25 Setembro 2020
A Amazônia está mais perto de um ponto de inflexão ecológica catastrófica do que em qualquer outro momento nos últimos 100.000 anos, e a atividade humana é a causa.
A reportagem é de Adam Lowenstein, publicada por Florida Institute of Technology e reproduzida por EcoDebate, 24-09-2020. A tradução e edição são de Henrique Cortez.
Em um novo artigo publicado nos Annals of the Missouri Botanical Garden, o professor de biologia da Florida Tech, Mark Bush, descreve como a vasta floresta amazônica poderia ser substituída por savana, que é uma pastagem com poucas árvores, durante nossa vida.
As florestas tropicais dependem de alta umidade e não têm adaptação para resistir ao fogo. Bush usa pólen fóssil e carvão recuperado de sedimentos de lagos que datam de milhares de anos para rastrear mudanças na vegetação e na frequência de incêndios ao longo do tempo. Ele descobriu que os incêndios eram quase desconhecidos na Amazônia antes da chegada dos humanos.
Perturbações relativamente de pequena escala causadas pelos primeiros habitantes da Amazônia nos últimos 10.000 anos não trouxeram o sistema a um ponto de inflexão porque ele poderia se recuperar desses eventos menores. Mas os efeitos modernos do aquecimento do clima e elevado risco de seca – ambos produtos da mudança climática antropogênica – estão se combinando com o desmatamento em escala muito maior e as queimadas na Amazônia para criar as condições em que vastas áreas de floresta tropical podem fazer a transição para savana em questão de décadas.
“A imensa biodiversidade da floresta tropical está em risco de incêndio”, disse Bush.
Um dos pontos-chave do artigo, “Novos e recorrentes pontos de inflexão: a interação do fogo, mudança climática e desmatamento nos ecossistemas neotropicais”, é que embora nenhum governo individual possa controlar a mudança climática, o fogo pode ser regulado por meio de políticas. Quase todos os incêndios na Amazônia são provocados deliberadamente por pessoas e tornaram-se muito mais frequentes nos últimos dois anos, devido a alterações na política, do que na década anterior.
Os dados de Bush mostram que o ponto de inflexão provavelmente será alcançado se as temperaturas subirem mais 2 a 3 graus Fahrenheit. O aquecimento antropogênico traria essas temperaturas até o final deste século, mas o aumento das queimadas cria paisagens mais quentes, mais secas e menos sombreadas que poderiam acelerar essa transição.
“O aquecimento por si só pode induzir o ponto de inflexão em meados do século, mas se as políticas atuais que fecham os olhos para a destruição da floresta não forem interrompidas, podemos chegar ao ponto de inflexão muito mais cedo”, disse Bush.
Ele acrescentou: “Além da perda da vida selvagem, os efeitos em cascata da perda da floresta tropical amazônica alterariam as chuvas em todo o hemisfério. Este não é um problema remoto, mas de importância global e significado crítico para a segurança alimentar que deve preocupar a todos nós”.
O artigo está disponível aqui.
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Amazônia próxima do ponto de inflexão ecológica catastrófica - Instituto Humanitas Unisinos - IHU