24 Agosto 2020
O Conselho de Igrejas do Oriente Médio (MECC, a sigla em inglês) emitiu apelo internacional dirigido às igrejas e pessoas de boa vontade a se solidarizarem com o Líbano depois da explosão, no dia 4 de agosto, que destruiu parte da cidade de Beirute. Estimativas indicam que a tragédia provocou estragos que superam os 5 bilhões de dólares, montante que está além da capacidade do governo libanês e de ONGs de reuni-los no momento.
A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
A explosão de armazém do porto de Beirute contendo toneladas de nitrato de amônia causou danos generalizados num raio de 20 Km do local da explosão. Silos que armazenavam cerca de 85% dos grãos do país, hospitais, escolas e residências foram atingidos ou estão completamente destruídos. Pelo menos dez igrejas ficaram demolidas e três hospitais ficaram danificados. Escolas vinculadas à igreja em Gemmayzeh, Mar Mikhael e Achrafieh estão praticamente sem condições de iniciar o próximo período letivo, em setembro.
A destruição provocada pela explosão agravou a crise que o Líbano enfrenta: hiperinflação, desvalorização da libra libanesa e desemprego, num país que hospeda grande número de refugiados. A transmissão do covid-19 está sobrecarregando o sistema de saúde federal.
“O Líbano passou por muito: guerras, crises e catástrofes. Mas o que aconteceu em 4 de agosto no porto de Beirute foi além de qualquer coisa que os libaneses poderiam ter imaginado. A explosão reduziu grande parte da capital a escombros e fez com que todos os libaneses perdessem a esperança de uma vida melhor”, diz o apelo do MECC.
Nas várias crises enfrentadas no Líbano, as igrejas procuraram aliviar o fardo das pessoas, ficando ao lado das mais vulneráveis por meio de serviços diaconais. Hoje, boa parte desse apoio não é possível por causa da destruição de suas instalações educacionais e de saúde.
Ainda assim, numa resposta rápida, o MECC apoiará famílias vulneráveis distribuindo kits de higiene, cozinha, alimentos, medicamentos e acessórios de segurança de proteção ao covid-19. Também ofertará ferramentas para voluntários que ajudarão na limpeza de escombros em igrejas, hospitais e ruas.
A Compassion Protestant Society (CPS), mantida pelo Sínodo Evangélico Nacional da Síria e do Líbano, lançou a campanha “Esperança Beirute” que, numa primeira fase, logo após a explosão, prestou atendimento médico. Seis mil pessoas ficaram feridas que tiveram ser levadas a hospitais fora da capital, uma vez que as casas de saúde da cidade ficaram sem condições de prestar atendimento médico.
A outra tarefa urgente foi a distribuição de alimentos “às pessoas que estavam sentadas em frente aos escombros e ver se precisavam de remédios”, relatou o coordenador da CPS, George Ziadeh, em entrevista para a Igreja Evangélica da Renânia, Alemanha, que se aliou ao apelo por doações para as vítimas da explosão.
Mais de 300 mil pessoas perderam suas casas ou apartamentos em Beirute. Até outubro, início do inverno no país, a CPS quer construir casas para 1 mil famílias. “Será um grande esforço, também financeiro”, frisou Ziadeh. Mas ele está esperançoso, assim como a campanha que sua organização sustenta.
Ziadeh participou de encontro com representantes de outras 60 organizações de diferentes comunidades religiosas e origens, que estão trabalhando juntas. “Não devemos procurar as diferenças agora, devemos ajudar juntos, trabalhar juntos. Entre outras coisas, um bairro cristão pobre foi seriamente afetado pela explosão. Ajudantes muçulmanos também estão trabalhando lá”, relatou o líder da organização humanitária.
Ajudantes de todas as organizações são vistos em todas as partes da cidade. “A ajuda humanitária que atualmente pode ser vista nas ruas de Beirute é impressionante”, relatou.
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Igrejas do Líbano apelam à ajuda internacional - Instituto Humanitas Unisinos - IHU