Céu" (expressão que é o título da clássica obra da literatura mística cristã de autoria de São João Clímaco, monge sírio que viveu no século VI)
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Resta um amor por nossa Terra, nossa morada, tão maltratada por pessoas que não a amam. Meu deus mora nas fontes, nos rios, nos mares, nas matas. Mora nos bichos grandes e nos bichos pequenos. Mora no vento, nas nuvens, na chuva. Eu poderia ter sido um jardineiro… Como não fui, tento fazer jardinagem como educador, ensinando às crianças, minhas amigas. o encanto pela natureza. – Rubem Alves
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‘Resta, quanto tempo? Não sei. O relógio da vida não tem ponteiros.’ – Rubem Alves. Disponível aqui.
Guignard no inferno. Brasil no lixo. Parque estadual do Itacolomy.
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Desde Chiapas, luta e compromisso
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